Muitas pessoas pensam ou reagem como se o mercado fosse um indivíduo, ou uma confraria de indivíduos, frios e calculistas, sem sentimentos, que só pensam em dinheiro, sem qualquer consideração humanística. Há quem acuse o mercado de não pensar nas pessoas.
Mercado é uma expressão que vem do latim ‘mercado”, um lugar onde produtores e consumidores se encontram para comprar e vender. Todos aqueles que operam neste mercado são “pessoas”, e neste sentido o mercado é um espaço público. O Mercado Municipal é um local aberto ao povo, onde se encontram quem quer vender e quem quer comprar. Não é por acaso que os políticos sempre gostaram de realizar comícios na praça do mercado.
Com o avanço da economia e da tecnologia, o mercado deixou de ser apenas um local físico para significar também os pontos virtuais onde os interesses de compradores, vendedores e financiadores se encontram. Compradores, vendedores e financiadores são os agentes económicos dos mercados. Portanto, o mercado não é uma pessoa ou um grupo de pessoas, é qualquer ponto de convergência de interesses econômicos na compra, venda ou financiamento.
Como a economia é composta por infinitos pontos de convergência de interesses, existem infinitos mercados. Soja, café, algodão, trabalho, imóveis, automóveis ou qualquer produto ou serviço que gere o encontro físico ou virtual de compradores, vendedores e financiadores.
Acontece que os compradores, vendedores e financiadores são as pessoas. Embora alguns preconceitos procurem dividir o povo entre plebeus e supostas elites, o povo corresponde à soma de todos os agentes do mercado. Todos, sem exceção, produzem, consomem, compram, vendem ou financiam algo, que tem mercado próprio. Portanto, todo mercado pertence ao povo.
São as pessoas, como agentes de mercado, que produzem bens e pagam pelo transporte ou pela habitação. São as pessoas, como agentes de mercado, que decidem as prioridades de utilização do seu dinheiro, seja ele escasso ou abundante. Não há dúvida de que existem diferenças entre os diferentes mercados, cada um com a sua importância económica, e que os agentes de mercado têm maior ou menor prestígio e poder político de acordo com o seu poder económico.
Todos os mercados são formados pelas ações dos seres humanos e possuem características em comum. E o agente de mercado, do mais pobre ao mais rico, age de acordo com seu instinto de sobrevivência. Evite riscos e procure oportunidades. Priorize o que você mais precisa. Quando supera as necessidades básicas, busca vantagens econômicas ou prazer.
Nenhum comprador consciente comprará hoje um produto que acredita que será mais barato amanhã, exceto em alguma emergência. Nenhum vendedor aumentará sua produção se tiver medo de que o número de seus consumidores diminua. Os consumidores só consumirão o estritamente necessário se acreditarem que o país poderá entrar em crise. Um financiador recusar-se-á a financiar ou aumentará o preço do financiamento, dependendo dos riscos que prevê. Nada disso é desumano. Estas são reações naturais e, portanto, das pessoas.
A lei da oferta e da procura rege todos os mercados. Os agentes agem de acordo com suas possibilidades factuais, apoiados em sua racionalidade, sempre fortemente influenciados por suas percepções emocionais. Nos mercados, todos tendem a priorizar os interesses económicos.
Neste sentido, o medo e a esperança são fatores fundamentais. Se todos os agentes económicos tiverem medo da crise, muitos mercados ficarão desorganizados. Se tiverem esperança, estes mercados irão expandir-se. O medo e a esperança estão relacionados com alinhamentos políticos e com a credibilidade dos governos. A grande maioria dos agentes do mercado fica alerta, se não em pânico, com as intervenções governamentais. Porque muitas vezes os governos intervêm para tentar o impossível: revogar a lei da oferta e da procura ou reinventar a relação entre receitas e despesas.
Costuma-se destacar o mercado financeiro, onde atuam compradores e vendedores de moedas, papéis e outros tipos de títulos ou títulos de crédito. Tudo necessariamente destinado a financiar os diferentes mercados. Isto decorre do facto de nela operarem os agentes com maior poder económico e político, que já não têm como preocupação prioritária o que vão comer ou onde vão viver. São agentes capazes de transformar outros mercados fazendo ou deixando de fazer investimentos.
Muitos jornalistas económicos dizem frequentemente que o mercado pensa isto ou aquilo. Esta é a força da expressão. Os mercados não pensam em nada. Eles refletem os comportamentos dos agentes de mercado. E ouvir dois ou três agentes em mercados compostos por centenas ou milhares de outros pode não ser uma amostra suficiente.
Os agentes económicos agem de acordo com a previsibilidade. Os seres humanos agem de forma a exercer a liberdade de produzir, consumir e financiar – sempre que estejam seguros e optimistas. E agem de forma contida ao perceberem riscos de desorganização das leis naturais da economia. Os agentes, que no seu conjunto são o povo, imporão os limites da prudência sempre que percebam imprevisibilidades e intrusões que criem insegurança económica.
O maior risco em relação à subjetividade e ao comportamento dos agentes de mercado é o efeito manada. Quando alguns agentes se movem numa determinada direção movidos pelos seus interesses ou emoções, existe o risco de serem imitados por muitos. Quem gosta do tema e quer saber mais pode pesquisar o que foi a “Crise das Tulipas” na Holanda em 1637. Ou investigar as principais causas da crise econômica de 1929.
Os governos não podem revogar as leis do mercado. Estes surgem da natureza humana. Os déspotas totalitários já assassinaram milhões, acreditando que um novo ser humano poderia ser criado, com uma natureza economicamente desinteressada e não competitiva. Nunca funcionou. O que os governos podem fazer, sempre que desejam incentivar a economia, é trabalhar as emoções dos agentes de mercado, dando-lhes previsibilidade e, sobretudo, a segurança da prudência e da responsabilidade nos seus próprios atos económicos.
* Celso C. Mori é sócio da empresa Pinheiro Neto Advogados
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