Você fundos multimercadosque normalmente combinam estratégias de renda fixa com investimento em renda variável, estão vivenciando uma sangria. Com a baixa rentabilidade nos últimos anos, os acionistas estão abandonando esses produtos e migrando para a renda fixa pura, o que lhes dá acesso a juros elevados e com menos riscos. O momento levanta dúvidas sobre o futuro desta classe de ativos como alternativa para investidores individuais, mas, entretanto, alguns fundos, por um lado, ainda apresentam retornos muito bons este ano.
Os fundos multimercados são investimentos de maior risco, recomendados para prazos mais longos, como pelo menos três anos. Os profissionais que administram esses fundos podem apostar nas altas e baixas de diversos investimentos, como ações, commodities, taxas de juros e moedas no exterior e no Brasil. A maioria dos gestores se baseia em cenários macroeconômicos para se posicionar, mas muitos vêm errando em suas expectativas em relação às taxas de juros no exterior e no Brasil desde a pandemia. Com isso, a maior parte dos fundos decepciona em relação ao CDI, que costuma ser seu indicador de referência, e fica preso à taxa básica da economia, a Selic.
Mais recentemente, a visão mudou. “Começamos a ver sinais de atividade econômica mais fraca nos EUA, validados pela desaceleração da inflação, e começamos a pensar que era muito possível que pudéssemos ver uma redução nas taxas de juros este ano”, diz Landi. “É muito provável que a redução seja em setembro, mas estamos céticos quanto à extensão desses cortes”, acrescenta. Assim, na carteira o gestor passou a apostar que ali os juros cairão moderadamente. Em outros movimentos, ela também comprou ações americanas e brasileiras, dólar, peso mexicano e ouro.
Não bastasse o decepcionante desempenho absoluto e relativo, os multimercados ainda enfrentam concorrência um tanto desleal com títulos de renda fixa isentos de Imposto de Renda, como LCAs e LCIs, uma vez que estão sujeitos à cobrança semestral de IR. Isso explica porque os acionistas resgataram R$ 128 bilhões desses produtos no ano passado e outros R$ 81 bilhões no primeiro semestre deste ano. O prejuízo foi de mais de R$ 200 bilhões em 18 meses.
Mas mesmo neste momento de crise há exceções. O gestor do fundo Dália Capitalpor exemplo, entregou uma remuneração de 18% no primeiro semestre, enquanto Adão Capital alcançou a façanha de 11% nos primeiros seis meses do ano. Já o Ativo Kadima e a Capital da Armadura quase chegaram a 9% nesse intervalo. Esses retornos são muito grandes mesmo se comparados ao CDI, que ficou em torno de 5%.
Fundos multimercados mais rentáveis no primeiro semestre de 2024
fundo de hedge | Retorno no primeiro semestre, em % | Retorno nos últimos 12 meses, em % | Risco | Patrimônio líquido, em R$ | Acionistas |
Dahlia Alocação Global FIC FIM | 18h27 | 24h34 | 9.19 | 135 milhões | 1,8 mil |
Adam Macro II FIM DA FIC | 11.28 | 12.11 | 5,95 | 58 milhões | 313 |
Kadima Alto VOL FIM | 8,84 | 6,59 | 8.11 | 148 milhões | 260 |
Machado de Armadura FIC FIM | 8,72 | 14.22 | 5.31 | 438 milhões | 3,3 mil |
Colheita Maxwell Macro FIC FIM | 7.13 | 11h39 | 3h00 | 137 milhões | 1,6 mil |
ARX Macro FIC FIM | 6,53 | 11.07 | 9.14 | 94 milhões | 3,8 mil |
FIM DA FIC Kadima II | 6h00 | 6,83 | 4,77 | 76 milhões | 4,3 mil |
NU Seleção Cuidado FIC END | 5,37 | 12.57 | 0,64 | 141 milhões | 427,8 mil |
AZ Quest Baixo Vol END | 5.22 | 12.17 | 0,88 | 1,6 bilhão | 25,2 mil |
Esparta Dinâmica FIC FIM | 4,96 | 11.12 | 0,49 | 104 milhões | 155 |
CDI, o indicador de referência | 5.22 | 11.63 |
Esses fundos citados lideraram o ranking dos melhores fundos multimercados do primeiro semestre, segundo pesquisa da Marcelo d’Agostoconsultor financeiro responsável por Guia de Fundos Valorcom base em dados da plataforma Estrela da Manhã. Os recursos incluídos na análise estão efetivamente à disposição dos cotistas em corretoras e bancos e possuem no mínimo R$ 50 milhões em patrimônio e 100 cotistas.
Embora o ranking se refira aos últimos seis meses, não significa necessariamente que estes sejam os melhores produtos para você investir agora. Especialistas aconselham analisar pelo menos três anos de remuneração e a qualidade do gestor antes de escolher onde investir. Este ranking, portanto, é meramente informativo e não é uma recomendação.
A expectativa dos gestores é que, com os juros mantidos em 10,5% ao ano, esse cenário de crise dos fundos multimercados continue no segundo semestre deste ano, mas a maré vai virar em algum momento e ninguém sabe quando será.
