Algumas partes da Europa já registaram temperaturas superiores a 40ºC, e não é difícil imaginar que outras partes do continente experimentarão ondas de calor nos próximos meses.
Num relatório publicado na semana passada, Sebastian Coe, presidente da World Athletics, a federação internacional de atletismo, afirmou que “as alterações climáticas devem ser cada vez mais vistas como uma ameaça existencial ao desporto”.
O calor intenso pode afetar as corridas, os competidores e os espectadores.
Os Jogos Olímpicos serão realizados entre 26 de julho e 11 de agosto). Meteo France – o serviço meteorológico nacional – informou que este verão provavelmente será mais quente que a média.
A França sofreu ondas de calor mortais no verão no passado.
A temperatura mais alta registrada em Paris foi de 42,6°C, no final de julho de 2019.
E mais recentemente, em 2022, no mesmo período do ano em que serão realizados os Jogos Olímpicos, uma onda de calor prolongada fez com que as temperaturas máximas atingissem os 36ºC.
Naquele ano, o Instituto Nacional de Estatística e Estudos Económicos de França estimou que ocorreram 11.000 mortes relacionadas com o calor durante o verão.
Na última edição dos Jogos, realizada em Tóquio em 2021, o calor extremo foi uma “tortura” para atletas e voluntários, segundo meteorologistas locais.
Foram os Jogos Olímpicos mais quentes já registrados, com temperaturas de 34ºC e umidade de 70%, o que equivale a uma sensação térmica de 47ºC.
O tenista Daniel Medvedev chegou a falar em “morrer em quadra” devido ao calor durante uma partida.
Outros competidores vomitaram e desmaiaram na linha de chegada por causa das altas temperaturas.
No relatório Anéis de Fogoda Associação Britânica para o Esporte Sustentável, as estatísticas mostram que as temperaturas máximas em julho e agosto em Paris aumentaram em média 2,2°C desde 1924.
O calor do verão na capital francesa é intensificado pelo processo de ilha de calor urbana, em que a quantidade de concreto nas áreas construídas absorve mais calor do que uma área rural.
Isso pode fazer com que as temperaturas noturnas permaneçam altas. Em Paris, desde 1924, as temperaturas mínimas aumentaram quase 3ºC.
As chamadas noites tropicais — onde a temperatura não desce abaixo dos 20ºC à noite — também aumentaram significativamente.
Foram registadas 84 noites tropicais na última década, em comparação com apenas quatro no período de 1924 a 1933, segundo a organização Climate Central, coautora do relatório.
Refrescar-se à noite é uma preocupação particular para certos atletas.
“O calor extremo afeta negativamente a recuperação porque pode ser difícil dormir bem quando está muito calor, e o calor muitas vezes tira o apetite, tornando difícil comer o suficiente para se recuperar e treinar bem”, explica a remadora britânica Imogen Grant.
Que cuidados estão sendo tomados?
Há uma série de recomendações no relatório, que incluem feedback de atletas que enfrentaram o calor nos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020 (que foram adiados para 2021 devido à pandemia de Covid-19).
Uma das sugestões é programar competições ao ar livre ou nos períodos mais frescos do dia.
Manter o bem-estar do atleta através de pausas suficientes e limitar a exposição ao calor será uma prioridade.
Existem diversas competições que possuem limites de temperatura que, se ultrapassados, acarretam pausas de hidratação mais prolongadas ou até mesmo interrupção da prova.
O triatlo, por exemplo, seria adiado se o índice de calor ultrapassasse os 32,2ºC, e as provas de natação seriam canceladas se a temperatura da água estivesse acima dos 33ºC.
Os espectadores são aconselhados a ficar de olho na previsão do tempo para se planejar adequadamente.
A recomendação é refugiar-se na sombra no meio do dia, manter-se hidratado e usar ventiladores portáteis para se refrescar.
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