As Olimpíadas de Paris, que têm a sustentabilidade como um dos seus maiores símbolos, são o palco escolhido pela organização não-governamental Panthera para promover a sua causa: a preservação das onças-pintadas e do seu habitat natural.
Duas esculturas de onças, uma da artista brasileira Ticiana Parada e outra do franco-brasileiro Augustin de Lassus, estão expostas no local de maior prestígio da cidade de Saint-Ouen, vizinha de Paris, durante todo o período dos Jogos Olímpicos. A 600 metros da Vila Olímpica, Saint-Ouen foi escolhida pelo Comitê Olímpico Brasileiro (COB) como base de treinamento e atrai muitos visitantes e atletas.
A exposição de esculturas ao ar livre faz parte do movimento artístico Jaguar Parade, que já passou por cidades como Nova York, Rio de Janeiro e São Paulo, e tem como objetivo “arrecadar fundos e conscientizar sobre a necessidade urgente de conservar a onça-pintada – pintada e seu ecossistema”, afirma Fernanda Ribeiro, diretora do braço europeu da Panthera.
“Todos os olhares do mundo estão voltados para Paris, para os Jogos, e acreditamos que é uma ótima oportunidade para mostrar a ligação que existe entre esporte, arte, cultura e questões ambientais”, observa Ribeiro sobre a escolha do período olímpico para esta exposição. Ela lembra que as onças fazem parte da biodiversidade brasileira e francesa, na região do Escudo das Guianas.
“Quando começamos a perceber, vemos a nossa biodiversidade representada em todas as áreas, e com o esporte não é diferente. Em relação aos felinos isso é muito premente, basta olhar as bandeiras e símbolos de todos os países sempre tem um leão, um tigre, uma onça. O próprio mascote do Brasil durante as Olimpíadas é uma onça e isso não é por acaso, é pelo simbolismo dessas espécies, que representam força, resistência, determinação, superação e que tem muito a ver com esse período esportivo”, afirma Ribeiro.
O último estudo realizado sobre a população de onças-pintadas no Brasil, organizado pela ONG com parcerias locais, data de 2018 e, na época, foi estimada a presença de 87 mil onças-pintadas em todo o Brasil. “Precisamos fazer um novo censo para ter uma ideia mais precisa. O Brasil tem entre 60% e 80% da população mundial de onças-pintadas, seguido pelo Peru e pela Colômbia. Eles estão concentrados em áreas onde a floresta está mais preservada, como é o caso da Bacia Amazônica, seguida do Chaco, no Pantanal. Como temos sofrido perda de habitat, esse número pode ter diminuído, mas também há recantos que nunca foram mapeados”, explica o diretor.
Para Macit Atkas, diretor de comunicação da Câmara Municipal de Saint-Ouen, “é um orgulho ter estas onças expostas na cidade”.
Morador de Saint-Ouen há mais de três décadas, o aposentado Bernard Flavian está eufórico com as recentes mudanças ocorridas na cidade de Saint-Ouen, impulsionada pelos Jogos Olímpicos, e ficou impressionado com as onças. “Passo sempre por aqui e só hoje notei, adorei essas onças, essas cores, têm tudo a ver com a nossa cidade”.
No dia 13 de agosto, logo após o encerramento das Olimpíadas de Paris, uma das obras da Jaguar Parade será leiloada e 100% do valor arrecadado será doado para projetos de conservação da onça-pintada. O lance mínimo é de R$ 10 mil.
Essa ação é o pontapé inicial para uma série de iniciativas: a ideia é que essas onças passem por diferentes cidades e fóruns globais, como a Cúpula de Líderes do G20, no Rio de Janeiro, em novembro, e a COP da Biodiversidade, em Cali, na Colômbia. , no final de 2024.
“E, para comemorar o Ano do Brasil na França e os 10 anos do Acordo de Paris, em 2025, a Parada do Jaguar retorna à capital francesa com pelo menos 30 esculturas espalhadas por Paris e grandes cidades, pintadas por artistas brasileiros e franceses. O ponto final será em Belém, na COP 30, no final de 2025”, disse Ribeiro.
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