Grande parte do futuro da economia mundial será definido nos pouco mais de três meses que nos separam das eleições nos Estados Unidos. Ou seja, devolva o Republicano Donald Trump (derrotado em sua primeira tentativa de reeleição em 2020) ou vencer Democrata Kamala Harris (atual vice-presidente, provável candidato), Seus investimentos terão caminhos diferentes a seguir na tentativa de se multiplicar.
Favorito nas casas de apostas e líder nas pesquisas pelo menos até Joe Biden tirar o time de campo, Trump é visto, hoje, como sinônimo de mais interesse ao longo dos anos.
Em sua retórica, há promessas em contrário. No entanto, existe uma grande lacuna entre a teoria e a prática. Especificamente, o que temos até agora são planos para aumento das tarifas de importação, com evidente impacto inflacionário. Outro foco de aumentos de preços, via salários, seriam deportações em massa, reduzindo a já escassa força de trabalho disponível nos Estados Unidos. Além disso, os cortes de impostos previstos pelo ex-presidente tendem a aumentar o buraco fiscal americano ao longo do tempo, fazendo com que os investidores exijam mais juros em troca de financiamento da Casa Branca.
Para Marcel Andrade, líder de soluções de investimentos da SulAmérica Investimentos, esta espiral inflacionária gerada pela eventual vitória de Trump seria exportada para outros países. E chegaria rapidamente ao Brasil. O principal canal de transmissão seria o dólar mais caro, atraído para sair do Brasil pelas ricas receitas do Tesouro americano.
Nesse cenário, o especialista destaca a importância da compra de títulos do Tesouro IPCA+. “Será importante estar protegido em títulos que tragam juros reais. E esse papel, hoje, oferece um retorno atrativo, acima de 6% corrigido pela inflação”, afirma.
E se houver contágio da inflação americana, também tenderá a ser necessário mais juros no Brasil em caso de vitória de Trump. Nesse cenário, portanto, mesmo que a inflação brasileira esteja contribuindo no retrovisor, a Selic poderá encontrar obstáculos para cair. Algo, aliás, semelhante ao que já aconteceu sob a incerteza sobre quando as taxas americanas começarão a cair.
Nesse sentido, a situação fiscal americana pode acabar se sobrepondo à brasileira. Digamos que, nos próximos meses, o governo brasileiro ofereça aos investidores uma segurança maior do que vem proporcionando. Se houver uma deterioração nos Estados Unidos, as taxas de juro cairão.
E, sob Trump, a expectativa é aumentar a dívida pública americana acima do que poderia acontecer com um adversário democrata.
Na comparação entre presidentes desde 2001, foi quem mais desequilibrou a balança de gastos e receitas. A dívida, que já ultrapassa 100% do PIB do país, também poderá reforçar a subida das taxas.
Com a ameaça de aumento dos juros, Andrade destaca que a renda fixa ainda oferece o melhor risco-retorno, tanto no Brasil quanto no investimento no exterior. Por enquanto, ativos de risco como o mercado de ações ficam de fora de suas recomendações.
A vitória de Trump, que tem discurso protecionista (e teve governo), também favorece o dólar. Portanto, A segunda dica do especialista é manter parte da carteira em dólar. Isso significa: investir em renda fixa americana ou procurar ações no exterior que tenham potencial de lucro. Dessa forma, os investidores brasileiros podem se proteger de uma desvalorização repentina do real.
“Você precisa ter um portfólio diversificado e preparado para solavancos, independente de quem ganhe lá nos Estados Unidos. O investidor precisa estar preparado, protegido”, afirma. Falando em “solavancos”, vale lembrar que o governo Trump foi marcado pela guerra comercial com a China e alta volatilidade das commodities. Portanto, diz Andrade, ser destinado a petrolíferas, por exemplo, não seria favorável.
Na visão do chefe de análise e pesquisa de empresas da Ativa, Pedro Serra, os efeitos positivos de uma vitória de Trump são limitados no mercado acionário brasileiro.
