Próxima tempestade solar pode acontecer a qualquer momento. Entenda | Empresas

Atualmente estamos no auge Ciclo Solar 25, que é marcado por um aumento significativo da atividade solar, segundo Joaquim Costa, chefe da divisão de astrofísica do Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe). Este pico de atividade solar poderá estender-se até 2026.

Em maio, uma tempestade solar do nível mais intenso causou aurora austral — fenômeno semelhante à aurora boreal, mas no Pólo Sul Magnético. Isso fez com que os céus da Argentina e do Chile adquirissem tons brilhantes de azul, rosa e vermelho, pegando a população de surpresa.

Apesar do monitoramento constante, Não existe tecnologia capaz de prever com precisão quando ou se ocorrerá uma forte tempestade geomagnética. De acordo com o meteorologista espacial da NOAA, Shawn Dahl, a instituição americana monitora a atividade solar e emite um alerta quando há previsão de impacto de uma tempestade geomagnética na Terra.

“Geralmente olhamos para indicadores que nos ajudam a determinar e prever a probabilidade de eventos no nível da escala de clima espacial NOAA. O Ciclo Solar 25 atingirá o seu pico ainda este ano ou em 2025. No entanto, isso não significa que a atividade irá cessar imediatamente, portanto durante este ano, em 2025 e até 2026, há chances de uma atividade mais forte ou maior”, diz Dahl ao o Valor.

O que são tempestades solares?

As tempestades solares ocorrem quando a alta atividade solar acaba expelindo plasma do Sol para o espaço. Quando direcionados para a Terra, esses eventos podem interagir com o campo magnético do planeta, resultando em tempestades geomagnéticasexplicam especialistas entrevistados pelo Valor.

Embora a probabilidade de grandes tempestades solares causarem impactos notáveis ​​seja baixa, eles ainda representam um risco para equipamentos de precisão e comunicação. As explosões solares são classificadas em cinco níveis de intensidade, de acordo com a NOAA, desde G1 (menor) para G5 (mais forte), sendo cada nível dez vezes mais intenso que o anterior.

Ó Alerta NOAA para a tempestade geomagnética deste fim de semana indica que a intensidade estará no nível G1, considerado o mais baixo. A expectativa é que o plasma expelido pelo Sol atinja a atmosfera terrestre entre esta sexta-feira (28) e sábado (29).

“Atualmente, há um evento que observamos em 25 de junho que pode impactar a Terra neste fim de semana. Esse evento foi uma ejeção de massa coronal, CME, que são erupções de material solar. As CMEs são mais lentas e podem chegar à Terra em 15 ou 18 horas, mas geralmente demoram de 2 a 4 dias”, explica Dahl.

Tempestades mais intensas podem afetar satélites

Costa explica que essas tempestades podem afetar significativamente a ionosfera, tornando-a mais condutiva e dificultando as correntes elétricas. Podem causar interferência em sistemas de comunicação autónomos, como os utilizados na mineração, agricultura e aeroportos..

Segundo o astrofísico, as tempestades geomagnéticas podem afetar sistemas de transmissão de rádio, internet, eletricidade e até GPS. Além disso, uma das principais consequências de uma tempestade geomagnética, segundo Costa, é a potencial interrupção ou interrupção nos sistemas de comunicações, incluindo satélites.

“Se a tempestade solar for muito intensa, pode produzir vários defeitos [nessas áreas]. Usamos a ionosfera como espelho e, em certas frequências de rádio, somos obrigados a passar pela ionosfera para falar acima dela. Por exemplo: os satélites de órbita baixa têm 600 km de altura; médio, 1.000 km; e satélites geoestacionários, 36 mil km. A ionosfera está lá no meio, [então] quando há turbulência causada por uma tempestade solar, os satélites não conversam entre si”, explica Costa ao Valor.

Segundo Costa, apesar dos possíveis impactos, para que uma tempestade solar fosse perceptível em dispositivos comuns, como celulares, e causasse danos maiores na Terra, seria necessário um evento acima do nível G4.