Volumes de recursos abaixo das expectativas de federações e associações de produtores Os anúncios feitos pelo governo federal no Plano Safra 24/25 foram criticados por entidades representativas dos produtores brasileiros. Volumes de recursos abaixo do esperado, taxas de juros e condições de financiamento foram os principais alvos das federações e associações setoriais. Leia também Agricultura empresarial terá R$ 400,59 bilhões em crédito rural Aumenta limite de crédito para linhas de investimentos Lula diz que PT fez Plano Safra melhor que outras gestões Na avaliação da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), montante de recursos destinados ao Plano Safra 2024/25, da ordem de R$ 400,59 bilhões, ficou aquém das expectativas da entidade, que esperava pelo menos R$ 570 bilhões. Para Bruno Lucchi, diretor técnico da CNA, os números podem dificultar o acesso dos produtores ao crédito, já que estão descapitalizados no momento, segundo ele. “A margem do produtor caiu 30% na safra passada. Com essa redução drástica na sua rentabilidade, ele não tem capital próprio e terá dificuldade no mercado privado em buscar esse crédito”, disse ele em conversas com jornalistas após o lançamento do Plano Safra. Ao falar dos recursos para o Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR), Lucchi disse ainda que os valores anunciados pelo governo, R$ 210,9 milhões, ficaram abaixo do esperado. “Esperávamos um aumento de R$ 1 bilhão, para totalizar R$ 3 bilhões este ano. Vamos levar essa proposta ao ministro [da Fazenda, Fernando Haddad] para debater no orçamento no final do ano”, destacou Lucchi. Por fim, o dirigente destacou como positivo o aumento do volume de recursos para equalização de juros do Plano Safra de 13% para 16%, mas destacou que espera um aumento na ordem de 21% “Não atende às demandas”, diz Aprosoja A Associação Brasileira dos Produtores de Milho e Soja (Aprosoja Brasil), informou hoje que o volume de recursos anunciado pelo governo federal para o Plano Safra 2024/25. , bem como as condições da política agrícola, são insuficientes para atender às demandas da produção brasileira Segundo o presidente da Aprosoja Brasil, Maurício Buffon, a maior parte dos recursos não tem equalização de juros, por isso, o governo está. não contribuir para limitar o custo do dinheiro para os produtores rurais “O ano de 2024 está sendo bastante desafiador e, infelizmente, o governo não está ajudando em nada o setor”, disse o diretor, em nota de Lucas Costa Beber, presidente da. Aprosoja-MT, ao comunicado. Considerando a taxa de inflação, os recursos a juros controlados foram reduzidos. “O PAPA [Plano Agrícola e Pecuário] deixou a desejar na disponibilidade de recursos controlados. Um aumento nominal de 1% nos recursos não cobre sequer a desvalorização do real face à inflação de 4,86% em 2023. Ou seja, um aumento negativo, traduzindo-se numa redução dos recursos controlados disponíveis, numa economia com inflação esperada de 4% para 2024”, destacou o diretor. A entidade lembra que em março deste ano enviou sugestões ao governo solicitando aumento de recursos para o Programa de Construção de Armazéns (PCA), com limite de mutuários para “pulverizar” esses recursos e evitar que sejam concentrados em grandes produtores e cooperativas . “Vamos acompanhar a regulamentação para ver se essa limitação foi incorporada e se está alinhada com os objetivos do PCA”, aponta o presidente. O Plano Safra 24/25 prevê R$ 3,3 bilhões para estruturas de armazenamento com capacidade de até 6 mil toneladas, com taxa de juros de 7% ao ano e R$ 4,5 bilhões para estruturas com capacidade acima de 6 mil toneladas, com taxa de juros de 8,5%. Mato Grosso pode armazenar cerca de metade de sua colheita, com menos de 15% dos armazéns localizados em propriedades rurais, segundo a Aprosoja. Faltaram recursos, diz Abramilho O presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Milho e Sorgo (Abramilho), Paulo Bertolini, criticou os recursos para subsídio do Plano Safra 2024/25 anunciados. “Tínhamos solicitado R$ 22 bilhões de subsídio e o total solicitado chegou a R$ 16,3 bilhões, portanto abaixo do que esperávamos como ideal para o momento atual da agricultura brasileira”, destacou o executivo. O presidente da Abramilho destacou ainda que os recursos para irrigação, de R$ 2,6 bilhões, e armazenamento, de R$ 7,8 bilhões, ficaram abaixo do valor solicitado ao governo, que foi de R$ 3 bilhões e R$ 15 bilhões, respectivamente. “O Brasil tem um déficit de armazenamento de 120 milhões de toneladas e a cada ano cresce 5 milhões por falta de financiamento. Portanto, a nossa expectativa é que o déficit de armazenamento continue crescendo”, destacou Bertolini. “Balde de água fria” Na avaliação da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep), o anúncio do Plano Safra 2024/25 pelo governo federal jogou um “balde de água fria nas expectativas do setor produtivo” . Em nota, a entidade disse que os R$ 476 bilhões em crédito rural para a nova temporada estão abaixo dos R$ 565 bilhões reivindicados pelos produtores rurais. Em relação às taxas de juros, a entidade criticou o valor reservado para equalização. A solicitação do setor produtivo era de um valor acima de R$ 20 bilhões, mas o orçamento ficou abaixo, em R$ 16,7 bilhões (R$ 6,3 bilhões para a agricultura convencional e R$ 10,4 bilhões para a agricultura familiar). “Estamos preocupados com essas taxas de juros, que variam de 8% a 12%. Tínhamos solicitado que a alíquota máxima fosse de 9% para algumas linhas de investimento, aquelas que têm prazo de pagamento maior. Taxas acima de dois dígitos não incentivam os produtores a realizar novos investimentos”, destaca Ana Paula Kowalski, técnica do Departamento Técnico e Econômico (DTE) da Faep. A federação estendeu suas críticas aos valores anunciados para o Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR). Apesar do pedido de complementação de R$ 2,1 bilhões do governo federal, o anúncio foi de R$ 210,9 milhões. “O acesso ao seguro é ainda mais importante neste momento, porque tivemos mudanças importantes nas regras do Proagro, que encareceram o programa, praticamente impossibilitando a contratação. No entanto, o subsídio anunciado ficou muito aquém das expectativas e deveremos ver ainda menos produtores a aderirem a apólices”, destacou Ana Paula. Valores precisam ser “efetivos”, diz Farsul Os números anunciados pelo Governo Federal no Plano Safra 2024/25 são “superlativos”, mas é importante que sejam efetivamente concedidos aos produtores brasileiros. Essa é a preocupação do economista-chefe da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Antônio da Luz. Segundo o economista, no último Plano Safra não ocorreu a destinação de recursos anunciada pelo governo. Análise feita pela Farsul mostra que, dos R$ 435 bilhões anunciados para grandes, médios e pequenos produtores, apenas R$ 369,2 teriam sido efetivamente concedidos, valor 15% inferior ao anunciado. Da Luz elogiou a destinação de R$ 210,9 milhões do Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR) em recursos extras para apoiar a contratação de produtores rurais do Rio Grande do Sul afetados pelas fortes chuvas de maio. “Esse apoio, com maior percentual de subsídio do prêmio e, consequentemente, maior orçamento local, foi o melhor do Plano Safra. Os seguros para o Rio Grande do Sul ficaram muito melhores. Resta agora ver se as seguradoras vêm, mas o governo tem feito a sua parte nesse sentido”, afirmou.
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