“As matérias-primas agrícolas poderão beneficiar se Trump estreitar as relações com a China, mas de forma muito marginal. Gerdautambém poderia se beneficiar um pouco, caso colocasse mais barreiras à importação de aço nos Estados Unidos, já que a Gerdau tem uma fábrica lá”, diz. A deportação em massa de imigrantes, por outro lado, poderá prejudicar empresas como a JBS, que poderá ter mais dificuldade em encontrar trabalhadores para as suas fábricas de processamento de carne..
E no exterior, bom ou ruim sob Trump?
Para Alexandre Mathias, economista e estrategista-chefe da Monte Bravo, um ponto para empresas da bolsa ligadas a armamentos e gastos militares, bem como farmacêuticas. “O setor de exploração de petróleo também seria fortalecido com menos ênfase nas políticas ambientais“, ele afirma.
Apesar do cenário pró-juros, portanto, o mercado acionário americano não deve ser descartado, mas repensado. Se as empresas de tecnologia brilharam agora, sob Trump, faria sentido mudar para a chamada “velha economia”. Ainda na renda variável, as criptomoedas poderão valorizar ainda mais com a vitória de Trump. Logo após o ataque, quando as chances de ser eleito aumentaram, o bitcoin valorizou 10%.
Trump é reconhecidamente pró-cripto e até já confirmou presença na Bitcoin Conference, que acontecerá entre os dias 25 e 27 deste mês, em Nashville, no estado americano do Tennessee.
O republicano também anunciou o senador JD Vance como vice-presidente em sua chapa. O congressista investidor de criptoativos tem atuado diretamente na elaboração de legislação que favorece a adoção de criptoativos nos Estados Unidos.
E se Kamala Harris vencer?
A corrida eleitoral está longe de terminar (novembro), mas já trouxe uma série de reviravoltas. Como a tentativa fracassada de assassinar Trump, que parecia aumentar seu favoritismo, não foi suficiente, tivemos a retirada de Biden. Desta forma, a esperança reacendeu-se entre os democratas, para quem a disputa já parecia perdida. Em vez disso, Kamala Harris deveria assumir oficialmente sua candidatura em agosto.
Trump, hoje, faz o mercado tremer mais em seus alicerces. E não só pelas suas promessas já conhecidas, aqui elencadas, e pela sua conhecida imprevisibilidade. Mas também porque uma vitória democrata, gostemos ou não, tenderia a ser uma continuação do governo Biden. “Pela menor volatilidade, talvez uma eleição de Kamala fosse mais tranquila para o investidor brasileiro, pela continuidade e por ela ser uma pessoa menos imprevisível. Ela também teria mais afinidade com o governo brasileiro”, afirma. Marcela Kawauti, economista-chefe da LifeTime Asset.
Kawauti diz que um governo Kamala permitiria que os investidores brasileiros fossem um pouco mais ousados na bolsa, em vez de colocar tanto peso na renda fixa.
O economista apostaria em um melhor desempenho para ações ou índices relacionados à energia verde e sustentabilidade. “Quando ela era procuradora do estado, ela perseguia empresas poluidoras”, lembra ela.
De acordo com André Colares, CEO da Smart House Investments, um governo Kamala tende a ser benéfico para os mercados emergentes, grupo ao qual o Brasil pertence. A democrata tem um viés muito menos protecionista, embora o seu antecessor não tenha revertido completamente as barreiras implementadas por Trump. “A sua posição em relação ao comércio internacional e à cooperação multilateral favorece a estabilidade económica global”diz.
Um ambiente mais estável com uma política bilateral forte poderia até ajudar a valorização do real, destaca Fábio Murad, sócio da Ipê Avaliações. “A moeda americana tende a se desvalorizar num cenário de maior abertura e cooperação internacional, enquanto a vitória de Trump poderá fortalecer o dólar devido a políticas económicas mais agressivas e protecionistas“, conclui.
Muita água ainda correrá até novembro, mas alguns conceitos já podem ser incorporados pelos investidores. Por um lado, Trump é mais protecionista e tende a valorizar o dólar. Por outro lado, Kamala é mais liberal e tende a favorecer as moedas emergentes. Trump, portanto, tem maior potencial do que Kamala para produzir e exportar inflação e taxas de juro elevadas.
E o que fazer agora? Não apenas prepare-se para cada um desses diferentes cenários, mas, desde o início, escolha um portfólio diversificado para evitar sustos.
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