Venezuelanos vão às urnas, mas é grande incerteza sobre resultado | Mundo

Marlyn Hernández, chefe do maior centro de votação do país, na escola secundária Andrés Bello, no centro de Caracas, disse que cerca de 50% das 11.493 pessoas registadas naquele local votaram até às 17h20, hora local. Este número está de acordo com as estimativas divulgadas pela campanha da oposição, que indicavam que pouco menos de 55% das pessoas votaram em todo o país.

Os locais de votação fecharam as portas às 19h (horário de Brasília), mas alguns locais de votação ampliaram o horário de funcionamento para que todos na fila pudessem votar. Os primeiros resultados eram esperados para as 23h (horário de Brasília), mas o resultado final pode levar dias.

Após o fechamento das urnas, o Ministério Público venezuelano informou que realizará entrevista coletiva nesta segunda-feira (29), às 19h (horário de Brasília), para informar sobre a eleição presidencial.

O procurador-geral da Venezuela, Tarek Saab, disse à Reuters num comunicado à imprensa que não previa violência e que, com exceção de alguns incidentes isolados, a votação foi pacífica.

Em Caracas, os eleitores formaram filas muito antes da abertura das urnas. Muitos haviam chegado na noite anterior. No final da tarde, alguns já haviam se dispersado, sendo o processo mais eficiente do que muitos esperavam.

No entanto, noutras partes do país, testemunhas da oposição citaram dezenas de incidentes de detenção ou outras formas de intimidação, segundo a Bloomberg. Em algumas cidades, os conselhos de fiscalização eleitoral foram unificados sem aviso prévio, causando lentidão no processo de votação na tentativa, segundo a oposição, de desencorajar as pessoas que esperavam na fila sob o sol quente.

A estrela desta eleição foi a líder da oposição María Corina Machado, apesar de estar proibida de exercer cargos públicos, o que a obrigou a passar o bastão ao candidato Edmundo González, um ex-diplomata de 74 anos conhecido pelo seu temperamento calmo. González recebeu apoio até de alguns antigos apoiantes do partido no poder, mas a oposição e os observadores levantaram questões antes da votação sobre se seria justa, dizendo que as decisões das autoridades eleitorais e as detenções de funcionários da oposição visavam criar obstáculos.

Maduro — cuja reeleição em 2018 é considerada fraudulenta pelos Estados Unidos, entre outros — afirmou que a Venezuela tem o sistema eleitoral mais transparente do mundo e alertou para um “banho de sangue” caso perca.

Pesquisas de opinião independentes deram ao principal candidato da oposição, Edmundo González, uma vantagem de 20 a 30 pontos percentuais, enquanto outros institutos ligados ao governo apontavam a reeleição de Maduro para um terceiro mandato como presidente.

A presença de pequenas missões do Centro Carter e da ONU, centenas de observadores locais, bem como uma rede de cerca de 30.000 testemunhas voluntárias, pode desempenhar um papel na mitigação do risco de possíveis manipulações. Perto das eleições, a Venezuela retirou o convite ao grupo de observadores mais robusto da União Europeia.