Uma empresa de capital brasileiro e americano deu o primeiro passo no comércio internacional de DDG com o envio de três lotes para a Indonésia. Pioneira na produção de etanol de milho no Brasil, a FS Fueling Sustainability, de capital americano e brasileiro, deu o primeiro passo no comércio internacional de grãos secos de destilaria (DDG). Este ano, três pequenos lotes já foram embarcados para a Indonésia. Leia mais Produção de DDGS deve crescer 31,6% na safra 2024/25, estima Unem Inpasa, de etanol de milho, investe R$ 5 bilhões em duas novas usinas Comissão do Senado aprova isenção de PIS/Cofins para farelo e óleo de milho DDG é coproduto da fabricação do etanol a partir do milho e é utilizado na alimentação animal. Segundo Brian Mike, gerente de vendas de produtos para nutrição animal, a empresa já comercializa DDG (ou farelo de milho) no Brasil, mas adiou o início das exportações porque precisava aumentar a produção para ter escala para atender os clientes estrangeiros. O plano inicial é exportar de 10% a 12% da produção anual, que atualmente é de 1,8 milhão de toneladas. O Brasil já exporta DDG desde 2021, segundo a União Nacional do Etanol de Milho (Unem). Mas, até 2023, os embarques de grãos secos destilados com solúveis (DDGS) eram feitos exclusivamente pela Inpasa, que possui três fábricas. A FS possui três unidades — em Lucas do Rio Verde, Sorriso e Primavera do Leste — todas no Mato Grosso, e capacidade total para moer 5,1 milhões de toneladas de milho por ano. A empresa, que faturou R$ 7,6 bilhões na safra 2022/23, pretende construir mais três fábricas no Estado, em Querência, Campos Novos e Nova Mutum. A expansão visa dobrar a produção de etanol em 2026 para 5 bilhões de litros e atingir 4 milhões de toneladas de DDG. Segundo a empresa, o terreno foi adquirido e as licenças de construção já foram emitidas. Mas o FS não revela o valor do investimento. Assim como no caso das unidades existentes, as cidades foram escolhidas para receber as novas unidades por estarem a uma distância média de 150 km dos principais fornecedores de milho. O gerente executivo de nutrição animal da FS, Victor Trenti, afirma que além de aumentar a produção de insumos, a empresa também investiu em tecnologia para desenvolver um DDG premium voltado para exportação, o HPDDG (DDG com alto teor de proteína), com 73,7% de Profat — bruto. proporção de proteína combinada com proporção de gordura. Victor Trenti, gerente executivo de nutrição animal da FS: empresa investiu em DDG “premium” com mais proteína Divulgação “O HPDDG é um produto novo, que garante redução de custos de 15% em relação ao farelo de soja. Além de atender à crescente demanda do mercado brasileiro, achamos importante exportar o farelo porque a produção vai crescer muito”, afirma Mike. Segundo ele, a FS é a primeira empresa brasileira a utilizar a tecnologia americana de separação de fibras ICM para produzir três diferentes produtos de nutrição animal. Além do HPDDG, produz grãos de destilaria FS Ouro (farelo de milho seco com solúveis) e FS úmido (farelo de milho úmido com solúveis). Os produtos são vendidos para criadores de bovinos, suínos, aves, tilápias e animais de estimação. Um grande cliente é a unidade de aves e suínos da BRF em Lucas do Rio Verde, que há seis anos utiliza DDG na ração distribuída aos seus produtores integrados. Segundo Jordana Tonial, coordenadora de gestão da unidade BRF, as vantagens do DDG em relação aos demais componentes da ração, como o farelo de soja, são maior conversão alimentar e maior digestibilidade pelos animais. Texto inicial do plugin A fábrica de Lucas do Rio Verde recebe 12,5 mil toneladas de milho por dia em seus três armazéns. Antes de entrar nos armazéns, o milho passa por monitoramento de umidade, pragas e danos. A indústria tem capacidade para produzir 619 milhões de litros de etanol por ano e 449 mil toneladas de farelo. A unidade Primavera do Leste produz 672 milhões de litros de etanol e 528 mil toneladas de DDG. A maior unidade da FS, inaugurada em 2020, fica em Sorriso, e tem capacidade de produção de 982 bilhões de litros de etanol e 837 mil toneladas de DDG. A empresa é resultado de uma joint venture entre o American Summit Agricultural Group — que tem sob seu guarda-chuva a segunda maior usina de etanol de milho dos Estados Unidos — e a Tapajós Participações, do empresário e agricultor Marino Franz, de Lucas do Rio. Verde. Grande produtor de milho, soja, algodão, bovinos, suínos e