O Ministério de Minas e Energia (MME) busca aprovação do Tribunal de Contas da União (TCU) para formalizar acordo com o Âmbarde J&F – grupo de Irmãos Joesley Isso é Wesley Batista e proprietário de JBS —, após a empresa não conseguir concluir as plantas no prazo previsto. A iniciativa vai na contramão da área especializada do Tribunal, que recomenda a rescisão de contratos.
O ministério enviou carta a outros órgãos em abril, de forma confidencial, apresentando um acordo entre a Pasta e a empresa, que foi revelado pela revista “Piauí” e confirmado pelo jornal “Folha de S.Paulo”. O MME afirma que não houve divulgação porque a iniciativa ainda é um ato preparatório e aguarda análise do TCU —que, nesta terça-feira (9), adiou uma decisão sobre o tema.
O acordo conta com a simpatia manifestada dos ministros da Corte e seria julgado pelo plenário na quarta-feira (10). Mas a área do tribunal especializado em energia reiterou, na noite desta terça-feira, a sua oposição à conciliação há mais de duas semanas, e o caso acabou retirado da ordem do dia na véspera.
As plantas em questão são termoelétrica adquiridos pela Âmbar em 2021, poucos meses após vencerem um leilão emergencial realizado durante a crise hídrica e denominado PCS (Procedimento Competitivo Simplificado). Não entraram em operação na data estipulada no edital.
A empresa tenta há anos alterar o contrato original e um dos pedidos foi a troca das quatro térmicas contratadas por outro projeto – uma usina em Cuiabá com mais de 20 anos de operação.
A cláusula 4.4 do contrato original, porém, proíbe essa alternativa, ao explicar que a energia não pode ser entregue por outra usina. Depois de debater o assunto na Aneel, o MME solicitou no ano passado que o TCU buscasse um consenso por meio do recém-criado mecanismo de resolução de conflitos do tribunal – por meio do qual foram renegociados diversos contratos de infraestrutura.
Em março de 2023, o TCU inaugurou uma comissão de solução consensual composta por representantes do tribunal, do Uma enguia, o MME e a própria Âmbar. Ao final das discussões, Integrantes do TCU discordaram do acordo principalmente por divergências em relação à comprovação da capacidade de entrega de energia da Ámbar.
O caso foi ao plenário e, por unanimidade, os ministros decidiram, em abril deste ano, encerrar o caso com base na premissa de que os acordos precisavam de consenso. Mas, em suas falas, houve sinalização de que não se oporiam a um possível acordo entre a empresa e o MME.
“Sim, tenho simpatia por esta proposta [de acordo]”, afirmou o ministro Benjamin Zymler. “Nada impede que o ministério, o poder concedente, desenvolva novos tratamentos, considerando o que foi levado em conta no procedimento de consenso feito aqui”, disse o colega Antonio Anastasia.
Poucos dias depois, num despacho de Abril, o ministro Alexandre Silveira (Minas e Energia) apresentadas a outros órgãos (como o Procurador Geral da União) um acordo com Âmbar na mesma base discutida no TCU prevendo o encaminhamento ao tribunal antes de entrar em vigor “por precaução e deferência”.
“Parece-nos que não há outra alternativa senão assinar o acordo, inclusive para evitar penalizar ainda mais os consumidores de energia, diante de uma exigência legal praticamente certa, de alto risco, que virá se o cenário de incerteza se prolongar ainda mais “, afirmou Silveira em despacho.
Amber terá que pagar multa de trânsito de R$ 1,1 bilhão pelo atraso, seus contratos serão estendidos de 44 para 88 meses e o valor total da receita (valor pago pelos consumidores pelo fornecimento de energia ao sistema elétrico brasileiro) será reduzido de R$ 18,7 bilhões para R$ US$ 9,4 bilhões.
A AudElétrica (Unidade de Auditoria Especializada em Energia Elétrica e Nuclear) do TCU, ciente do acordo firmado entre o MME e uma empresa externa ao TCU, insistiu em se opor ao entendimento e propôs que o ministério “faça cumprir as cláusulas contratuais e editais relativas a estes fábricas e promove a rescisão unilateral” dos contratos, com as penalidades cabíveis.
Segundo o parecer, a substituição pela usina de Cuiabá não só viola a igualdade no tratamento dado às demais usinas PCS, como também contrariaria a motivação e a conformação do leilão, que teve como objetivo a “contratação de energia de reserva para novas projetos”.
Além disso, o parecer afirma que a energia das usinas Âmbar tem preço entre R$ 1.594,84 e R$ 1.601,01/MWh, e hoje o custo da energia no curto prazo é de R$ 61,07/MWh. “Além de o sistema elétrico não necessitar da energia dessas usinas, mais de dois anos após a data pactuada em contrato, o preço seria, em muito, superior ao das alternativas de geração”, afirma o texto.
Procurado pela reportagem, o MME afirma que o acordo foi feito com base nas declarações do TCU e que a multa aplicada a Âmbar é muito superior aos valores a serem arcados pelos demais participantes do PCS que chegaram a acordo.
“Esse valor, superior à média, deveu-se à possibilidade de produção de energia através da UTE Cuiabá, em vez das usinas originais que foram devidamente instaladas e comissionadas conforme avaliação da Aneel”, afirma o ministério.
Sobre o sigilo do acordo com a empresa, afirmou que “ainda há questões que podem ser destacadas pelo TCU” e que, portanto, “os documentos que o compõem ainda são considerados preparatórios e protegidos”.
Procurada, a Âmbar afirmou que sempre buscou uma solução que evitasse a judicialização do caso, “aumentando a segurança jurídica do setor elétrico brasileiro, a segurança do abastecimento do sistema interligado e os benefícios para os consumidores de energia em relação ao PCS original contrato”. “As vantagens de um acordo são tão significativas que o próprio TCU recomendou, em plenário, que as partes busquem consenso direto para evitar a judicialização”, diz a empresa em nota.
Nesta terça-feira, o TCU anunciou que suspendeu as atividades dos comitês de resolução de conflitos — por onde passou o processo Âmbar — em razão de um decreto do Executivo que cria um mecanismo próprio focado no tema e tendo a AGU como órgão central. “As secretarias do TCU estão examinando possíveis repercussões nos processos em curso no Tribunal. Até a conclusão da análise, a presidência [do tribunal] determinou a suspensão de todas as reuniões”, afirmou o Tribunal em nota.
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