A logística verde, também conhecida como logística sustentável ou ecologística, tornou-se uma preocupação fundamental para empresas que possuem uma cadeia logística em suas operações, seja ela interna ou terceirizada. Um estudo de 2021 realizado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) revelou que a combustão gerada pela queima de combustíveis fósseis é um dos principais fatores que contribuem para a emissão de gases de efeito estufa.
Desta forma, dada a preocupação com as externalidades geradas a partir das suas operações, diversas empresas têm dedicado esforços para adotar práticas sustentáveis e maior responsabilidade na utilização dos recursos naturais, olhando para a logística como um ponto focal para reduzir as emissões de CO2, tendo em conta que a maioria as emissões ocorrem durante o transporte, seja durante a chegada das matérias-primas ou na distribuição dos produtos.
A gestão eficiente e sustentável dos processos logísticos passa pela redução do impacto ambiental através da otimização de rotas, da utilização de combustíveis não poluentes, de veículos elétricos e da implementação de tecnologias ecoeficientes.
Tais iniciativas contribuem para o redução da pegada de carbono, conservação dos recursos naturais, redução da poluição e, mitigar o trânsito nas grandes capitais. Dessa forma, estão sendo o foco das empresas que desejam reduzir suas emissões, já que grande parte delas ocorre na cadeia de valor.
Do ponto de vista económico, a otimização das frotas e a utilização eficiente dos combustíveis contribuem para a redução de custos e riscos na cadeia. Além disso, conscientização sobre logística verde estimula inovação em tecnologias e processosbeneficiando o meio ambiente e construindo uma reputação positiva para empresas comprometidas com a responsabilidade ambiental.
Estratégias para uma logística verde e eficiente
O processo de melhoria de uma cadeia logística verde engloba uma série de iniciativas e estratégias que, quando adotadas, oferecem impacto direto na mitigação de impactos negativos. Um exemplo deles é o otimização de rotaque visa minimizar o impacto ambiental e urbano das operações de transporte através do planejamento e organização de rotas, para que o máximo número de destinos seja alcançado em uma mesma rota.
Esta é uma abordagem muito eficiente que contribui diretamente para a redução da emissão de gases poluentes. Sua aplicação envolve a utilização da inteligência operacional das empresas, por meio da adaptação de processos, e o auxílio de softwares especializados no cálculo de rotas mais eficientes, considerando variáveis como trânsito, condições climáticas e restrições de entrega. Além disso, agrupar as remessas e utilizar toda a capacidade dos veículos são essenciais para esta prática.
Ao considerar o impacto climático dos modos de transporte, torna-se claro que algumas opções, como o transporte ferroviário, oferecem vantagens substanciais. Os comboios, em comparação com outros meios de transporte, emitem menos gases com efeito de estufa e consomem menos recursos naturais. O foco em modais mais sustentáveis não só contribui para a preservação do meio ambiente, mas também promove a eficiência operacional, reduzindo custos no longo prazo.
Pontos de distribuição em locais estratégicos e a implementação de sistemas de cross-docking, para reduzir o armazenamento e o tempo de viagem, são também medidas fundamentais para a otimização das rotas. Estas iniciativas, aliadas a uma frota sustentávelisto é, com veículos eléctricos, híbridos ou movidos a energias renováveis, visam reduzir a pegada de carbono gerada pelas operações de transporte.
Com o avanço das mudanças climáticas e o uso excessivo de recursos naturais, a adoção de práticas sustentáveis pelas empresas tem sido tratada como estratégia de vantagem competitiva e, cada vez menos, comomedidas de redução de custos.
Além disso, a integração da tecnologia através da implementação de sistemas de informação que permitem a monitorização em tempo real das operações é essencial para a eficiência e sustentabilidade das cadeias de abastecimento. Usando sensores instalados em veículos para monitorar o desempenho do motor, padrões de condução e eficiência de combustível em tempo real, e monitorando algoritmos de análise preditiva para prever padrões de demanda e ajudar a otimizar estoques, reduzir a necessidade de movimentação excessiva de mercadorias e, consequentemente, produzir menos emissões e aumentar a eficiência do uso de combustível.