aves de Mato Grosso, Marino Franz foi a Iowa, nos EUA, em 2015, para tentar convencer os americanos a investirem na produção de etanol aproveitando a oferta da segunda safra de milho. bruto. E ele conseguiu. Além dos planos de aumento da capacidade de produção de etanol e DDG, a FS tem dois novos projetos em desenvolvimento para aumentar a sustentabilidade da produção de biocombustíveis em suas unidades. O mais disruptivo envolve a injeção do dióxido de carbono resultante do processo produtivo em um poço de até 2 quilômetros de profundidade, para tornar a empresa a maior produtora de etanol líquido do mundo com pegada de carbono negativa. A outra prevê a utilização do bambu como biomassa na operação. Sustentabilidade O projeto de captura de carbono, denominado Beccs (Bioenergia com Captura e Armazenamento de Carbono), está em andamento na unidade de Lucas do Rio Verde há 18 meses. O plano é injetar 423 mil toneladas de dióxido de carbono no solo por ano (equivalente às atuais emissões de carbono das três unidades) de forma líquida durante 50 anos. No total, 12 milhões de toneladas de carbono serão armazenadas no subsolo. A estratégia é considerada uma das soluções para mitigar o aquecimento global. Segundo Dirceu Turco, gerente industrial da fábrica de Lucas do Rio Verde, este projeto alinhará a FS à estratégia de sustentabilidade alinhada ao propósito de transição energética. O CO² é gerado no processo de fermentação do etanol, mas atualmente esse gás não tem destino. É lavado e removido do etanol. “Nossa tecnologia de inserção de CO² na atmosfera visa pressurizá-lo com compressores a uma pressão suficiente para atingir uma profundidade de 2 quilômetros e armazenar o gás em uma rocha porosa, com outra rocha acima para proteção, garantindo que esse carbono fique selado no solo e impedindo seu retorno. à atmosfera ou qualquer contaminação de aquíferos.” O gerente afirma que testes geológicos já comprovaram há dois meses que há porosidade suficiente nas rochas da usina de Lucas do Rio Verde para absorver CO². A unidade Primavera do Leste não possui essa condição. Um poço já foi aberto próximo ao furo para monitorar a inserção do gás. Mas o Brasil carece de regulamentação dessa tecnologia, que já é utilizada nas indústrias americanas de etanol. “Os processos estão em andamento e a FS como protagonista está trabalhando com os órgãos reguladores brasileiros para se desenvolver. Em breve, começaremos a implementá-lo. Acreditamos que no final deste ano ou início de 2025 iniciaremos as aquisições para iniciar as operações em 18 meses”, afirma Turco. Em maio, a empresa anunciou que o investimento anunciado para construção da fábrica de Beccs é de R$ 360 milhões, além dos R$ 100 milhões investidos em estudos. Bambu para biomassa Para aumentar a disponibilidade de biomassa, considerada o principal gargalo para a expansão do setor de etanol de milho, a FS plantou 5 mil hectares de bambu como teste piloto em uma fazenda em Nova Mutum (MT) próxima a uma floresta de 5 mil hectares de eucalipto. No estado, a empresa possui área plantada de 40 mil hectares de eucalipto e 15 mil hectares de bambu e pretende expandir para 80 mil e 20 mil hectares, respectivamente. Leia mais Como plantar bambu Bambu passa de praga a gerador de renda no Acre Com corte a cada dois anos, o bambu oferece vantagens competitivas em relação ao eucalipto, que leva de seis a sete anos para ser cortado. Entre as vantagens estão o custo 20% menor, mais resistência à seca e múltiplas rebrotas — ou seja, o bambu não precisa de novas mudas após o corte e produz até 50 anos. Mas, por ser uma tecnologia nova e com poucas pesquisas em comparação aos 100 anos do eucalipto, é considerada uma plantação de risco. O maior desafio, segundo Leonardo Pacheco, gerente executivo de biomassa, é dominar a técnica de colheita do bambu. Há três meses, a indústria adquiriu um veículo alemão que está sendo testado durante a safra. Ela colhe, pica e transforma o bambu em lascas, prontas para se tornarem matriz energética da planta. Caso a tecnologia da máquina seja validada, o plano é adquirir mais quatro unidades e aposentar o equipamento hoje utilizado, um cortador de colheita de eucalipto com arrasto substituído por uma carregadeira. Hoje, o custo de produção de 1 m³ de bambu com essa adaptação é de R$ 45 reais. Com a máquina alemã, o custo cai para R$ 28 por m³. *O jornalista viajou a convite da Unem
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