Sabe aqueles momentos que você para e pensa: “Hmm… não sei muito sobre isso…”? Vivi essa situação no final da palestra que proferi na 2ª Expo ESGquando perguntaram minha opinião sobre o ODS 18 proposto pelo governo brasileiro. Esse movimento não estava no meu radar e corri para colocá-lo. Mas neste artigo não irei fornecer detalhes, prazos e objetivos, pois fontes oficiais cobrem tais informações. Meu foco é refletir de forma macro.
Como gosto de “começar do início”, vamos relembrar o que ODS – Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Eles começaram a engravidar em Rio+20a Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, que aconteceu no Rio de Janeiro em 2012. Eu estava lá. Foi emocionante ver esse e outros avanços se concretizando. Avançando no tempo, chegamos em setembro de 2015, à icónica sede da ONU em Nova Iorque, onde representantes dos 193 estados membros das Nações Unidas assinaram os termos da Agenda de Desenvolvimento Sustentável 2030 e aprovaram os 17 ODS, com as suas 169 metas. . e 231 indicadores.
Com as premissas de “Universalidade”, “Integração” e “Não deixar ninguém para trás”, os ODS venceram a batalha inicial para se tornarem conhecidos e hoje orientam planejamentos e relatórios de empresas, planos governamentais e decisões de investidores. O relógio começou a contar em 2015 e, em 2020, entrámos na “Década da Ação”, para chegarmos a 2030, data final dos ODS, o mais próximo possível da sua concretização.
Todos os assuntos estão abrangidos pelos ODS? Uma questão profunda cuja resposta não pode ser dada precipitadamente. Eu mesmo escrevi um artigo, no início de 2020, sugerindo um “ODS transversal”, o da Saúde Psíquica, por entender que é condição para avançar em toda a agenda. Mas fiz isso mais como um exercício de reflexão do que com a ousadia de pretender somar aos 17 ODS – esse trabalho foi muito bem feito; é validado e consolidado.
O ODS 18 do governo brasileiro se concentra na promoção da igualdade étnico-racial. A sua criação foi anunciada em setembro de 2023, pelo Presidente da República, em discurso na abertura da 78.ª Assembleia da ONU, e é de adoção voluntária. Para cuidar de sua implementação, foi criada uma Câmara Temática no âmbito da Comissão Nacional dos ODS (CT-ODS 18), sob a coordenação do Ministério da Igualdade Racial (MIR), do Ministério dos Povos Indígenas e da Secretaria Executiva da CNODS. Foi então aprovado um plano de trabalho estruturado em quatro eixos, com metas envolvendo trabalho, saúde, educação, moradia.
No site do MIR explicam que “A criação de um novo ODS, mesmo que voluntária e restrita a um determinado governo, não foi uma iniciativa inédita. Na Índia foi criado o ODS 18 sobre empoderamento local e desenvolvimento rural, na Costa Rica, o ODS 18 sobre felicidade e bem-estar das pessoas (Martins e Souza, 2023)”. Também descobri em minhas leituras que há discussão sobre o ODS 19 (arte, cultura e comunicação) e o ODS 20 (povos originários e tradicionais).
Como bem afirma o Ministério da Igualdade Racial, estas propostas tendem a limitar-se aos países. Não faria sentido, seis anos antes da data final dos ODS, abrir um processo a nível global, com todas as suas fases consultivas, para incluir novos Objectivos no sistema da ONU. Vale destacar também que, quando algo tão impactante como os ODS é estabelecido, representa um momento no tempo, expressando o estágio e a maturidade com que estávamos lidando com os desafios. Devem, portanto, ser preservados até o momento da revisão e continuação, se for o caso.
Minha reflexão final é que os temas levantados por possíveis novos ODS – igualdade étnico-racial, empoderamento local, desenvolvimento rural, arte, cultura e comunicação, povos indígenas e tradicionais – devem (ou deveriam) ser trabalhados nos planos dos respectivos ministérios , com objectivos, metas, prazos, etc. Porquê, então, incluí-los no quadro de uma iniciativa global das Nações Unidas? “Para dar mais visibilidade”, dirão alguns. “Aproveitar os mecanismos que já existem em torno dos ODS”, seria outro argumento. Ok, talvez. Mas a questão permanece: estas questões já não estão a ser abordadas pelos governos? Se assim for, não será necessário um novo ODS. Se não estiverem, algo está muito errado, certo?
Sônia Consiglio e Pioneiro dos ODS para o Pacto Global da ONU e especialista em Sustentabilidade.
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