“Os cenários são cíclicos, principalmente no Brasil. Com o tempo, as janelas para a indústria de fundos melhoram e os investidores retornam”, afirma José Rocha, gestor da Dália Capitaldono do fundo multimercado que mais rendeu no último semestre.
“Nos últimos três anos houve uma pandemia, a pior crise em cem anos, além da pior seca da história do Brasil e uma guerra com potencial nuclear na Europa. Esses acontecimentos passam e os gestores que fazem as coisas com consistência, matemática e serenidade veem seus negócios progredirem. Mas, para isso, precisamos de um mundo mais normal, em que não aconteça uma tragédia atrás da outra”, afirma.
Algumas das casas que se destacaram no primeiro semestre acertaram ao apostar na bolsa dos Estados Unidos, principalmente em ações de empresas que se beneficiam da inteligência artificial. Foi o caso de Dahlia, com R$ 3 bilhões sob gestão, que também comprou dólar e títulos de renda fixa que acompanham a inflação.
Foi também o caso de Capital da Armaduracom R$ 742 milhões sob gestão, que investiu em ações de bancos e seguradoras que podem se tornar mais produtivas com inteligência artificial. A Armor se saiu bem mesmo apostando na queda da bolsa brasileira e do iene.
“Não estou muito otimista com a bolsa brasileira, que é muito dependente de empresas de commodities e varejistas. Gosto mais dos setores financeiro e energético”, afirma. Alfredo Menezessócio e diretor de investimentos da Armor Capital.
Alguns dos melhores multimercados do primeiro semestre também são chamados de “quantitativos”, ou seja, utilizam inteligência artificial em suas decisões de investimentos. Não são os gestores humanos que tomam cada decisão de alocação, mas algoritmos baseados em dados históricos construídos por humanos.
Esses produtos “quant” são conhecidos por não terem correlação com os fundos multimercados tradicionais e por tenderem a apresentar melhores resultados em períodos de maior oscilação de preços no mercado financeiro, como este ano. É o caso de um fundo de Ativo Kadimacom R$ 2 bilhões sob gestão e um produto de Ativo Safracom R$ 141 bilhões sob gestão.
“O interessante da gestão sistemática é que você elimina a subjetividade na tomada de decisões de investimento. Temos regras para negociação de ativos e elas são baseadas em dados estatísticos e históricos”, afirma. Sérgio Branco, sócio da Kadima Asset. “Funciona especialmente em determinados momentos em que o mercado se torna mais irracional e os investidores tomam decisões mais baseadas na emoção do que na razão. Esse método não é melhor nem pior que os outros, mas é diferente e deixa o investidor menos sujeito às mesmas emoções de todos os gestores”, afirma.
O mercado que mais contribuiu para o destaque do Kadima e do Safra no último semestre foi o de commodities, mas os dois fundos utilizaram diversos modelos matemáticos diferentes.
Ricardo Negreiros, diretor da Safra Asset, diz que o fundo quantitativo da gestora que chamou a atenção acabou realizando investimentos que os gestores dos fundos não teriam feito se as decisões dependessem apenas deles. “Uma equipe de gestores não consegue olhar tantas coisas ao mesmo tempo quanto um computador. A opinião dos gestores era contrária à do computador, mas o que a máquina dizia era verdade”, afirma.
Na análise do executivo, muitos resgates no setor multimercado estão acontecendo porque os investidores individuais enfrentavam mais riscos em seus investimentos do que poderiam suportar. “Podemos aproveitar esta crise para tirar lições e esta é uma delas. A análise do perfil de risco dos investidores deve ser adequada”, afirma.
Ainda na avaliação de Negreiros, os gestores de fundos no Brasil são muito sofisticados e esse período negativo para o mercado vai passar. “Viemos de uma ressaca da pandemia, em que os governos despejaram dinheiro na economia de uma forma inédita, o que bagunçou os modelos macroeconómicos a que os gestores estavam habituados. Essa mudança ainda está sendo incorporada pelos gestores”, afirma. “A forma de gerir não mudou, mas a forma de ler o mercado mudou”, afirma.
Na Adam Capital, que atua mais em mercados globais e tem R$ 2,5 bilhões sob gestão, a análise dos dados econômicos gerados dentro do gestor ganha cada vez mais relevância no processo de gestão dos fundos. “Prestamos mais atenção aos dados do que aos discursos dos presidentes dos bancos centrais ou dos países. Os bancos centrais só fazem o que os dados lhes permitem fazer”, afirma Fábio Landisócio da Adam Capital.
A casa conseguiu se destacar porque os gestores mudaram rapidamente a visão do mercado. No início do ano, a Câmara era contra a maioria e esperava que os juros demorassem a cair nos Estados Unidos.
Mais recentemente, a visão mudou. “Começamos a ver sinais de atividade econômica mais fraca nos EUA, validados pela desaceleração da inflação, e começamos a pensar que era muito possível que pudéssemos ver uma redução nas taxas de juros este ano”, diz Landi. “É muito provável que a redução seja em setembro, mas estamos céticos quanto à extensão desses cortes”, acrescenta. Assim, na carteira o gestor passou a apostar que ali os juros cairão moderadamente. Em outras movimentações, ela também comprou ações americanas e brasileiras, dólares, pesos mexicanos e ouro.
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