Diante da realidade do pouco incentivo dos pais à prática esportiva e de cada vez mais entretenimento eletrônico nas mãos, a chegada das Olimpíadas de Paris tornou-se uma ferramenta valiosa para os professores de educação física tentarem aumentar o engajamento dos alunos com o esporte. Os jogos, segundo especialistas, geram esperança de começar a reverter a tendência do sedentarismo entre crianças e adolescentes, situação que leva a projeções preocupantes em relação ao sobrepeso e à obesidade entre esse público.
Segundo dados do Ministério da Saúde organizados pela LifesHub, empresa especializada em inteligência para o setor saúde, de 2012 a 2022 o percentual de jovens de 10 a 19 anos com diagnóstico de sobrepeso, obesidade ou obesidade grave passou de 21% para 31%. . Para as crianças de 5 e 9 anos, a proporção passou de 26,7% para 31,4%.
Segundo análise do Itaú Social, que atua em programas para melhorar a educação pública no Brasil, crianças e jovens podem ser mais ativos apenas se movimentando mais, e isso torna as aulas de educação física mais importantes do que a maioria dos educadores considera quando debatem a qualidade da educação .
“A relação entre esporte e desenvolvimento humano integral é talvez a menos valorizada entre todas aquelas que compõem o currículo escolar do ensino fundamental e médio, não só no Brasil, mas em todo o mundo. Isso acontece não apenas por uma visão produtivista da educação, mas principalmente pelo puro e simples desconhecimento de como o esporte e a atividade física podem contribuir para o desenvolvimento humano integral”, aponta o relatório Itaú Social.
A análise defende ainda que o desporto, ao contrário de disciplinas como a história ou a geografia, pode promover um transbordamento de efeitos que vão muito além da melhoria da saúde e do desenvolvimento físico de crianças e jovens.
A superintendente do Itaú Social, Patrícia Mota Guedes, lembra que dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que, atualmente, três em cada quatro adolescentes brasileiros não praticam atividade suficiente. “Isso significa que 84% dos jovens entre 11 e 17 anos não praticam nem uma hora de atividade física por dia, o que só reforça a importância da presença do esporte e da indução do movimento na vivência escolar.”
Para Guedes, além da educação física, a conscientização em torno das Olimpíadas, se bem explorada, pode ajudar professores de todas as disciplinas a engajar mais os alunos, desde matemática e geometria até geografia e história devido ao repertório cultural do evento. “Tudo isso faz parte de um conceito de educação integral em que professores, gestores, alunos e famílias reconhecem que o desenvolvimento físico de crianças e adolescentes está estritamente ligado ao desenvolvimento social e emocional.”
“Percebemos isso diariamente. Esta tendência para um estilo de vida sedentário é auxiliada por novas formas de relações sociais. Mas acredito que essa realidade não seja inevitável”, afirma o professor de educação física Diego Jaboa, que leciona do 1º ao 9º ano do ensino fundamental na escola municipal Harry Forssell, em Itanhaém, São Paulo. O nome é uma homenagem a um nadador da cidade que participou das Olimpíadas de 1932.
84% dos jovens de 11 a 17 anos não praticam nem uma hora de atividade física por dia”
— Patrícia Mota Guedes
Segundo o professor, a falta de equipamentos públicos de qualidade para a prática esportiva com segurança na maioria das cidades brasileiras, principalmente nos bairros periféricos, também contribui para o baixo nível de prática de exercícios entre crianças e jovens.
Jaboa destaca o papel dos professores e das escolas no enfrentamento do tema e afirma que os educadores são fundamentais no trabalho de evitar que projeções negativas se concretizem. Segundo estimativa do Atlas Mundial da Obesidade, o Brasil poderá ter até 50% da população entre 5 e 19 anos obesa ou com sobrepeso em 2035. Para ele, a comoção e o interesse gerados pelas Olimpíadas não podem ser desperdiçados.
“As escolas têm de dar às crianças a oportunidade de aprenderem outros gestos além do futebol, e os Jogos Olímpicos ajudam-nos a despertar esse interesse. O desafio é aproveitar o período do evento para fazer isso”, afirma.
A alfabetização corporal dos adolescentes, principalmente da cintura para cima, é “muito ruim”, afirma a professora. A partir dessa observação, ele introduziu aulas básicas de beisebol, golfe, badminton, tênis e até curling no planejamento para melhorar a coordenação motora, principalmente para os alunos dos anos iniciais “As crianças adoram aprender novos esportes e é fundamental que a cultura esportiva entre nelas desde os primeiros anos de vida.”
Jaboa relata o caso de um aluno que demonstrava pouco entusiasmo, mas que se empolgou após ter contato com o beisebol na escola. “Nem todas as crianças gostam de futebol. É importante ampliarmos o leque para interessar a todos, pois a saúde física também contribui para a saúde mental dos jovens”, observa.
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