O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, afirmou nesta sexta-feira (16) que todos os diretores da autoridade monetária estão adotando basicamente um discurso seguindo o que estava escrito no comunicado oficial do Comitê de Política Monetária (Copom). Assim, tentam dizer que não há “guidance” (sinal) para a política monetária, mas que tudo o que for necessário será feito para trazer a inflação para a meta, “inclusive se for necessário aumentar os juros, faremos isto”.
Mas Campos Neto também fez leituras mais otimistas sobre o cenário na perspectiva do controle da inflação. Segundo o presidente do BC, a expectativa é que os próximos números da inflação sejam menores no Brasil. A inflação acumulada em 12 meses em julho foi de 4,50%, teto da faixa de flexibilização do IPCA. A meta para este ano é de 3% com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima e para baixo.
“Achamos que os próximos números da inflação serão menores, o mercado também pensa que vamos nos aproximar de um número próximo de 4%”, afirmou, durante evento do Barclays.
Campos Neto afirmou que houve aumento do prêmio de risco e percepção de desancoragem das expectativas em termos de política monetária e de política fiscal. Com base nesse cenário, ele destacou que o BC tem se comunicado de forma mais coesa e acredita que o prêmio associado a esse risco “caiu um pouco”.
As expectativas de inflação coletadas no relatório Focus vêm subindo desde meados de abril, quando estavam em 3,7% neste ano e chegaram a 4,20% na semana passada. Para 2025 também houve esse movimento, passando de 3,52% no início de abril para 3,97% em agosto.
“Ainda vemos que, principalmente no longo prazo, o desancoramento (das expectativas) não está voltando à meta.”
Para ele, é um jogo de credibilidade, “temos que continuar mostrando coerência e concatenar ideias de forma que as pessoas entendam a mensagem”.
O chefe da agência destacou sua convicção de que as pessoas entendem que, independentemente de quem estará à frente do BC e de quem serão os diretores, a direção é estabelecida com o entendimento de que a meta é determinada pelo governo e que o BC irá faça o que for necessário. para alcançá-lo.
A ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) indicou que o colegiado avaliará a melhor estratégia para taxas de juros entre duas:
- Em primeiro lugar, a manutenção da taxa de juro “por tempo suficiente” trará a inflação para a meta ao longo do horizonte relevante, atualmente o primeiro trimestre de 2026.
- Caso contrário, o conselho afirmou que “não hesitará” em aumentar as taxas de juro para garantir o cumprimento da meta de inflação “se considerar apropriado”.
No balanço de riscos, em que o Copom menciona os principais riscos positivos e negativos para o cenário inflacionário, a ata traz a notícia de que vários membros enfatizaram que haveria uma “assimetria no equilíbrio de riscos”.
Entre os riscos positivoso Copom destacou “uma desancoragem das expectativas de inflação por um período mais longo; maior resiliência na inflação dos serviços do que o previsto devido a um hiato do produto mais reduzido; e uma conjunção de políticas económicas externas e internas que têm um impacto inflacionário, por exemplo, através de uma taxa de câmbio persistentemente mais depreciada”.
Nesse sentido, o presidente do BC destacou que os números da economia são muito fortes. Sobre a inflação, afirmou que, à margem, há alguns sinais um pouco preocupantes nos serviços e como esta se relaciona com a intensidade do trabalho.
Ambos riscos negativos são “um abrandamento da actividade económica mundial mais pronunciado do que o projectado” e “os impactos do aperto monetário na desinflação global são mais fortes do que o esperado”.
Com informações do Valor PRO, serviço em tempo real de Valor Econômico.
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