O número de pedidos de seguro-desemprego vem crescendo nos últimos meses, apesar da força do mercado de trabalho brasileiro. Com o aumento dos pedidos do benefício, elegível para trabalhadores demitidos sem justa causa, o total pago pelo governo também aumentou significativamente, cenário que não deve amenizar no médio prazo, segundo economistas.
Os pedidos de seguro-desemprego aumentaram, no acumulado de 12 meses, de 6,98 milhões em julho de 2023 para 7,35 milhões em julho deste ano. Há dois anos, foram 6,46 milhões de solicitações, mostra levantamento feito pela LCA Consultores e disponibilizado ao Valor.
O número total de segurados também cresceu nos últimos dois anos, passando de 5,76 milhões em julho de 2022 para 6,15 milhões um ano depois e 6,32 milhões em julho deste ano – dados mais recentes.
A pesquisa lembra que a proporção de requerentes em relação ao total de demissões sem justa causa nos últimos 12 meses foi de 71,58% em junho – último dado disponível -, abaixo da média histórica de 76,2% e longe do pico de 89,3%. registrado em abril de 2021, durante a pandemia de covid-19.
A principal explicação para esse aumento é a boa situação do mercado de trabalho, com mais admissões e demissões sem justa causa, que dão ao empregado demitido o direito de solicitar o benefício, dizem os economistas.
“A evolução das solicitações ao longo dos 12 meses mostra certo aumento, indicando um mercado de trabalho aquecido e de alta rotatividade, com muitas pessoas contratadas e demitidas”, afirma Bruno Imaizumi, economista da LCA Consultores responsável pela pesquisa.
Quem for demitido sem justa causa, lembre-se, tem entre sete e 120 dias para solicitar o benefício.
Como hoje a solicitação pode ser feita pela internet, a maior facilidade e o menor custo de solicitá-la também podem ter contribuído para esse aumento. Imaizumi argumenta que cerca de 80% dos pedidos de seguro-desemprego foram feitos online.
Os dados mostram que, diferentemente de outros países, como os Estados Unidos, onde o número de solicitações de seguro-desemprego cresce em tempos de crise e recessão, no Brasil as solicitações aumentam em períodos de maior geração de empregos.
Por isso, é estranho quando vemos que o número de solicitações de seguro-desemprego cresce paralelamente ao aumento do saldo de novas vagas de emprego, diz Rodolfo Margato, economista da XP.
“Geralmente imaginamos um aumento do seguro-desemprego num cenário de pior mercado de trabalho, com crescimento econômico mais fraco e mais demissões. Tanto é que nos EUA esse dado é acompanhado semanalmente com muita atenção, pois é visto como um termômetro da atividade econômica”, afirma.
Mas no Brasil, argumenta Margato, há outros elementos envolvidos. “Devido ao ambiente aquecido do mercado de trabalho, como parece ser o atual, e ao fato de termos muita rotatividade de mão de obra, vemos aqui esse aumento nos pedidos de seguro-desemprego.”
Em geral, argumenta ele, essas demissões [sem justa causa] elas ocorrem porque o trabalhador não está entregando tanto e o mercado de trabalho está aquecido.
“A empresa opta por demiti-lo e procurar outro trabalhador no mercado”, afirma, lembrando que o aumento dos pedidos de seguro-desemprego ocorre paralelamente ao aumento das demissões voluntárias, atualmente no maior nível da série histórica.
A actual dinâmica ascendente tem semelhanças com 2014, quando a economia estava bem e o volume de pedidos de seguro-desemprego estava no seu pico. Em 2016, quando a crise económica se tornou evidente, as encomendas caíram.
A pesquisa mostra que o pico de pedidos no período de 12 meses ocorreu em março de 2015, quando foram solicitados 8,83 milhões de auxílio-desemprego e havia 8,52 milhões de segurados, ou 79,28% requerentes em relação às demissões por justa causa. O segundo maior ponto desde 2005 ocorreu em dezembro de 2014, com 8,8 milhões de solicitações e 8,49 milhões de segurados, ou 78,83% do total de solicitações realizadas.
A relação positiva entre o aumento do seguro-desemprego e a expansão do mercado de trabalho é explicada em parte pelo desenho do benefício, segundo Tiago Sbardelotto, também economista da XP.
“O ideal seria torná-lo um benefício anticíclico, ou seja, para atender os trabalhadores num momento em que o mercado de trabalho está mais fraco”, afirma.
Neste sentido, para que as despesas não aumentem numa altura em que há uma taxa de desemprego muito baixa, defende que seria necessário aumentar o incentivo para as pessoas permanecerem no trabalho.
“Poderia haver, por exemplo, uma proporcionalidade maior em relação a quanto a pessoa ganha se permanecer no trabalho e quanto receberá em termos de seguro-desemprego. Ou seja, se ela permanecer mais tempo no trabalho, receberá uma parcela maior do seguro-desemprego ou mais meses do benefício. Isso já existe em parte, mas esse desenho precisa ser aprofundado.”
A alta rotatividade de mão de obra, em grande parte devido aos baixos números, afirma, acaba se tornando um desincentivo à permanência dos trabalhadores na própria empresa. A maioria dos solicitantes do seguro-desemprego desde 2021 recebeu entre 0 e 1,5 salário mínimo no último emprego, segundo o estudo da LCA.
Imaizumi diz ainda que, para que o seguro-desemprego seja uma política anticíclica no Brasil, seria importante tornar os critérios de elegibilidade menos acessíveis e os valores menores em tempos de crescimento econômico e maiores em períodos de recessão.
Os valores parcelados para beneficiar os segurados continuam aumentando, mostra o levantamento feito pela LCA.
“Nos primeiros cinco meses de 2024, os gastos com seguro-desemprego totalizaram R$ 18,4 bilhões – valor 18% superior ao acumulado nos primeiros cinco meses do ano anterior (em termos nominais)”, afirma o estudo.
A consultoria estima que os valores gastos com seguro-desemprego chegarão a R$ 45,1 bilhões em 2024 e a R$ 50 bilhões no próximo ano.
Em julho, os gastos com seguro-desemprego atingiram R$ 4,21 bilhões, 10% a mais que no mês anterior. Nos 12 meses, as despesas totalizaram R$ 45,24 bilhões até julho.
O mês em que mais se gastou com seguro-desemprego desde 2000, porém, foi dezembro de 2014: R$ 5,3 bilhões.
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