Organização especializada na criação de polos emergenciais para desastres climáticos, o Movimento União BR vai lançar, nesta segunda-feira, 24, uma iniciativa pioneira: a construção de 500 casas em tempo recorde de três meses para os desabrigados pelas enchentes que assolaram o Rio Grande do Sul. Sul no início de maio. A ação será uma “aliança de forças” entre o poder público, o setor privado e a sociedade civil, conforme afirma a própria instituição.
Atualmente, mais de 10 mil pessoas estão desabrigadas em 55 municípios do Estado, segundo levantamento recente da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social.
As casas serão construídas com uma técnica inovadora, chamada “steel frame”, em que não são utilizados tijolos e concreto, sendo substituídos por uma estrutura de aço galvanizado revestida com placas prontas para serem pintadas e revestidas. É uma técnica 100% ESG, que não promove desperdício e não deixa o ambiente com umidade ou mofo, segundo os responsáveis pela construção.
Ao custo de R$ 100 mil cada, as unidades habitacionais serão construídas por cerca de 10 mil mulheres que vivem em abrigos públicos. Treiná-los e contratá-los faz parte do projeto.
“É um jogo de xadrez: a Steelcorp Academy oferece treinamento, a Ulbra oferece salas de aula e a ONG oferece seleção e acompanhamento de mulheres. Nosso objetivo é gerar renda e mais dignidade para eles”, afirma Tatiana Monteiro de Barros, fundadora e presidente da União BR.
As obras ficarão a cargo da Steelcorp, que é um dos maiores players deste mercado. Além disso, a empresa, em conjunto com a ONG Instituto Mulher em Construção, é responsável pela capacitação de seus colaboradores.
“Trabalhamos com construção industrializada e, através do nosso método de entrega, conseguimos ajudar a reconstruir o Rio Grande do Sul com muita rapidez”, afirma Roberto Justus, CEO da Steelcorp.
Grande parte (40%) dos acabamentos das novas residências será feita dentro de uma fábrica provisória que será construída em julho no campus da Universidade Luterana do Brasil (Ulbra), em Porto Alegre.
Depois de prontas, as peças pré-fabricadas serão montadas no terreno designado para montagem. A União BR poderá utilizar o terreno da instituição de ensino por até dois anos. As casas, com dois quartos, terão cerca de 44 m2. O objetivo, segundo Tatiana, é entregar o imóvel mobiliado.
Coube ao governo do Estado escolher e doar o terreno onde serão construídas as futuras edificações. Além disso, o poder público indicará as famílias beneficiadas, que serão definidas pelos municípios, com base em registros de necessidades coordenados pela assistência social local.
“As parcerias com o setor privado são fundamentais em todas as frentes. Não seria diferente em um dos assuntos mais delicados, a questão da habitação, que exige resposta rápida por ser uma questão ligada à dignidade das pessoas”, afirmou o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), via imprensa escritório.
Até o momento, 13 empresas abraçaram a causa. Um dos motivos da colaboração com a União BR, segundo o Itaú Unibanco, é a necessidade da colaboração e de recursos de todos para reconstruir o que foi destruído pelas fortes chuvas.
“Ter um lugar para morar é algo fundamental na vida de qualquer família, e essa questão certamente é mais que urgente neste momento, por isso aderimos a essa importante iniciativa do Movimento União BR”, afirma Luciana Nicola, diretora de Institucional Relações e Sustentabilidade do Itaú Unibanco.
Para esta iniciativa, o Itaú Unibanco destinou R$ 5 milhões. Este ano, o banco ainda não tem o valor total destinado ao investimento social privado. Porém, segundo a assessoria, deverá ser semelhante ao que foi destinado no ano passado: R$ 824 milhões.
Além do aporte das empresas, a União BR, segundo Tatiana, abrirá, junto com o lançamento do projeto, um financiamento coletivo em plataforma digital, para que pessoas físicas também possam ajudar a iniciativa.
Uma das apostas é a exposição do protótipo das residências no estacionamento das lojas Leroy Merlin na Marginal Tietê, em São Paulo, e em São Leopoldo, no Rio Grande do Sul. “Essa é uma forma de tornar mais tangíveis as casas que serão doadas. Dessa forma, as pessoas podem se sentir mais confiantes em contribuir com a iniciativa”, afirma Tatiana.
“É nosso dever estar presente nestes momentos de emergência e também participar ativamente da reconstrução e desenvolvimento do local onde atuamos, contribuindo de forma significativa e entregando ações que gerem valor para todos”, afirma o diretor da Impacto Positivo e Comunicação Corporativa na Leroy Merlin Brasil, Andressa Borba.
Por entender que o processo de construção das casas está em andamento, a Leroy Merlin decidiu não tornar público o total dos investimentos. Através do Movimento União BR, a empresa está doando materiais de construção. Na fase inicial da crise no Estado, a empresa já havia doado R$ 6 milhões em doações e ajuda direta aos funcionários.
Também colaboraram com a construção dessas casas as seguintes empresas: Itaúsa /Instituto Itaúsa; Vibra; Vedacito; Instituto Leroy Merlin Obramax; Siemens; Astra; América Latina; Japão; Eliane; Biacongres e Instituto Oliva.
Criado em 2020, em meio às interrupções da pandemia da Covid-19, o Movimento União BR, na época, colaborou na doação de usinas e miniusinas ao Amazonas e no apetrechamento de hospitais públicos com insumos e equipamentos. A organização ainda ajudou nas instalações e adequações do maior centro de reabilitação pós-covid da América Latina, no Rio de Janeiro.
Desde a sua fundação, a organização arrecadou mais de R$ 36 milhões e apoiou cerca de 28 milhões de pessoas e 3 mil ONGs.
Desde setembro de 2023, quando o Rio Grande do Sul foi atingido pelas enchentes, o Movimento União BR já atuava lá, nas áreas de educação, saúde, assistência social e habitação. “Já estávamos no Rio Grande do Sul entregando as últimas escolas destruídas pelas enchentes de setembro. quando esta tragédia começou. Por isso, ampliamos nossa rede na localidade em três agendas diárias: assistência, apoio a ONGs e reconstrução, que é onde entra a doação domiciliar”, afirma Tatiana.
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