Queimadas mais que dobram em um ano e atingem 5,65 milhões de hectares, diz MapBiomas | Brasil

Em um ano, o aumento do mês de agosto é de 149%. Em números absolutos, isso significa que foram queimados mais 3,3 milhões de hectares no mês passado, em comparação com agosto de 2023.

O Cerrado foi o bioma com maior área queimada em agosto de 2024, com 2,4 milhões de hectares, ou 43% de toda a área queimada do Brasil no período. Com 2 milhões de hectares queimados, a Amazônia vem em seguida.

A pesquisadora do Ipam e coordenadora técnica do Monitor de Incêndios, Vera Arruda, afirma que a área queimada no Cerrado foi a maior dos últimos seis anos. “O cenário é alarmante. O bioma, extremamente vulnerável durante a seca, foi o que mais sofreu queimadas nos últimos seis anos, refletindo a baixa qualidade do ar nas cidades”, afirma em nota.

O Pantanal registrou 648 mil hectares queimados em agosto, o que representa a maior área queimada já observada no bioma para esse mês pelo Monitor de Incêndios. O valor representa mais da metade (52%) do total deste ano.

Nos primeiros oito meses do ano, a área queimada no Pantanal aumentou 249% em relação à média dos cinco anos anteriores. Foram 1,22 milhão de hectares, 874 mil hectares a mais que a média.

“Fica atento à alta incidência de queimadas, tendo em vista que o mês de setembro é historicamente o mês que mais queima no bioma, que passa por um período de seca extrema”, observa, do MapBiomas, em nota.

A Mata Atlântica registrou 500 mil hectares atingidos pelo fogo em agosto, o que representa um aumento de 683% em relação à média. O total queimado no acumulado do ano foi de 615 mil hectares. Quase três em cada quatro hectares (72%) eram áreas agrícolas, sendo a cana-de-açúcar a mais impactada, com 215 mil hectares ardidos em agosto.

Na Caatinga, foram queimados 51 mil hectares entre janeiro e agosto de 2024, um aumento de 22% em relação ao mesmo período de 2023, com 66% dos incêndios concentrados em formações savânicas.

Por outro lado, o Pampa foi o único bioma que não registrou aumento. A área ardida entre janeiro e agosto foi de 2,7 mil hectares, o valor mais baixo dos últimos três anos para este período. O resultado está associado à maior umidade observada na região, com precipitações acima da média para o período.

Os três estados que mais registraram queimadas foram Mato Grosso, Pará e Mato Grosso do Sul – este no Pantanal. Os municípios de São Félix do Xingu (PA), Corumbá (MS) e Porto Murtinho (MS) foram os que apresentaram as maiores áreas queimadas.

O Estado de São Paulo foi um dos destaques do período. Cerca de 86% (ou 370 mil hectares) ocorreram no mês passado. Os municípios mais afetados foram Ribeirão Preto, Sertãozinho e Pitangueiras. Segundo o levantamento, o fogo atingiu predominantemente áreas agrícolas (88,7%), com destaque para o cultivo de cana-de-açúcar, com 236 mil hectares queimados.

Quase dois terços (65%) da área queimada em agosto estavam em vegetação nativa, sendo que as formações cerradas representaram um quarto (25%) da área queimada no mês. O estudo mostra ainda que as pastagens representam um em cada quatro hectares ardidos (24%) e destacam-se como a área de uso agrícola que mais ardeu em agosto.

Área queimada dobra no Brasil

No total acumulado de janeiro a agosto, a área queimada no Brasil mais que dobrou em relação ao mesmo período de 2023, segundo o Monitor de Incêndios. Com 11,39 milhões de hectares queimados, o número representa um aumento de 116% em relação ao reportado no ano passado, ou seja, 6 milhões de hectares a mais.