Na mesma sala, no centro da capital paulista, representantes do Banco Central, da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), da Superintendência de Seguros Privados (Susep), do Ministério da Justiça, da Receita Federal, da Federação de Bancos (Febraban), Tribunal de Justiça e professores da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. O tema da discussão: o ecossistema criptográfico.
Definitivamente, as criptos saíram do ideal libertário e foram adotadas pela sociedade “tradicional” e, portanto, devem ser inseridas de forma organizada e regulamentada.
Especialistas no assunto de cada instituição e órgão se reuniram, na última sexta-feira, no Seminário “Criptoativos e lavagem de dinheiro: regulação e desafios atuais”, para apresentar a um grande público de jovens interessados as ações que estão sendo realizadas para estabelecer padrões de esse mercado crescente, que movimenta muitos bilhões de reais (e dólares) diariamente.
No evento, organizado por Pierpaolo Cruz Bottini, coordenador do grupo de pesquisa sobre lavagem de dinheiro e criptoativos da Faculdade de Direito da USP, as apresentações confirmaram que a tecnologia trazida pela criptografia em redes descentralizadas de dados (blockchains) proporcionará grande desenvolvimento no setor financeiro e mundo do capital, além de promover novas formas de investimento e negócios.
Mas, segundo os participantes do seminário, este ecossistema inovador não pode tornar-se uma terra de ninguém, sem boas regras de funcionamento e boas práticas, que garantam (se não total, pelo menos em grande parte) segurança e protecção ao sistema financeiro global e às famílias. poupanças, coibir crimes e punir criminosos.
A discussão é global e o Brasil tem se destacado na evolução regulatória, atuando nesse sentido desde 2017, como destacou Jean Uema, Secretário Nacional do Ministério da Justiça.
Em 2017, a Enccla (Estratégia Nacional de Combate à Corrupção e à Lavagem de Dinheiro), criada pelo Ministério da Justiça, estabeleceu entre suas ações para o ano “elaborar um diagnóstico sobre a situação atual no uso de moedas virtuais e meios de pagamento eletrônicos”.
Desde então, a Enccla inclui o tema – com as necessárias atualizações terminológicas – em suas ações anuais, em conformidade com as recomendações do GAFI (Grupo de Ação Financeira), entidade intergovernamental criada pelos países membros da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico).
Uema comentou que assim como “há uma restrição excessiva à circulação de pessoas ao redor do mundo, há uma liberdade excessiva de circulação de ativos ao redor do mundo” e reforçou que a atuação no universo criptográfico deve, inicialmente, ser preventiva.
O Marco Legal dos Criptoativos, de novembro de 2022, definiu o Banco Central como responsável pela regulação do mercado de criptoativos no Brasil. A autoridade está trabalhando em conjunto com a sociedade e os participantes do mercado na construção da chamada norma infralegal, como destaca Antônio Marcos Guimarães, consultor do Departamento de Regulação do Sistema Financeiro do Banco Central.
O BC já realizou consulta pública para compor as normas e deve lançar a segunda, com minuta de proposta, em outubro, segundo Guimarães. Ele destacou que esta primeira parte tem como foco estabelecer as regras para a atuação dos provedores de serviços de ativos digitais (VASPs) no Brasil, incluindo plataformas de negociação e custodiantes.
Porém, um dos temas que mais tem chamado a atenção das autoridades – a intensa transação com stablecoins, as “criptomoedas dólar” – será tratado separadamente, em discussão que deverá ocorrer no próximo ano.
Marina Copola, diretora da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), confirmou que novas diretrizes no âmbito do mercado de capitais também deverão ser divulgadas até o final de 2024. Ela reforçou que “inovação e incerteza andam de mãos dadas”, mas que Os desafios que o regulador enfrenta agora não são maiores nem mais difíceis do que nos momentos disruptivos pelos quais a CVM passou desde que foi criada.
“A definição de segurança já existe”, disse Copola sobre a questão que permeia a definição de criptoativos. “Temos um marco regulatório, o que precisamos discutir está nos detalhes. O que está faltando?”
Entre os “detalhes”, ela exemplifica que determinados criptoativos possuem características tanto de CIC (Contrato de Investimento Coletivo), um derivativo, quanto de stablecoin, uma criptomoeda pareada e lastreada em ativos reais.
Ela cita ainda que, outro pilar da atuação da CVM, está focado em promover estabilidade, segurança e credibilidade na adoção de criptoativos no mercado tradicional.
Essa segurança e credibilidade também é um dos papéis da Receita Federal, que desenvolveu uma nova ferramenta tecnológica para monitorar transações com criptoativos. Andrea Costa Chaves, subsecretária de fiscalização da Receita, destacou que a troca de informações entre os países é um dos pilares para melhorar a regulação do mercado, a fim de garantir a transparência e coibir a evasão e a evasão fiscal.
A nova ferramenta também deverá fornecer à sociedade dados sobre a movimentação de cada tipo de criptomoeda no país, por pessoas físicas e jurídicas, e se em plataformas nacionais ou estrangeiras. A divulgação desses dados ocorreu mensalmente até novembro de 2023, mas foi suspensa justamente por conta dessa migração tecnológica.
Isaac Sidney, presidente da Febraban, destacou que o caminho para regular o mercado de criptoativos é muito diferente em cada país, desde a China, que o proibiu, até El Salvador, que adotou o bitcoin como moeda nacional.
No Brasil, a norma deve considerar a proteção do consumidor, a poupança da população e a estabilidade do sistema financeiro, reiterou Sidney, acrescentando que a prevenção da lavagem de dinheiro e a promoção do desenvolvimento económico e da inovação andam de mãos dadas.
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