O IPCA-15, conhecido como ‘prévia da inflação’, subiu 0,30% em julho ante junho, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O indicador desacelerou frente ao verificado em junho, quando subiu 0,39%.
O índice ficou acima da mediana das expectativas das 28 casas ouvidas pelo Valor Data, que apontava inflação de 0,23%. As projeções variaram de alta de 0,11% a alta de 0,32%.
Nos últimos 12 meses, o IPCA-15 acumulou 4,45%, acima dos 4,06% observados nos 12 meses imediatamente anteriores. Em julho de 2023, a taxa ficou negativa em 0,07%.
Diferença do IPCA-15 para IPCA
Embora seja conhecido como “prévia da inflação” por antecipar o IPCA, o IPCA-15 mede nada mais, nada menos que a própria inflação, apenas em outro período.
A diferença prática em relação ao IPCA é que a “prévia” mede a inflação no dia 15 de um mês e outro, enquanto a inflação “oficial” mede a variação do início ao final daquele mês fechado.
E o que isso significa para o meu bolso?
Um dos efeitos mais objetivos da inflação é o aumento do preço das coisas., geralmente sentida no bolso dos consumidores quando fazem compras. Isso porque a inflação mostra que, em geral, as coisas estão mais caras. No entanto, uma segunda consequência do aumento dos preços diz respeito aos investimentos. O aumento (ou corte) da taxa de juros depende da inflação, porque um dos instrumentos que o Banco Central tem para controlar o aumento dos preços é justamente alterar a taxa Selic.
Assim, Quando a inflação está alta, a autoridade monetária aumenta as taxas de juros para “tornar o dinheiro” mais caro. Com isso, os empréstimos e financiamentos (tanto de consumidores quanto de empresas) ficam mais caros. Assim, há menos consumo, menos dinheiro em circulação. Como resultado, os preços tendem a cair novamente. Com isso, a inflação volta aos trilhos.
O mesmo acontece no cenário oposto. Se a subida dos preços estiver sob controlo, a autoridade monetária pode cortar as taxas de juro (e, portanto, o “dinheiro mais barato”) para encorajar as pessoas e as empresas a gastar sem que isso comprometa os seus bolsos, pois a subida dos preços está em ordem. E isso serve de estímulo para a economia crescer.
Atualmente, o Banco Central interrompeu a sequência de cortes da Selic que ocorria desde agosto do ano passado. O motivo da mudança foi justamente a preocupação com a inflação.
Na ata da última reunião do Copom, o BC informou que o cenário tornou-se mais desafiador e “as expectativas de inflação mostraram desancoragem adicional desde a reunião anterior”, quando a autoridade monetária reduziu o ritmo dos cortes, que era de 0,5 ponto percentual. para apenas 0,25 pontos percentuais.
Para quem não sabe, Estas “expectativas não ancoradas” nada mais são do que projeções de inflação distantes da meta perseguida pela autoridade monetária no chamado “horizonte relevante” da política monetária. Neste caso, de 2024 em diante. Nos próximos anos, a meta é de 3% ao ano, mas as projeções dos economistas ouvidos pelo Boletim Focus mostram que as expectativas são de que a inflação fique acima deste patamar.
No documento, o Banco Central afirma que “a política monetária deve permanecer contracionista por tempo suficiente” e reforçou que “quaisquer ajustes futuros na taxa de juro serão ditados pelo firme compromisso de convergência da inflação para a meta”.
O comunicado sugere, portanto, que o futuro da Selic depende de indicadores futuros, principalmente do que deve acontecer com a inflação. Portanto, ao apresentar desaceleração, o IPCA-15 pode trazer um pouco de bom humor ao pregão. Por outro lado, o indicador ficou acima do esperado, o que pode ser visto com cautela. Agora é esperar e ver como o mercado responderá aos números.
O que subiu e o que caiu?
Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, sete aumentaram em julho, segundo o IBGE.
A maior variação e o maior impacto positivo veio dos Transportes, que subiu 1,12%. Em seguida, aparece o item Habitação com alta de 0,49%. O grupo Alimentação e bebidas, por outro lado, caiu 0,44%, após oito meses consecutivos de altas. As demais variações foram entre leve queda de 0,08% em Vestuário e alta de 0,33% em Saúde e cuidados pessoais.
No grupo Alimentação e bebidas, que aumentou 0,44%, a alimentação no domicílio diminuiu 0,70% em julho. Contribuíram para este resultado as quedas da cenoura (queda de 21,60%), tomate (queda de 17,94%), cebola (queda de 7,89%) e frutas (queda de 2,88%). Do lado das altas, os destaques ficam com o leite longa vida (com alta de 2,58%) e o café moído (que aumentou 2,54%).
A alimentação fora do domicílio, por sua vez, subiu 0,25%, mas desacelerou em relação ao mês de junho, quando subiu 0,59%.
No grupo Habitação, o aumento de 0,49% foi influenciado principalmente pela energia elétrica residencial, que subiu 1,20%. Em julho, entrou em vigor a bandeira tarifária amarela, que acrescenta R$ 1.885 a cada 100 kWh consumidos.
No grupo Transportes, o aumento de 1,12% foi justificado pelo aumento de 19,21% nas passagens aéreas no índice de julho. Em relação aos combustíveis, houve aumento de 1,39%. A gasolina subiu 1,43%, o etanol subiu 1,78% e o óleo diesel teve leve alta de 0,09%. Por outro lado, o gás veicular caiu 0,25%.
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