Nossos olhos estão voltados para Paris e assim permanecerão nas próximas semanas. Afinal, a XXXIII edição dos Jogos Olímpicos Modernos acontece na Cidade Luz. Mesmo quem não gosta muito de esportes, acredito, não conseguirá ficar isolado do clima de ação, emoção e superação que permeia as intensas atividades que acontecerão em ritmo vertiginoso, dia após dia. Tive o privilégio de estar em duas Olimpíadas, Londres/2012 e Rio/2016, pois fui responsável pelo Clube de Atletismo BM&FBOVESPA, enquanto diretor da Bolsa de Valores. Privilégio – essa é exatamente a palavra. Mas, de perto ou de longe, há muito para refletir e absorver deste incrível evento global.
Em relação às práticas de sustentabilidade, em Site Paris 2024, disponível em 12 idiomas, incluindo português, contém informações interessantes. Uma parte chamada “Relatório de Sustentabilidade e Legado”, por exemplo, traz dois relatórios intermediários, de 2021 e 2023, sobre o que estava sendo desenvolvido para termos as Olimpíadas mais responsáveis possíveis e deixar um bom legado.
Como é bom ler: “Os Jogos Paris 2024 serão ambiciosos e espetaculares, com foco na responsabilidade econômica, social e ambiental. Enfrentando os desafios sociais do século XXI, Paris 2024 colocou temas-chave de legado e sustentabilidade no centro da sua concepção desde a fase de candidatura para inspirar novos padrões. Esta edição dos Jogos implementará princípios de economia circular e proporcionará oportunidades económicas às comunidades locais, ao mesmo tempo que procurará reduzir para metade a sua pegada de carbono em comparação com os Jogos anteriores.” Como gosto de dizer quando vejo coisas assim… #vivipraver!
Outro conteúdo digno de nota é o “Carta Social para Jogo Responsável”, assinado em conjunto com sindicatos e organizações patronais em junho de 2019. É um documento com 16 compromissos norteadores para “antes e depois dos Jogos”, que visam “promover condições de trabalho dignas, incentivar a integração profissional de grupos vulneráveis e garantir que as empresas e representantes da Economia Social e Solidária podem aceder a contratos de projetos”. Ja entrou “Ambiente”, são descritas as iniciativas para reduzir o impacto ambiental na pegada de carbono e na alimentação na Vila Olímpica, onde serão acomodados 15 mil atletas de 208 países e territórios. A Europa é o nosso farol em sustentabilidade (fazendo, claro, todas as renúncias sobre possíveis excessos, proteccionismo, etc.), e não poderíamos esperar menos de uma competição desta dimensão no continente, dadas as discussões e os factos extremos que estamos a enfrentar. enfrentando devido às mudanças climáticas, crises sociais, conflitos.
O que me encanta nas Olimpíadas é o seu espírito, o propósito, o ideal de superação de limites, a mistura e a confraternização de pessoas, a linguagem global de energia que começamos a falar nos dias em que as modalidades são disputadas. Subir no pódio, claro, é o sonho dourado, prateado e bronzeado dos atletas que estão ali. Mas há algo ainda maior do que estes objetos de desejo: a “Medalha Pierre de Coubertin”. Seu nome é uma homenagem ao Barão de Coubertin, que foi um pedagogo e historiador francês e fundador dos Jogos Olímpicos Modernos.
Em 1892, o Barão de Coubertin, formado em Ciência Política, apresentou na Universidade Sorbonne, em Paris, um estudo sobre “Exercícios físicos no mundo moderno” e um projeto de recriação dos Jogos, que não foi bem aceito. Mas ele não desistiu. Numa convenção em 1894, na própria Sorbonne, ele garantiu aos gregos a promessa de sediar os primeiros Jogos Olímpicos. E assim nasceu o Comitê Olímpico Internacional (COI) com o objetivo de organizar uma nova edição a cada quatro anos. A primeira Olimpíada moderna foi em 1896, em Atenas, com a presença de 13 países e 311 atletas.
E por que a Medalha Coubertin é tão diferente? Porque é concedido pelo COI apenas a atletas e pessoas da área que demonstrem alto grau de espírito esportivo e espírito olímpico. É a maior honra desportiva humanitária. Não está relacionado ao desempenho técnico do competidor, mas sim às suas qualidades morais e éticas e à demonstração do mais puro ideal esportivo em situações difíceis ou inusitadas durante as competições.
