A anatomia interna de uma criatura pré-histórica de tamanho milimétrico foi revelada em “detalhes surpreendentes”.
Os pesquisadores usaram raios X poderosos para escanear o fóssil de 520 milhões de anos.
Os resultados, publicados na revista científica Nature, revelam os vasos sanguíneos microscópicos e o sistema nervoso.
É uma espiada no corpo de um Youti yuanshi, um dos primeiros ancestrais dos insetos, aranhas e caranguejos modernos.
O pesquisador Martin Smith, que liderou o estudo, disse que este era um fóssil precioso, em parte porque foi preservado em seu estágio larval, ou imaturo, quando seu corpo ainda estava em desenvolvimento.
“Olhar para esses estágios iniciais é realmente a chave para entender como esses [formas corporais] os adultos são formados – não apenas pela evolução, mas pelo desenvolvimento”, diz Smith.
“Mas as larvas são tão pequenas e frágeis que as chances de encontrar uma larva fossilizada são praticamente nulas – ou assim pensei.”
O fóssil foi encontrado em uma pilha de “areia pré-histórica” durante um estudo de depósitos rochosos de meio bilhão de anos no norte da China, conhecidos por conterem fósseis microscópicos.
“Nossos colaboradores na China têm grandes quantidades dessa matéria, que dissolvem em ácido, e esses pedacinhos caem”, diz Smith.
Uma equipe de técnicos da Universidade de Yunnan passou anos examinando o material e extraindo fósseis da poeira.
Depois de examinar este espécime específico ao microscópio durante uma viagem à China, Smith diz que percebeu que era “algo muito especial” e perguntou se poderia trazê-lo de volta ao Reino Unido para ver mais de perto.
A equipe colocou o fóssil na cabeça de um alfinete para escaneá-lo com raios X intensos nas instalações do centro de pesquisa Diamond Light Source. Foi lá que seus segredos internos foram revelados.
“Quando vi as incríveis estruturas preservadas sob sua pele, fiquei de queixo caído”, diz Smith.
Os pesquisadores geraram imagens tridimensionais de regiões cerebrais em miniatura, glândulas digestivas, um sistema circulatório primitivo e até vestígios dos nervos que irrigam as pernas e os olhos simples da larva.
Sua cavidade cerebral, dividida em segmentos, revelou o ponto central nas cabeças dos ancestrais dos insetos modernos, aranhas e caranguejos, a partir dos quais se desenvolveram posteriormente seus diversos apêndices, como antenas, aparelhos bucais e olhos.
A coautora do estudo, Katherine Dobson, da Universidade de Strathclyde, no Reino Unido, afirma que a fossilização natural “alcançou uma preservação quase perfeita”.
Smith diz que isso pode ter sido causado por altas concentrações de fósforo no oceano onde esta larva viveu brevemente.
“Ele é levado para os oceanos quando as rochas sofrem erosão em terra”, diz o cientista.
“E esse fósforo parece ter inundado os tecidos do nosso fóssil”, cristalizando essencialmente o seu pequeno corpo.
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