Medida será aplicada em Anta Gorda, local do foco, e outras quatro cidades; as autoridades não encontraram sinais de propagação do vírus. Cerca de 300 propriedades rurais, incluindo 14 granjas avícolas, já foram visitadas por equipes técnicas do governo do Rio Grande do Sul para investigar possíveis vestígios do vírus da Doença de Newcastle no estado. Não há sinais de propagação da doença na região, disse ao Valor a diretora de Defesa Sanitária Animal da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi), Rosane Collares. Leia também Newcastle: China deve responder ao embargo em até 15 dias RS Defesa Agropecuária instala barreiras para prevenir a Doença de Newcastle A expectativa é que a fiscalização — que será realizada em 870 propriedades em cinco municípios do Rio Grande do Sul no total — termine amanhã (24) . O governo do estado vai declarar estado de emergência em saúde animal para controlar o surto da doença em Anta Gorda, onde o caso foi identificado em uma granja avícola, além das cidades de Doutor Ricardo, Ilópolis, Putinga e Relvado. As áreas ficam num raio de 10 quilômetros da fazenda onde a doença foi confirmada na semana passada. As equipes técnicas continuam investigando as causas do surgimento da doença de Newcastle no local. A diretora Rosane Collares afirmou que a doença é típica dos pombos e que, em determinado momento, houve uma relação entre as aves da granja e um animal doente ou suas secreções. Uma das hipóteses em estudo é que esse contato pode ter ocorrido através das botas de pessoas que entraram na fazenda e que possivelmente apresentavam vestígios de fezes de pássaros, por exemplo. “É comum diagnosticar esse vírus em pombos. Em algum momento houve um problema com a biossegurança”, disse ela. Acrescentou que a causa da morte de parte dos sete mil animais que morreram na exploração que albergava 14.400 aves pode ter sido a doença de Newcastle, mas que não há provas, uma vez que não foi realizada nenhuma necropsia das aves. A notificação do caso partiu do produtor ao serviço veterinário oficial do Estado. A legislação exige que essa comunicação seja feita quando houver mortalidade superior a 10% do elenco. O relatório enviado à Organização Mundial de Saúde Animal (OMS) diz que 3.472 aves morreram no estabelecimento onde havia um total de 14.400 animais. Apenas uma deu positivo, das 12 amostras enviadas ao Laboratório Federal de Defesa Agropecuária (LFDA), em Campinas (SP). O director afirmou que os três casos suspeitos descartados em testes laboratoriais nos últimos dias foram recolhidos antes da confirmação do surto em Anta Gorda. Outra amostra aguarda a publicação do resultado. É fundada suspeita de síndrome respiratória e nervosa em aves, no município de Progresso, que foi encaminhada para análise. Após o monitoramento inicial do entorno da fazenda, a secretaria realizará novas visitas à região. “O protocolo prevê ações em até 21 dias”, disse o diretor. A boa notícia das equipes de campo, que não encontraram sinais de aves doentes nas áreas fiscalizadas, reforça a expectativa positiva de que os casos da doença se concentrem. Para que o Estado recupere o seu estatuto de zona livre da doença de Newcastle, será necessário mais tempo. Após finalizar o plano de contingência, cujas ações se estendem por três semanas, o Rio Grande do Sul deverá aguardar um período de 90 dias sem ocorrência de novos casos para que a OMSA faça o novo reconhecimento. Durante esses três meses, deverá haver comprovação de que o vírus da doença não circula na região. A propriedade rural onde foi confirmado o surto da doença, na Anta Gorda, permanece encerrada. As restantes 7 mil aves foram sacrificadas e enterradas na quinta-feira e o estabelecimento está em processo de desinfecção, segundo Collares. Para retomar a atividade, o produtor terá de esperar cerca de dois meses. Após concluída a desinfecção do local, o estabelecimento deverá observar um período de 42 dias de vazio sanitário, sem a presença de animais. Depois disso, a fazenda receberá aves sentinelas, que serão monitoradas pela equipe de saúde do governo do estado para saber se o vírus está circulando ou não. Comprovada a ausência de vestígios da doença, a propriedade será liberada para restabelecimento da criação de frangos de corte. O Brasil não registra a doença viral respiratória, altamente transmissível, desde 2006. O ressurgimento da doença de Newcastle levou o governo a suspender preventivamente as exportações de produtos avícolas para mais de 40 destinos. Na menor parte dos casos, as vendas para todo o país foram afetadas e, no restante, apenas os embarques do Rio Grande do Sul.
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