Até o momento, foi concedido a apenas 21 pessoas. O único sul-americano nesta ilustre lista é o brasileiro, o maratonista Vanderlei Cordeiro de Lima. Ele o recebeu nas Olimpíadas de Atenas 2004, após ser agarrado por um espectador enquanto liderava a Maratona, a poucos quilômetros da chegada. Devido ao ataque, Vanderlei perdeu a medalha de ouro praticamente certa e terminou na terceira colocação. Entrou no estádio Panatenaico sorrindo e fazendo com os braços o seu famoso aviãozinho, como se voasse acima de todos os contratempos deste mundo. Ao final dos Jogos, foi anunciado que, pelo espírito esportivo em continuar apesar das agressões e pela humildade demonstrada após a prova, ele receberia a Medalha Pierre de Coubertin. Nada mais devido.
Tenho a honra de ter convivido com Vanderlei durante minha época de bolsa. Sua grandeza e humildade são verdadeiramente impressionantes. É por isso que ele foi o convidado de estreia no meu talk show do Instagram, o VOZES QUE QUEREMOS OUVIRem 2022. Abaixo compartilho algumas de suas mensagens, que continuam a ressoar em mim:
- · Sobre o ataque na Maratona de Atenas: “Sem decepção. Para mim, aquele dia foi a realização de um sonho, de ganhar uma medalha.” “Foi a questão mental que me fez continuar na prova e chegar naquele estádio recebendo aplausos. Já tinha esquecido que o irlandês me tirou da corrida.” “Do que vou reclamar? Estive em Atenas, berço dos Jogos Olímpicos. Não creio que houvesse ninguém mais feliz naquele estádio do que eu.”
- · Sobre a Medalha Pierre de Coubertin: “Não foi uma conquista, foi consequência da minha história, do meu comportamento na vida, no esporte”. “Nunca procurei um atalho para chegar à frente dos meus adversários. Foi um longo caminho, com muitos obstáculos e dificuldades. Demorou muito para obter reconhecimento. E veio de uma forma que eu nem esperava.” “Essa homenagem que recebi não representa apenas a atitude do Vanderlei, representa um pouco de quem somos nós, brasileiros. Mesmo com as dificuldades e desigualdades que enfrentamos, somos um povo feliz, acreditando sempre que o amanhã será melhor. O brasileiro é assim, acredita sempre, nunca desiste. E eu sou um deles. Acho que sou um espelho do brasileiro.”
- · “O que me levou adiante, a acreditar no meu sonho, foi a perseverança. Tudo que fiz foi com muito amor, dedicação, comprometimento. Mesmo diante das minhas limitações, sempre tentei dar o meu melhor.”
- · “Nada acontece por acaso na vida das pessoas. A sorte existe, mas o que vai te levar até lá é trabalho e dedicação. Para ser feliz, você não precisa de muito.”
- · “Atletismo é correr com as pernas, aguentar com o coração e vencer com a cabeça. É o esporte mais democrático, que acolhe e abraça a todos, como me abraçou.”
O título deste artigo é “Olimpíadas, Pierre de Coubertin e ESG”. Já discuti no início as ações meritórias que Paris 2024 está implementando para ter uma edição olímpica responsável e sustentável. Mas quero ir mais longe e terminar com uma reflexão. Como digo, ESG, a sustentabilidade é, essencialmente, uma agenda de transformação de um modelo mundial – um mundo que passa a integrar as pessoas, o ambiente e as atitudes no seu funcionamento. Bem então. O Barão de Coubertin entrou para a história por ser o fundador dos Jogos Olímpicos Modernos. Por causa dele, hoje estamos emocionados com Paris.
Mas ele também é uma figura polêmica pelas frases polêmicas que disse sobre raça e gênero – viveu de 1863 a 1937. Em artigo no O Globo, sua sobrinha-neta, Diane de Navacalle de Coubertin, ficou muito atenciosa ao dizer: “Não é possível defini-lo apenas pelas frases. Ele foi reduzido a escritos que entram em conflito com a forma como vemos hoje. Mas na época eles não foram chocantes.” E essa. O que pensamos, fizemos ou dissemos no passado tem cada vez menos lugar no mundo, que muda a cada momento. Que tenhamos lucidez e resiliência para compreender as transformações e sermos agentes desta nova realidade, independente de siglas, adjetivos ou nomes.
Sônia Consiglio Isso é Pioneiro dos ODS para o Pacto Global da ONU e especialista em Sustentabilidade.
* Paulo José Marinho é jornalista, consultor, mentor e palestrante sobre Imagem e Reputação.
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