Os cortes dianteiros de frango e bovino, como músculo, mandril e paleta, são alguns dos mais procurados pela população. O governo federal discute a inclusão da carne entre os itens da cesta básica que serão isentos na reforma tributária. Nesta terça-feira (2/7), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva argumentou que “a carne chique pode pagar um pouco de imposto”, enquanto “a carne que o povo consome” não precisa ter imposto. Mas, afinal, quais são as carnes mais consumidas pelos brasileiros? Leia mais O que faz a carne bovina brasileira ser apreciada? Um teste cego revelou que os preços da carne suína deverão subir pelo segundo mês consecutivo. Lula quer taxar a carne? Entenda o que muda com a reforma tributária Mais da metade da população do país faz parte das classes D e E, com salários que não ultrapassam R$ 3.500. São a essas categorias que Lula se refere quando menciona o povo brasileiro. E por terem menor poder aquisitivo, as proteínas mais procuradas por essa parcela da população são, em sua maioria, frango e cortes dianteiros de carne bovina. O frango representa o maior consumo per capita de carne no Brasil, estimado em 46 quilos por ano, segundo o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA). O consumo de carne bovina gira em torno de 35 quilos per capita, e o consumo de proteína suína é de 21 quilos per capita, segundo análise da Scot Consultoria. No caso do gado, a diretora da consultoria Agrifatto, Lygia Pimentel, explica que, basicamente, tudo é aproveitado do animal e a demanda pela carcaça inteira é equilibrada de acordo com os preços. “A carcaça bovina é composta por um volume maior de ‘carne de segunda’, então o maior volume consumido pelos brasileiros é, naturalmente, de carne de segunda (ou dianteiro + bordado), que são mais baratos que os cortes nobres. pela retaguarda”, acrescentou. Veja alguns exemplos de cortes bovinos: Frentes: mandril, paleta, músculo frontal, costela Intermediários: coxa dura, patinho, lagarto Traseiros: lombo, filé mignon, alcatra completa, coxa macia e fraldinha O diretor da Scot, Alcides Torres, destacou que à medida que passa o período de recebimento dos salários a cada mês, aumenta o consumo de cortes dianteiros de carne bovina. Na carne de frango, apesar de ser a proteína considerada mais barata e muito procurada pela população, também há distinção entre os cortes, onde a asa é mais procurada pela população de menor poder aquisitivo e o peito é considerado mais nobre. “A dinâmica é a mesma: filé mignon suíno [nobre] contra costelas [acessível], por exemplo”, cita Lygia sobre os cortes de carne suína mais consumidos pela população, dependendo da renda. Preços A diferença de preços entre as carnes procuradas pelos brasileiros é notável e isso ajuda a orientar a demanda, de acordo com a classe social. Na semana passada, o frango resfriado custava em média R$ 6,10 o quilo no atacado em São Paulo, segundo dados da Scot Consultoria. As carcaças de suínos vendidas no atacado custavam R$ 10,60 o quilo. No segmento de carne bovina, um dos mais baratos foi o chuck front cut, que custa R$ 18,94 no atacado em São Paulo. Já a picanha A e o filé mignon sem barbante custam mais de R$ 50 o quilo. “A carne bovina é menos competitiva em relação ao frango e à carne suína, dado o aumento dos preços da carne bovina castrada e das carcaças de novilhas, em contraste com a queda nos preços do frango e da carne suína”, disse Scot em relatório. Tributação O presidente Lula defendeu que deveria haver uma separação entre os cortes incluídos no alívio da cesta básica. Pela proposta oficial do próprio governo, as proteínas animais estariam na chamada cesta básica ampliada, com alíquota de 40% do padrão. “Eu sou a favor [à inclusão da carne na cesta básica na reforma tributária]. Possui vários tipos de carne. Carne sofisticada pode pagar um pequeno imposto. O frango, o músculo, o mandril, o colchão macio, tudo isso pode ser evitado [de pagar tributo]. Acho que precisamos colocar a carne na cesta básica, sim, sem pagar impostos”, disse ele em entrevista à Rádio Sociedade, de Salvador (BA). Saiba mais taboola Na opinião do diretor da Agrifatto, tributar o os cortes mais finos (ou caros) distanciarão ainda mais a população média deste produto. “Eu diria que isto pode ser considerado uma forma de reforçar a desigualdade. Quem tem dinheiro não será limitado”, disse ela. para deslocar a demanda para carnes mais baratas, como cortes bovinos para frango e suínos, “elite o consumo de carnes nobres”. O deputado federal Pedro Lupion (PP-PR), presidente da Frente Parlamentar da Agricultura (FPA), disse nesta terça-feira que o grupo ruralista continua defendendo a inclusão de proteínas animais entre os itens da cesta básica isenta. Segundo ele, já há acordo do grupo de trabalho da Câmara Federal sobre o tema.
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