Ó prefeito em São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), afirmou nesta sexta-feira (28) que, caso aprovado no Câmara Municipalvetará o lei que prevê multa de trânsito de R$ 17 mil para quem doe comida para o pessoas sem-teto da cidade e não possui registro formal.
O Legislativo municipal aprovou em primeira votação um projeto de lei que propõe protocolos para doação de alimentos a moradores de rua e multas para quem fizer doações fora do prazo. Grupos sociais temem que a medida dificulte o apoio à população pobre.
“Se aprovado com esse texto, que prevê sanção Isso é punição, com certeza vou vetar. Tenho um sentimento de gratidão às entidades [que doam alimentos]. Temos que apoiar as pessoas que fazem esse trabalho”, disse ela.
O prefeito, que vem acenando para o Bolsonarismo De olho no eleitorado do ex-presidente Jair Bolsonaro, ele destacou que uma lei não é a forma correta de tratar o tema. “Você faz isso através do diálogo”, disse ele. Mencionou ainda que Prefeitura de São Paulo distribui 82 mil refeições diariamente.
Como chefe do Executivo municipal, Nunes tem o poder de sancionar, sancionar com vetos ou vetar integralmente qualquer projeto de lei aprovado pelos vereadores.
A primeira votação do projeto aconteceu na quarta-feira (26) e ainda é necessária uma segunda análise. O texto recebeu 14 votos contrários, de integrantes das bancadas do PT e do Psol. A Câmara é composta por 55 vereadores. O autor do projeto é Rubinho Nunes (União), o mesmo vereador que, nos últimos meses, tentou entrar com uma ação IPC para investigar o Padre Júlio Lancellotticonhecido por seu trabalho voltado para moradores de rua.
O vereador comemorou o resultado e classificou seu projeto como “o fim do tráfico de marmitas”. “Enquanto eu for vereador não vou dar vida fácil a essas ONGs do centro de SP e a esses militantes do Júlio Lancellotti”, escreveu. Ao justificar o projeto de lei, o vereador afirma que o objetivo é “garantir segurança, qualidade e transparência nas ações assistenciais”, e que é dever da prefeitura fiscalizar a prestação desse tipo de serviço.
O Projeto 445/2023 exige que as ONGs só possam doar alimentos se estiverem cadastradas e autorizadas pelos órgãos municipais – com aprovação de pelo menos três secretarias. Exige também práticas de cuidado (como instalação de barracas) e cadastro atualizado dos voluntários e até mesmo das pessoas atendidas.
O grupo Ação de Cidadania manifestou repúdio e preocupação com a proposta. Na avaliação da entidade, o projeto dificulta o funcionamento das organizações, além de restringir o número de beneficiados. Segundo levantamento divulgado em janeiro deste ano, cerca de 62 mil pessoas vivem nas ruas da capital, com base em dados do Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico).
“Proibir e dificultar a doação de alimentos não é apenas desumano, mas também vai contra tudo o que acreditamos e lutamos diariamente. A estratégia deles é burocratizar para desestimular a solidariedade”, afirmou a Ação Cidadania.
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