Investir racionalmente hoje exige sustentabilidade, o que exige uma forma diferente de perceber a realidade, uma percepção mais ampla que considere todo o sistema de causas e efeitos. Em outras palavras, precisamos de uma verdadeira visão sistêmica.
Neste sentido, a economia fornece ferramentas poderosas para uma visão sistémica. O objetivo da economia é alocar efetivamente os recursos escassos, buscando uma alocação ótima, haja ganhos de produtividade. A produtividade, por sua vez, está relacionada a fazer mais com menos.
Compreendendo isto, fica claro que existe uma ligação direta entre economia e sustentabilidade. Procurar fazer mais com menos significa fazer mais com menor impacto ambiental e menor consumo de energia.
Este é o objetivo final de qualquer inovação tecnológica: fazer mais com menos. Muito investimento tem sido feito em casas inteligentes, na tentativa de concretizar este conceito, mais com menos.
Fazer mais com menos significa ser mais produtivo e a produtividade tem um efeito extremamente positivo na economia de mercado, pois é possível produzir cada vez mais barato, à medida que se utiliza menos energia e menos recursos.
Portanto, a produtividade é uma grande aliada do meio ambiente, mas também do investidor racional e é também a grande solução procurada por todos os países do mundo para melhorar o bem-estar das pessoas.
Contudo, esta percepção é muitas vezes perdida quando as decisões de investimento não são observadas numa perspectiva sistémica, ou seja, quando a cadeia de causas e efeitos não é considerada. A ausência de visão sistêmica representa uma forma limitada e irracional que chamaremos aqui de egocêntrica.
Na visão da economia egocêntrica, a ciência económica transforma-se numa alocação eficaz dos próprios recursos escassos, sejam eles financeiros ou energéticos. Em outras palavras, não olho ao meu redor, não entendo as causas e consequências.
Acontece que esse modo egocêntrico também produz produtividade, mas uma produtividade individual que nega o todo. Portanto, é uma forma que se apega ao curto prazo, negando os efeitos sistêmicos de longo prazo.
Poderíamos até dizer que o modo egocêntrico é um modo de pensar com menos esforço, respaldado pelo que Daniel Kahneman, no livro “Rápido e Devagar: Duas Maneiras de Pensar”, define como sistema 1. O modo sistêmico de pensar, como é mais complexo e refinado, seria o sistema 2.
Muitas vezes, o liberalismo ou o capitalismo e até mesmo a economia estão associados ao egoísmo. Contudo, esta visão limitada, que pode levar à demissão, precisa ser superada. Para isso, basta compreender em profundidade a possibilidade de uma economia que reconheça o problema do egocentrismo e a sua irracionalidade.
Acreditar que a natureza possui recursos infinitos que podem ser explorados apenas para fins pessoais e que isso não gerará consequências é irracional. Ao destruir os recursos naturais e comprometer a saúde ambiental, o egocentrismo mina os próprios alicerces de qualquer investimento realizado.
Por exemplo, uma empresa que extrai recursos naturais de forma insustentável pode obter lucros significativos no curto prazo. No entanto, esta extracção reduz os recursos disponíveis para utilização futura, degrada o ambiente e compromete os ecossistemas dos quais todos dependemos. Assim, o ganho financeiro imediato da empresa é compensado pela perda ambiental e social que afeta toda a comunidade, inclusive a própria empresa no longo prazo.
Investir racionalmente significa utilizar todas as ferramentas económicas tendo em conta os impactos a longo prazo. O exemplo da produtividade é um entre muitos outros. Por exemplo, a sustentabilidade fiscal de um país pode ser abalada por um evento extremo, uma vez que o custo da reconstrução será sempre muito mais elevado do que o planeamento fiscal que tenha em conta os riscos ambientais.
Comprar títulos públicos de um país que não explicita o planejamento ambiental em sua política fiscal é uma forma de perder dinheiro com um possível calote da dívida. Portanto, uma abordagem sustentável ao investimento requer uma análise cuidadosa dos efeitos ambientais e sociais das decisões económicas.
Doravante, o investimento racional exigirá uma visão ampla e integrada da realidade, onde a sustentabilidade é uma componente fundamental.
A superação do egocentrismo e a adopção de uma abordagem sistémica permitirão à economia atingir o seu verdadeiro potencial, uma vez que a afectação de recursos de forma eficaz e optimizada garante um retorno sustentável do investimento e também garantirá o bem-estar para todos.
*Professor e Pesquisador da Coppead, especialista em Banca, com artigos publicados em diversas revistas internacionais. Trabalha em banco central brasileiro na área de estabilidade financeira, com experiência em regulação e supervisão bancária. *
*A opinião do autor e não representa necessariamente a do Banco Central do Brasil
juros emprestimo bancario
simular emprestimo pessoal itau
emprestimo aposentado itau
quem recebe bpc pode fazer financiamento
empréstimo caixa simulador
quanto tempo demora para cair empréstimo fgts banco pan
empréstimo consignado do banco do brasil