O catastrofismo em relação ao desempenho dos mercados de capitais sempre existiu, principalmente devido à atenção excessiva aos resultados de curto prazo. Principalmente em países com poucos hábitos de poupança nesse mercado, e mais habituados a altas taxas de retorno em aplicações bancárias, como a nossa.
As redes sociais e o incentivo à polarização que geram aprofundaram o fenómeno. Parece que estamos sempre à beira de uma catástrofe, descendo descontroladamente, prestes a cair num abismo. Sem falar na importante contribuição do “clickbait” – as manchetes enganosas de artigos na Internet, antes privilégio da imprensa sensacionalista e hoje difundidas até nas publicações mais sérias do mundo.
Veja o exemplo do desempenho das ações da B3 em 2024. Até o momento, Ibovespa teve um dos piores desempenhos – se não o pior – entre os índices das maiores bolsas de valores do mundo, quando medidos em dólares. Resultado da combinação do fraco desempenho em reais (queda de quase 10%) com a valorização da moeda norte-americana (valorização superior a 12%).
Imediatamente As redes sociais e parte da mídia atribuíram o fraco desempenho do Ibovespa à postura do Governo Lula em diversos assuntos considerados importantes ao mercado de capitais. O leque de críticas é amplo e merecido, indo desde a deterioração da situação fiscal até intervenções no Petrobrásincluindo tentativas de revisão dos processos de privatização, nomeação de quadros políticos para conselhos de administração, ataques à autonomia do Banco Central, etc.
Poucos lembram que no ano 2023 os mercados de ações tiveram um desempenho muito bom em todo o mundo e no Brasil também. Incorporando a valorização do Real, o Ibovespa valorizou quase 34% em dólar, praticamente dez pontos percentuais acima do S&P 500que reflecte o desempenho das quinhentas maiores empresas cotadas nos Estados Unidos da América. E em reais, nosso índice de bolsa subiu mais de 22%.
Nos quatro anos anteriores, entre 2019 e 2022 – ou seja, durante o governo Bolsonaro –, o Ibovespa acumulou alta de quase 25%. Acontece que o dólar subiu mais de 36% no mesmo período. O resultado foi uma desvalorização do Ibovespa em dólar de quase 20%. E não dá nem para culpar o ano eleitoral de 2022, com Lula liderando as pesquisas, como naquele ano a cotação do dólar caiu mais de 5% e o Ibovespa subiu quase os mesmos 5% em reais, gerando um resultado positivo de 12% em dólares, contra um S&P 500 negativo em torno de 19%.
Isso significa que tudo vai bem por aqui e que as oscilações do Ibovespa e do câmbio se devem a fatores alheios ao mercado de capitais? Claro. O Governo Lula trabalha quase todos os dias para minar a confiança nos nossos mercados. Basta lembrar que em um ano e meio Lula já é o segundo presidente da Petrobras, concorrendo com Bolsonaro, que teve quatro presidentes diferentes em quatro anos.
Lula e Bolsonaro são muito diferentes em alguns aspectos. Mas raramente algum deles conseguiu ver o que realmente importa para o desenvolvimento a longo prazo quando se trata de mercados de capitais. No caso de Lula, até agora, a exceção é a Reforma Tributária. Na de Bolsonaro, com a Reforma da Previdência. Ambos, aliás, foram aprovados como era possível, e não como seria o ideal.
Tanto Lula quanto Bolsonaro delegaram o árduo trabalho relativo ao mercado de capitais aos seus ministros da Fazenda. E em ambos os casos, embora o discurso e os métodos sejam diferentes, o rumo é semelhante quando se trata deste tema.
Paulo Guedes não conseguiu parar Bolsonaro quando o assunto foi a Petrobras, mas promoveu a privatização da Eletrobras – mesmo que através de um modelo alternativo, que ainda não se mostrou plenamente capaz de resistir aos ataques de governos avessos à ideia, como o de Lula.
Fernando Haddad, por sua vez, tem promovido e tentado promover importantes alterações legislativas para a segurança e proteção dos investimentos, como uma reforma nas leis das Sociedades por Ações e do Mercado de Capitais, e o novo tratamento dos juros contratuais – já foi aprovado pelo Congresso e aguarda sanção do Presidente.
Isso não é suficiente, no entanto. O mercado de capitais brasileiro concorre com altas remunerações nas aplicações bancáriase com mercados ao redor do mundo – agora em termos instantâneos, com o toque na tela de um celular. Enquanto mantivermos o tradicional nível de protecionismo e incerteza em nosso país, a capacidade de atrair investimentos de brasileiros e estrangeiros para o país será sempre menor do que poderia ser.
Nesta área, os políticos partilham o protagonismo não só com os empresários, mas também com o Judiciário. A revisão de entendimentos e decisões judiciais anteriormente pacificados agravou muito a incerteza dos investidores e empresários no Brasil – especialmente aqueles que não vivem de favores do governo e loterias espanholas.
É, portanto, preste menos atenção às manchetes escandalosas, ao fatalismo e aos medos de curto prazo. O mercado brasileiro não parou de se desenvolver devido a eventos catastróficos. A atrofia da nossa poupança popular é culpa da pequena erosão diária da segurança dos investidores, obra de todo político, empresário e juiz brasileiro que pensa mais em si mesmo do que no todo. Isto só mudará com diálogo, lucidez, honestidade e renovação, em todas as esferas de poder.
juros emprestimo bancario
simular emprestimo pessoal itau
emprestimo aposentado itau
quem recebe bpc pode fazer financiamento
empréstimo caixa simulador
quanto tempo demora para cair empréstimo fgts banco pan
empréstimo consignado do banco do brasil