Alvo de decisão recente do Supremo Tribunal Federal (STF), o actual legislação ambiental de Rio Grande do Sul ele deve agravar o provável futuros eventos climáticos extremosde acordo com a avaliação de professores do Departamento de Ecologia de Universidade Federal do Estado (UFRGS), Gonçalo Ferraz e Fernando G. Becker.
“Essas leis postas em prática, se [forem] mantido, amenizará a gravidade desses eventos extremos porque há uma grande facilitação nas mudanças no uso do espaço. Há uma redução da proteção florestal e facilitação de processos que, quando acumulados, poderão agravar uma situação de catástrofe futura”, disse o investigador Gonçalo.
Ó Código Estadual (Lei 15.434/2020) foi alvo, esta semana, de decisão do ministro do STF, Cristiano Zanino que deu dez dias para que o governo local se manifestasse sobre a ação movida na Justiça contra a legislação.
Os pesquisadores consultados pela Agência Brasil defendem que a legislação ambiental vigente facilita o uso do solo sem os devidos cuidados preventivos, principalmente em áreas ribeirinhas, às margens dos rios. Além disso, garantem que a lei é muito permissiva com a supressão da vegetação, fragilizando ainda mais a atuação preventiva do estado na área ambiental..
Os professores publicaram um nota técnica analisando mais de 200 mudanças promovidas no Código Ambiental do Estado em 2020, ainda na primeira gestão do atual Governador Eduardo Leite (PSDB).
Alvo de críticas de ambientalistas e organizações ligadas ao meio ambiente, a legislação alterada suprimiu artigos de outras leis estaduais que protegiam florestas e espécies da flora gaúcha. A nova lei revogou, por exemplo, o artigo 6º da Lei 9.519 de 1992, que proibia o “corte ou destruição parcial ou total de mata nativa e outras formas de vegetação natural”.
Outra crítica dos pesquisadores é em relação ao processo de licenciamento ambiental. A nova lei criou novas modalidades de licenciamento que podem substituir as três etapas de licenciamento que existiam, permitindo o licenciamento feito pela internet, denominado Licença Ambiental por Compromisso (LACA).
“Isto abre uma possibilidade pouco transparente a favor da conveniência do momento para facilitar o licenciamento das categorias A, B ou C, o que é extremamente perigoso e prejudica o poder de licenciamento para evitar problemas futuros”, explicou o professor Gonçalo.
O professor Fernando G. Becker lembrou que há uma tendência de aumento de eventos climáticos extremos e, por isso, é preciso investir em preservação das florestas e, principalmente, floresta durante todo o rios para reduzir o impactos do próximo Chuva fortealgo que a legislação atual não teria o poder de realizar.
“Quando é permitida a ocupação de espaços nessas áreas às margens dos rios, que têm a função de atenuar atualem erosãopensando nisso na escala de uma bacia inteira, isso tem um efeito cumulativo com potencial para agravar o problema de uma enchente”, destacou.
Portanto, para Becker, as soluções apresentadas até agora, como o alargamento dos canais dos rios para fazer a água fluir, podem ter pouco efeito sem uma mudança na legislação ambiental focada na prevenção e proteção florestal.
“Estão a fingir que este problema não pode ocorrer, talvez deixando que as pessoas assumam e assumindo esse risco que não será pago por quem flexibiliza a legislação, mas será pago por todos”, acrescentou.
O Professor Gonçalo considerou, por outro lado, que o decisões de negóciosmuitas vezes vão contra a preservação do meio ambiente.
“Não se trata de caracterizar negativamente aqueles que impulsionam a indústria ou o desenvolvimento económico do Estado. É lembrar que é saudável que o Estado arbitre esta competição entre interesses e verifique e coloque alguns limites saudáveis às atividades que podem ser prejudiciais ao ambiente, à saúde e, eventualmente, à economia, como vimos agora”, ele avaliou.
Secretário do Meio Ambiente
Procurado pela Agência Brasil, o Secretário do Meio Ambiente (semana) do Rio Grande do Sul afirmou que a polêmica da ALC não é autolicenciamento. “O órgão ambiental continua a emitir licenças ambientais e realiza fiscalizações após a emissão da licença”, considerou.
Segundo a Sema, dos mais de 20 mil processos de licenciamento emitidos desde 2021, quando a ALC foi regulamentada, apenas 177 foram pelo sistema de compromisso.
“O procedimento administrativo da LAC representa 1% do total de licenças ambientais emitidas pelo Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam). Além disso, vale ressaltar que a maior parte dos projetos atualmente incluídos na modalidade LAC são reformas de projetos que já estavam sob controle ambiental em tipos de licenças anteriores”, acrescentou.
Na época da aprovação do texto, o governo do Rio Grande do Sul argumentou que a medida modernizava a legislação, equilibrando a proteção ambiental com incentivos ao investimento e ao desenvolvimento econômico.
Sobre o pedido de manifestação do ministro Zanin, a Procuradoria-Geral da República do Rio Grande do Sul informou, em nota, que tem conhecimento e responderá no prazo estipulado.
O governo do estado também enfrenta outra ação no STF referente à mudança em outra legislação aprovada em abril deste ano, que passou a considerar de utilidade pública e interesse social as obras de infraestrutura de irrigação, que teriam legalizado barragens e reservatórios em áreas de proteção ambiental. Movida pelo Partido Verde (PV), esta outra ação está sob relatoria do ministro Edson Fachindo STF.
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