Desafios e benefícios da Logística Verde
Os desafios para a implementação de práticas sustentáveis na cadeia de abastecimento e transporte estão relacionados com a capacidade de equilibrar as necessidades comerciais com a responsabilidade ambiental. Com os custos ainda elevados para aquisição de veículos elétricos e integração tecnológica em larga escala, existe um desafio financeiro para as empresas executarem de forma rápida e massiva esta transição, especialmente em tempos desafiadores no que diz respeito ao contexto macroeconómico.
Outra barreira encontrada em relação à expansão dos fluxos logísticos verdes é a falta de infraestrutura de abastecimento, como postos de recarga para veículos elétricos, principalmente em áreas mais afastadas dos centros urbanos.
Além disso, após todas as instalações e adaptações realizadas, é de extrema importância que as empresas desenvolvam métricas para monitorar as reduções de impacto ambiental, para que as práticas sejam cada vez mais aprimoradas e alinhadas aos objetivos globais de desenvolvimento sustentável.
O que pode ajudar a superar essas barreiras é a legislação nacional no Brasil sobre emissões de escopo 3 que incluem as cadeias de valor das empresas. As metas de redução de emissões de âmbito 3, juntamente com um mercado de carbono funcional, promoveriam incentivos para fazer os investimentos necessários em tecnologia e infra-estruturas por parte do sector privado.
O Brasil tem sido reconhecido como destaque no que diz respeito à pluralidade de fontes de energia renováveis, sendo líder mundial na produção de biocombustíveis, como o etanol de cana-de-açúcar, o que indica potencial para adoção de combustíveis alternativos nos transportes. Além disso, o GNV também é uma alternativa importante para uma economia de baixo carbono, pois é uma tecnologia de motores já dominada, com combustível disponível a preços acessíveis e menos poluente que o diesel, sendo excelente no segmento de veículos pesados, como ônibus e caminhões. Em termos de fontes de energia e biocombustíveis, o Brasil é internacionalmente considerado uma “Casa de Energia Verde”.
No cenário global, pelo contrário, a maior parte da procura de energia é satisfeita por combustíveis fósseis (cerca de 75%). Contudo, os países que dependem destas fontes destacam-se por possuírem infraestruturas mais eficientes, incluindo sistemas ferroviários e portos modernos, que podem ser otimizados para operações logísticas sustentáveis. Além disso, a sensibilização do público para as questões ambientais tem vindo a aumentar, o que influencia a procura dos consumidores por produtos e serviços sustentáveis.
À medida que as alterações climáticas continuam a avançar, as empresas devem adotar práticas logísticas sustentáveis para minimizar o seu impacto ambiental, a fim de garantir o equilíbrio dos ecossistemas. Ao implementar estratégias de logística verde, as empresas, além de proporcionarem benefícios ecológicos, desfrutam de recompensas financeiras e fortalecem sua posição no mercado global por meio da vantagem competitiva gerada pela adoção de medidas de responsabilidade socioambiental.
Heiko Spitzeck É professor de sustentabilidade corporativa e Diretor do Núcleo de Sustentabilidade da Fundação Dom Cabral. Atua em programas de pós-graduação como o programa de desenvolvimento de conselheiros e CEO Legacy. Possui doutorado em Ética Empresarial pela Universidade de St. Gallen (Suíça) e mestrado em Administração pela Universidade de Bamberg (Alemanha). É membro do Comitê Brasileiro do Pacto Global. Foi consultor nas áreas de responsabilidade corporativa e sustentabilidade na Tripos Consulting (Reino Unido), diretor de assuntos internacionais e presidente da Seção St. Gallen da oikos International (Suíça), consultor em comunicações e alta tecnologia na Accenture (Alemanha) e cofundador, responsável pelo planejamento de negócios, gerente de qualidade e consultor de TI na I-masco GmbH (Alemanha).
Felipe Piva Possui dez anos de experiência como consultor de negócios, em diversos segmentos, como financeiro, varejo, educação e principalmente empresas adquiridas por fundos de private equity. Ingressou na Allied em 2017 como Gerente Executivo de S&OP e Order Management e atualmente ocupa o cargo de Chief Operating Officer (COO) da Allied Tecnologia e Head da Trocafy. O executivo é formado em Engenharia pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), MBA Executivo em Finanças pelo Instituto de Ensino e Pesquisa (INSPER) e especialização pelo Programa de Desenvolvimento Gerencial (PMD) do IESE.
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