Nomeado por ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e endossado pelos principais aliados do prefeito Ricardo Nunes (MDB)O ex-comandante da Rota da Polícia Militar de São Paulo Ricardo Mello Araújo foi anunciado nesta sexta-feira (21) como pré-candidato a vice-prefeito na disputa pela reeleição de Nunes.
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Após pressão da ala radical de Bolsonaro, especialmente do ex-presidente, Mello Araújo foi indicado como companheiro de chapa depois que o prefeito — que resistiu o máximo que pôde, por medo de um companheiro de chapa radical — se reuniu nos últimos dias com os partidos que fazem formar sua coalizão.
Aos 53 anos, o indicado disse ao Valor tendo aceitado a missão contra a vontade da família: “Se der certo [a candidatura com Nunes], é uma missão divina. Se der errado, é uma libertação.”
Mello Araújo fez carreira na Polícia Militar, sendo a terceira geração de sua família na instituição. Seu avô serviu na Força Pública de São Paulo; Seu pai estava no Batalhão de Choque da PM. Ingressou na PM aos 14 anos e comandou as Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota), o batalhão de elite da instituição. Há um ano, um dos dois filhos do coronel da reserva ingressou na Academia Barro Branco, responsável pela formação dos oficiais da Polícia Militar de São Paulo.
O coronel reformado tornou-se um apoiador convicto de Bolsonaro nas eleições de 2018, quando conheceu Bolsonaro. Certa vez, quando ainda era comandante da Rota, ele disse em entrevista que votaria para a Presidência do então deputado federal Jair Bolsonaro, atitude vetada para um PM da ativa, mas não foi repreendido pelo gesto.
Caso sua candidatura à vice-presidência de Nunes seja confirmada pela Justiça Eleitoral após as convenções partidárias, entre o final de julho e o início de agosto, Mello Araújo será mais um ex-policial que se aventurará na política — eleições municipais de outubro será o primeiro que ele irá competir.
“Conheço ele desde menino, trabalhei com o pai dele. Sua nomeação causou surpresa e espanto porque ele não é político”, disse o deputado federal Coronel Telhada (PP-SP)também um ex-PM.
“O coronel Mellinho não é uma pessoa persuasiva, é alguém que gosta de impor as coisas, como um bom policial. Mas o facto de ser linha-dura pode ajudar Ricardo Nunes”, destacou Telhada.
O atual secretário de Segurança Pública do governo de São Paulo, Guilherme Derriteque também é ex-PM e trabalhou na Rota (como membro, não como comandante), já disse que Mello Araújo foi uma de suas inspirações na polícia.
O indicado pelo prefeito de São Paulo é católico e se declara contra o uso de câmeras corporais em uniformes, tema atualmente em debate nos níveis estadual e federal. Na eleição de 2022 perdida por Bolsonaro para Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Mello Araújo não hesitou ao pedir intervenção militar contra a posse do petista. Até novembro daquele ano, quando já havia terminado a eleição, ele dizia esperar uma intervenção divina — e militar — para que o candidato eleito não assumisse a Presidência.
Afiliado à PTpartido que atualmente tem a maior bancada na Câmara dos Deputados, o que dará a Ricardo Nunes bastante tempo de propaganda eleitoral gratuita, Ricardo Mello Araújo foi presidente da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp), empresa pública federal que é a maior distribuidora de produtos hortícolas da América Latina.
Mello Araújo repete frequentemente em entrevistas que levou táticas policiais para sua gestão na Ceagesp, empresa que comandou a convite de Bolsonaro, entre outubro de 2020 e dezembro de 2022. O coronel reformado disse que revisou contratos, identificou irregularidades e afirmou que zerou a dívida da empresa . Durante sua gestão, chegou a ordenar que titulares de permissão e funcionários usassem roupas com as cores da bandeira brasileira durante visita de Bolsonaro, segundo reportagem do portal g1. Na época, justificou-se dizendo que se tratava apenas de um convite aos funcionários.
O coronel reformado foi convidado para ser presidente da Ceagesp sem saber nada da empresa e do setor, como ele mesmo diz. “Eu joguei no Google [sobre a companhia] e só vi coisas relacionadas com corrupção, roubo, tráfico, prostituição, escândalos, jogos de azar. É por isso [que Bolsonaro me convidou]. eu o chamei [presidente] e aceitei o desafio”, disse em entrevista ao podcast PodPow, em abril de 2022.
Ele e Bolsonaro se conheceram durante a campanha de 2018, depois que Mello Araújo respondeu a um jornalista, quando ainda estava no comando da Rota, que votaria no então deputado federal para presidente. “Passaram alguns dias, o então candidato Jair Bolsonaro foi à Rota e me agradeceu pela entrevista. Ele disse que me respeitava, porque nem qualquer um, na ativa, faria uma declaração como essa”, disse ao mesmo PodPow.
‘Tolerância zero’ e contra câmeras corporais
Ele é contra o uso de câmeras corporais nos uniformes, disse, porque o equipamento compromete o desempenho dos PMs. Mello Araújo afirmou que os policiais deixaram de receber denúncias feitas por moradores durante patrulhamento nas comunidades porque as pessoas passaram a temer retaliações dos criminosos. “Isso mesmo, com essa política errada que foi adotada você perde [contato com moradores]. Hoje a produtividade da Rota é quase zero”, afirmou.
Na época, Mello Araújo disse que tinha a promessa de Tarcísio de Freitas (Republicanos)governador recentemente eleito, para acabar com o programa Olho Vivo, implementado por João Doria (ex-PSDB). Segundo o coronel, a câmera “impossibilita” a atuação policial e faz com que ele se sinta vigiado.
Apesar das críticas que fez na campanha de 2022, Tarcísio manteve o programa e em junho o governo realizou um novo leilão para comprar 12 mil novas câmeras. O novo modelo desagradou entidades civis e pesquisadores, mas o programa não foi descontinuado. Estudos indicam que, após o uso das câmeras, houve redução da letalidade policial e do número de mortes entre os próprios policiais.
Em uma das entrevistas, o coronel da reserva atribui o aumento do crime organizado no Estado a políticas públicas equivocadas. Ele não citou exemplos, mas sugeriu que houve omissão do PSDB, partido que governou São Paulo por mais tempo —28 anos consecutivos.
O único elogio à gestão Tucana foi para Antonio Ferreira Pintoex-secretário de Administração Penitenciária e Segurança Pública nos governos Cláudio Lembo, José Serra Isso é Geraldo Alckmina quem serviu como ajudante de campo.
Mello Araújo também elogiou a flexibilidade do porte e posse de armas promovido durante o governo Bolsonaro. Ele é um defensor “tolerância zero” contra o crime e diz que a letalidade policial (quando há mortes de civis durante uma operação oficial) não “depende” do policial, mas de “quem está do outro lado”.
Apesar de se declarar católico, ele elogia a evangélicos para “consertar” criminosos, como disse certa vez em entrevista à revista “Oeste”. O eleitorado evangélico é um grupo relevante na base eleitoral de Bolsonaro e que Ricardo Nunes também tenta atrair.
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