Em dez anos, de 2013 a 2023, 965 órgãos como coração, pulmões e fígado deixaram de ser utilizados em transplantes devido a dificuldades de transporte no estado de São Paulo, segundo a Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo. Para tentar solucionar o problema, o governo do estado de São Paulo, na gestão de Tarcísio de Freitas (Republicanos), lançou nesta segunda-feira (9) um programa que utilizará o transporte gratuito de órgãos destinados a transplantes em aeronaves privadas.
Com isso, helicópteros, turboélices e jatos particulares autorizados pela Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) poderão ser utilizados voluntariamente no programa.
Por meio do programa Aviação Solidária TransplantAR, a Central de Transplantes entrará em contato com o IBA (Instituto Brasileiro de Aviação) quando as instituições precisarem de apoio aéreo para viagens.
As aeronaves são mais ágeis que os voos comerciais, o que é fundamental para o transporte de órgãos, disse Francisco Lyra, presidente do IBA. Segundo Lyra, essas aeronaves passam a maior parte do tempo estacionadas e sem uso.
“A aviação geral tem uma capilaridade 20 vezes maior que a aviação comercial. São 1.150 helicópteros baseados em São Paulo, 450 jatos executivos e 500 turboélices. Se apenas 30% da frota doar uma vez por mês, no final do ano teremos 17 mil horas de voo”, afirmou durante o evento.
A assinatura do acordo de parceria ocorreu em solenidade que contou com a presença do governador e do secretário de Estado da Saúde, Eleuses Paiva, e de representantes do IBA (Instituto Brasileiro de Aviação).
Segundo o Ministério da Saúde, a iniciativa não trará custos aos cofres públicos.
Em dezembro de 2023, a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) se reuniu com o IBA para discutir a proposta de incentivo ao transporte aéreo de órgãos, tecidos e equipes médicas a ser realizado por proprietários e operadores de aeronaves privadas e afirmou que não haveria obstáculos para fazê-lo.
A Secretaria Nacional de Aviação Civil estima que 5 mil vidas serão salvas com o programa.
“A pessoa tem, no momento da dor, a capacidade de fazer esse gesto [doar órgãos] e pensar que esse gesto se perde por falta de logística num país que tem uma aviação geral muito forte. Precisamos coordenar a logística para não perdermos o esforço”, afirmou o governador Tarcísio.
O estado teve redução no número de doadores no primeiro semestre de 2024 em relação ao mesmo período do ano passado, passando de 529 para 480 doadores.
Ao mesmo tempo, um total de 8.836 pessoas entraram em lista de espera só no primeiro semestre do ano e 1.025 morreram à espera de um órgão nesse período.
No Brasil, cerca de 3 mil pessoas morrem anualmente à espera de uma cirurgia. Os obstáculos envolvem altas taxas de recusa de doações.
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