A secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, virá ao Brasil esta semana para uma série de reuniões com autoridades brasileiras, em eventos relacionados ao G20 – grupo das maiores economias do mundo que é presidido temporariamente pelo Brasil até novembro, quando será realizada uma reunião de cúpula do bloco no Rio.
Durante a visita ao país, Yellen visitará o Rio e Belém (PA), informou o subsecretário de Assuntos Internacionais do Tesouro americano, Jay Shambaugh. Segundo ele, o secretário vai destacar o fortalecimento da economia americana. Abordará também as respostas da política externa dos EUA, nomeadamente as relacionadas com a guerra entre a Rússia e a Ucrânia e o apoio do Irão a grupos como o Hamas e o Hezbollah.
As questões climáticas globais também não serão esquecidas na viagem do secretário ao Brasil. Shambaugh confirmou que Yellen participará de um encontro na capital paraense organizado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), e que contará com a presença de ministros de países amazônicos. Na reunião, disse o subsecretário, Yellen reforçará o compromisso do Tesouro dos EUA em apoiar uma “Amazónia próspera”. Ainda segundo Shambaugh, Yellen se reunirá com autoridades para discutir formas de fortalecer o trabalho contra o financiamento ilícito do tráfico de vida selvagem na região amazônica.
Ao detalhar a agenda de Yellen no Brasil, Shambaugh informou que o secretário estará no Rio de Janeiro na quarta-feira (24) para compromissos relacionados à 3ª Reunião de Ministros da Fazenda e Presidentes de Bancos Centrais do G20, marcada para os dias 25 e 25 de julho em a cidade. No dia 24 de julho, a assessoria do governo brasileiro envolvida no G20 já havia informado que Yellen fará um pronunciamento às 16h ao lado do ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Na sua participação na reunião de ministros das Finanças no Rio, disse a subsecretária, Yellen chamará a atenção para os números mais recentes da economia americana. “Enquanto estiver no Rio, a Secretária Yellen irá enfatizar que a recuperação dos EUA tem sido notavelmente forte num contexto global, com uma recuperação do PIB particularmente robusta, um mercado de trabalho especialmente resiliente e uma inflação que arrefeceu mais cedo e mais rapidamente do que em muitos países. poupança. Sendo a maior economia do mundo, este forte desempenho também ajuda a impulsionar a economia global”, disse ela.
Yellen também reforçará a intenção do governo americano de trabalhar multilateralmente com aliados e parceiros, inclusive no âmbito do G20.
Uma das estratégias que será elencada pelo secretário, no multilateralismo, segundo Shambaugh, será estudar formas de fortalecer os bancos de desenvolvimento. O subsecretário informou que Yellen enfatizará a necessidade de fornecer mais recursos, incentivos e modelos operacionais mais ágeis para que os bancos de desenvolvimento sejam mais eficazes. A maior eficácia e fortalecimento destes bancos, no entendimento de Yellen, segundo ele, poderia facilitar o enfrentamento de “desafios globais como mudanças climáticas, pandemias e fragilidades e conflitos que ameaçam o progresso nos objetivos fundamentais de desenvolvimento e redução da pobreza”, em suas palavras .
A questão dos conflitos e do terrorismo também não será esquecida pelo secretário, frisou. “Presidente Biden [Joe Biden, presidente dos EUA] e a secretária Yellen continuam empenhados em trabalhar com os nossos aliados para resolver o conflito e a instabilidade geopolítica em resposta à invasão não provocada da Ucrânia pela Rússia”, disse ele. “A administração Biden comprometeu-se a continuar a nossa estratégia económica para utilizar as nossas ferramentas económicas para combater o financiamento dos terroristas pelo regime iraniano”, continuou ele. E citou o Hamas e o Hezbollah como exemplos.
O subsecretário informou ainda que os discursos de Yellen irão reiterar a postura do governo americano na defesa da assistência humanitária legítima aos palestinos na Faixa de Gaza. O território palestino é alvo de intensos conflitos em meio ao atual embate entre o Hamas e o governo israelense.
Shambaugh também compartilhou alguns pontos do discurso do secretário no evento do BID em Belém: “A secretária Yellen destacará o trabalho que o Tesouro está fazendo com nossos parceiros para tomar medidas concretas de combate às mudanças climáticas, que representam um risco e apresentam oportunidades econômicas. para os Estados Unidos e para o mundo inteiro”, disse ele. “Ela [Yellen] argumentará que a incapacidade de enfrentar a ameaça existencial das alterações climáticas e os seus impactos é uma má política económica e uma má política ambiental”, afirmou.
Yellen defenderá três estratégias principais que o Tesouro dos EUA está seguindo para enfrentar a crise climática, detalhou o subsecretário. A primeira é reforçar os laços com aliados e parceiros para enfrentar as alterações climáticas, através da adesão aos acordos climáticos e de iniciativas para aprofundar as cadeias de abastecimento de energia limpa. A segunda é discutir como os Estados Unidos podem posicionar-se melhor para ajudar as instituições financeiras internacionais a combater as alterações climáticas. “Finalmente, a secretária Yellen discutirá como o Tesouro está aproveitando o poder dos mercados, impulsionando investimentos históricos do setor privado em energia limpa nos Estados Unidos e estabelecendo parcerias e apoiando a criação de cadeias de abastecimento verdes com parceiros como o Brasil”, disse ele. o subsecretário. Comentou que a mobilização de capital privado “é uma ferramenta fundamental” para alcançar os objectivos de contenção das alterações climáticas.
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