Em 1982, a família de Vernei Kunz, produtor rural do município de Travesseiro, a 140 quilômetros de Porto Alegre, iniciou um projeto de criação de suínos. Os primeiros galpões foram construídos em área indicada pela avó, que indicou um local seguro. “Se houvesse enchentes, o rio nunca chegaria lá”, acreditavam, segundo ele.
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O negócio prosperou e se tornou uma das maiores unidades de suinocultura do Rio Grande do Sul, com produção anual de 45 mil leitões e 12 funcionários. Mas em 1º de maio de 2024, a previsão da avó de Kunz falhou. A fúria da enchente do rio Forqueta destruiu todos os galpões e a área de suinocultura da família. Toda a estrutura foi transformada em um conjunto de ferro retorcido, pedaços de parede, barro e troncos de árvores.
Mais de 4 mil animais morreram na fazenda por conta da enchente. Das 1.300 porcas, apenas 700 foram salvas. Todos os 3.500 leitões foram levados pela água.
Segundo Eduardo Kunz, filho de Vernei, o Os danos causados pelas chuvas na propriedade de 25 hectares chegam a R$ 15 milhões. Quase três meses depois das cheias, a família decidiu abandonar a suinocultura. Por enquanto, o plano é limpar o entulho e preparar a área para o plantio. milho Isso é soja.
“Nossa área ficou inviável para instalações com suínos. A parte mais baixa da propriedade é totalmente inundável e a parte mais alta corre risco de deslizamentos. Além disso, o valor do investimento para reconstruir tudo o que tínhamos é muito elevado, por isso vamos fazer agricultura”, afirma.
O medo de uma nova enchente é outro motivo para desistir. “No Rio Taquari foram três enchentes em oito meses. Não temos forma de saber se a próxima inundação acontecerá dentro de 80 anos ou oito meses. Quem sabe se no próximo ano voltaremos a falar em enchentes?”, questiona Vernei.
Para o Perdas na suinocultura no Rio Grande do Sul causadas por enchentes chegam a R$ 80 milhões, segundo o Sindicato das Indústrias de Produtos Suínos do Rio Grande do Sul (Sips). A Associação Riograndense de Empresas de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-RS) informa que as chuvas mataram quase 15 mil suínos no Estado e causaram danos a 932 fazendas.
Se a decisão dos Kunz for abandonar a atividade, há quem queira recomeçar, mas não sabe como. Em Cruzeiro do Sul, município às margens do rio Taquari, o suinocultor Paulo Schneider viveu momentos de terror durante a enchente.
Junto com a esposa, um funcionário de sua fazenda e dois cachorros, ele ficou dois dias e duas noites preso no sótão da casa de sua propriedade de cinco hectares. “Nas outras duas cheias do ano passado, apenas o piso térreo foi afetado. Mas neste último caso, a água atingiu o segundo andar. A cada barulho que os cachorros faziam, eu achava que era o som da casa caindo”, comenta. Os três conseguiram ser resgatados por uma retroescavadeira.
Em sua propriedade, 680 porcos foram levados pelas águas do rio Taquari. Apenas 10 animais foram encontrados vivos. “A floresta ao lado está cheia de porcos mortos”, diz Schneider.
Incluindo danos às estruturas, Schneider estima os prejuízos na fazenda em R$ 200 mil. Para reiniciar as atividades, ele estima que seriam necessários pelo menos R$ 45 mil para reformas e compra de animais. No entanto, carece de recursos. “Há um ano e meio que não recebemos dinheiro para o fundo de produção”, lamenta.
Ele conta que os problemas começaram quando a cooperativa Languiru deixou de pagar um lote de suínos que entregava. Em 2023, Languiru abandonou o setor suíno e entrou em processo de liquidação extrajudicial.
Para não depender apenas dos suínos, Schneider também plantou milho para silagem. Porém, as duas cheias do rio Taquari, em setembro e novembro de 2023, destruíram toda a colheita.
Após o anúncio da interrupção da coleta de leitões por Languiru, 36 criadores, incluindo Schneider, formaram a Cooperativa de Suinocultores de Vales (Coosuval). Os suínos mortos pela enchente seriam o primeiro lote que o criador entregaria à nova cooperativa. “A esperança era que esse lote reforçasse o fluxo de caixa. Mas a água tirou a nossa salvação. Está muito difícil agora”, diz ele.
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