Avanço do mercado estimula produção de ingredientes como cevada e lúpulo em território nacional O fato da cerveja ser uma paixão brasileira é praticamente indiscutível. A fermentação alcoólica feita com água, malte e lúpulo está presente nas mais diversas ocasiões. E há cervejarias em praticamente todo o território nacional, segundo dados do Ministério da Agricultura. Leia também O que há na sua cerveja? A melhor cerveja do Brasil é feita com café Estudo comprova viabilidade da produção de lúpulo em São Paulo Os estados do Sul e Sudeste lideram o ranking de estados com maior número de cervejas cadastradas. Elas representam 91,9% das 45.548 bebidas diferentes catalogadas no país. A liderança é paulista, seguida por Rio Grande do Sul e Minas Gerais. O registro do produto é realizado no Ministério da Agricultura. Deve seguir padrões de nome, composição e percentual de ingredientes que compõem o padrão de identidade e qualidade descrito no decreto nº 6.871/2009 e na Instrução Normativa nº 65/2019. Estados com mais cervejas registradas no Brasil Tanques de produção de cerveja. São Paulo tem o maior número de cervejarias do Brasil Divulgação Quando se trata de cervejarias, São Paulo também aparece em primeiro lugar. Dos 1.847 estabelecimentos cadastrados no Brasil até 31 de dezembro de 2023, 410 estão no Estado, um aumento de 5,9% em relação a 2022. Entre um ano e outro, quem teve o maior aumento absoluto observado foi o Rio de Grande do Sul. De 310 cervejarias em 2022, passou para 335, um aumento de 8,1% em 12 meses. Por outro lado, Bahia e Alagoas apresentaram queda de 3,3% e 14,3%, respectivamente. Estados com mais cervejarias registradas no Brasil Mercado cervejeiro brasileiro Uma das consequências – positivas – do elevado número de registros de cervejas e cervejarias é o estímulo à agricultura nacional, com o crescimento na produção de ingredientes para bebidas. A crescente demanda por matéria-prima de qualidade é um dos principais motivos, afirma Carlos Maciel de Oliveira Bastos, mestre cervejeiro da Fat Cat. A cervejaria localizada em Cássia dos Coqueiros (SP) foi uma das pioneiras na utilização do lúpulo produzido no Brasil, após parceria com produtores da região. A ideia, segundo o proprietário, era dar personalidade às cervejas da casa. Crescimento do mercado cervejeiro brasileiro estimula produção de ingredientes como o lúpulo Wenderson Araujo/CNA “Esse estímulo acontece muito, principalmente com produtos que possuem características únicas, como o lúpulo. No caso do nacional é mais caro que o importado pelo alto custo de produção, mas possui peculiaridades pelo “terroir”. A mesma variedade tem aromas diferentes dependendo da região plantada”, afirma. O especialista associa o crescimento da procura pelo lúpulo nacional a fatores como quantidade de óleos essenciais, características aromáticas e acesso ao ingrediente recém-colhido. E afirma que situação semelhante também foi observada com o malte de cevada. “Existem grandes cooperativas que fazem maltagem, mas são centralizadas. E, cada vez mais, observamos o surgimento de pequenas maltarias, que também trazem aromas únicos que obtemos utilizando apenas esses insumos. Eles incentivam a produção de pequenos produtores locais, e a regionalidade passa a estar presente nas cervejas, sendo uma relação de crescimento mútuo”, diz Saiba mais taboola Inovação e investimento no ramo também contribuem para o crescimento do setor cervejeiro. Em busca de ingredientes cada vez melhores, os produtores priorizam pesquisas e técnicas avançadas de cultivo, manejo e colheita. Um exemplo é a Mundo Hop, empresa dos sócios Gabriel Purri e Thiago Fenelon, em Mateus Leme (MG), que também comercializa lúpulo. Em 2019, começaram os testes em uma propriedade de quatro hectares. Com investimentos superiores a R$ 3 milhões, estão entre os maiores produtores nacionais do ingrediente. O surgimento de mais cervejarias, principalmente as artesanais, acaba incentivando não só a produção, mas o desenvolvimento dos ingredientes básicos da bebida. É o que destaca Gilberto Tarantino, presidente da Associação Brasileira de Cerveja Artesanal (Abracerva). Segundo ele, o segmento tem grande mercado no Brasil e chama a atenção não só dos agricultores, que apostam na produção, mas também do governo. “A produção de cevada já atende metade da demanda nacional. Grandes empresas e cooperativas têm investido cada vez mais. A Cooperativa Agrária do Paraná, por exemplo, acaba de realizar um investimento de R$ 1,6 bilhão para aumentar sua capacidade de produção de malte. E o lúpulo, por sua vez, é uma cultura nova e vem crescendo com muito entusiasmo, mas é um mercado que quem acerta está feito, pois 99,9% do lúpulo é importado do Brasil, que é o terceiro maior país produtor de cerveja no país. o mundo”, explica.
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