O cálculo não está relacionado a setores com produção ambientalmente sustentável, segundo o conceito mais conhecido de “bioeconomia”.. Na metodologia FGV, a atuação da agricultura, pecuária, extrativismo vegetal, pesca e aquicultura, alimentos e bebidas, celulose e papel, têxteis, biocombustíveis, produtos de fumo, além de partes do setor de vestuário, calçados, madeira, farmoquímicos, borracha e plástico, móveis e eletricidade.
Em 2023, o destaque foram os setores de “bioeconomia primária”, que incluem as cadeias de valor da agricultura, pecuária, serviços florestais, pesca e aquicultura. Neste segmento o crescimento foi de 5,9%. Apenas a agricultura, por exemplo, cresceu mais de 15% devido aos ganhos de produção e produtividade.
Cícero Lima, pesquisador do Observatório de Bioeconomia da FGV, observa que “o avanço da biotecnologia, com pesquisas de novas cultivares (sementes) e adaptações às mudanças climáticas, fazem parte da bioeconomia”. “O investimento em investigação e inovação reflecte-se na produtividade e num maior crescimento produtivo e económico”, afirma.
Você outros segmentos do cálculo do PIB-Bio registraram queda em 2023. O mais pronunciado foi o do bioenergia, que caiu 15,1%, devido ao impacto da pressão nos custos de produção, afirma o pesquisador. “Embora a produção e a moagem de cana tenham batido recordes em 2023, o aumento dos custos da cadeia, como insumos e serviços, prejudicou o crescimento de toda a cadeia produtiva.”
No segmento de bioindústria — que abrange indústrias que transformam os produtos primários da bioeconomia em produtos de valor agregado e sua cadeia, com forte peso nas cadeias de alimentos e bebidas —, o resultado foi negativo em 1,3% no ano. Segundo Lima, “embora o setor industrial de alimentos e bebidas tenha crescido, as margens de distribuição, comércio e serviços ficaram mais caras, o que fez com que toda a cadeia se reduzisse em relação a 2022”.
O segmento classificado como “indústria com viés biológico”e que reúne todas as cadeias que possuem insumos biológicos em seu mix produtivoteve uma queda de 0,1%. Este segmento inclui, por exemplo, a indústria farmacêutica e de medicamentos. Segundo o investigador, esta indústria registou margens de distribuição e comercialização mais favoráveis no ano passado, o que resultou num desempenho praticamente equivalente ao do ano anterior.
Segundo Lima, o A expectativa para 2024 é de crescimento real. A bioeconomia primária, que registou progressos no primeiro trimestre, deverá desacelerar no resto do ano, de acordo com o comportamento sazonal, enquanto a bioindústria e a indústria com viés biológico deverão acelerar agora “justamente devido ao crescimento na demanda interna e na recuperação da economia brasileira, mesmo que lentamente”, observa.
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