O projeto de lei que autoriza o funcionamento de cassinos e bingos no Brasil, legaliza os jogos de azar e permite apostas em corridas de cavalos aguarda apreciação pelo Plenário do Senado. Os investimentos estimados após a aprovação do projeto poderão chegar a R$ 100 bilhões, com a geração de cerca de 1,5 milhão de empregos diretos e indiretos. A receita potencial por ano seria de R$ 22 bilhões, dividida entre estados, municípios e União.
Os números foram apresentados pelo relator do projeto, senador Irajá (PSD-TO), que acolheu sugestões de alterações e propostas de ajustes ao projeto PL 2.234/2022. O texto original foi apresentado na Câmara em 1991 e a matéria, que tramitou por mais de um ano na Comissão de Justiça e Cidadania (CCJ), foi aprovada por aquela comissão na quarta-feira (19), com 14 votos a favor e 12 contra. .
Segundo o relator, os diversos tipos de jogos atualmente considerados ilegais teriam gerado algo entre R$ 14,3 bilhões e R$ 31,5 bilhões em 2023. A estimativa considerou dados de 2014 tendo como base a atualização da inflação.
“Mesmo como contravenção, o jogo já constitui uma atividade econômica relevante e, como tal, deveria ser objeto de regulamentação por parte do Estado”, argumenta o senador.
Segundo o relator, ao estabelecer limites quantitativos numéricos para estabelecimentos comerciais que podem oferecer cassinos, bingos e Jogo do Bicho, o projeto “facilita a fiscalização do Ministério da Fazenda e permite maior controle do Estado sobre possíveis externalidades negativas”.
Serão criados dois novos impostos que deverão ser pagos pelos operadores de jogos e apostas licenciados: a Taxa de Fiscalização de Jogos e Apostas (Tafija) e a Contribuição de Intervenção Económica incidente sobre a comercialização de jogos e apostas (Cide-Jogos). As casas de apostas estarão isentas de outros impostos e contribuições.
Arrecadada ao Tesouro Nacional, a Tafija deverá ser paga trimestralmente, no valor de R$ 600 mil para os cassinos; R$ 300 mil para casas de jogos online; e R$ 20 mil para casas de bingo, operadoras de Jogo do Bicho e entidades de turismo.
O Cide-Jogos terá alíquota de até 17% (que poderá ser reduzida a critério do Poder Executivo) para todas as entidades que operam jogos e apostas, com foco na receita bruta — ou seja, a diferença entre o total de apostas feitas e prêmios pagos.
Do valor arrecadado, 16% serão destinados ao Fundo de Participação dos Estados, 16% ao Fundo de Participação dos Municípios (FPM), 12% à Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur), 10% a ações na área de esporte e 10% para o Fundo Nacional de Cultura.
O restante será utilizado em ações de prevenção ao vício em jogos, em saúde, segurança pública, proteção animal, financiamento estudantil, ações em áreas impactadas por desastres naturais e no Fundo Nacional da Criança e do Adolescente.
Os prêmios de valor igual ou superior a R$ 10 mil recebidos pelos apostadores pagarão 20% de Imposto de Renda, já retido na fonte. O cálculo considerará a diferença entre o prêmio recebido e as apostas feitas pelo mesmo apostador nas últimas 24 horas.
Projeto estabelece regras específicas para diferentes tipos de jogos
Pelo texto aprovado, será autorizada a instalação de cassinos em centros turísticos ou complexos integrados de lazer, ou seja, resorts e hotéis de alto padrão com no mínimo 100 quartos, além de restaurantes, bares e locais para reuniões e eventos culturais. Os casinos também poderão ser instalados em embarcações marítimas (com limite de dez, em todo o país) e em navios fluviais.
O jogo de bingo pode ser explorado permanentemente em locais específicos, tanto em formato de cartela quanto em formato eletrônico e de vídeo bingo. Poderá haver uma casa de bingo em cada município, podendo as cidades maiores ter um estabelecimento para cada 150 mil habitantes.
Os municípios e o Distrito Federal serão autorizados a realizar jogos de bingo em estádios com capacidade mínima de 15 mil torcedores, desde que não seja ocasional.
No caso do Jogo do Bicho, em cada estado e no Distrito Federal, uma pessoa jurídica para cada 700 mil habitantes poderá ser credenciada para operar o Jogo do Bicho. Em Roraima (único estado com população abaixo desse limite, segundo o Censo 2022) será permitida a instalação de uma operadora de Jogo do Bicho.
As pessoas jurídicas poderão ser autorizadas a operar o Jogo do Bicho por 25 anos, renováveis por igual período.
As apostas em corridas de cavalos podem ser realizadas por entidades de turismo credenciadas pelo Ministério da Agricultura. Estas mesmas entidades poderão também estar credenciadas para explorar, em simultâneo, jogos de bingo e vídeo bingo, desde que no mesmo local onde se realizem as competições de turfe.
As máquinas de jogos e apostas deverão ser exploradas na proporção de 40% para a locadora e 60% para o estabelecimento de bingo ou cassino, sobre a receita bruta, sendo esta a diferença entre o total das apostas realizadas e os prêmios pagos.
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