‘O incorporador precisa pensar não só no tijolo, mas em como resolver a vida dos clientes’ | Imóveis de Valor

O modelo de condomínio fechado de luxo de Alphaville e Tamboré ficou ultrapassado?

Felipe Chukr — É um modelo de sucesso, funciona em vários lugares do Brasil, mas essa é uma visão que está ficando para trás. O que buscamos é um modelo que pense em como tornar a vida das pessoas mais prática.

Como um bairro planejado se enquadra nesse plano?

Em um bairro planejado é possível dar um tratamento mais humano ao empreendimento, interferindo diretamente em questões como segurança, mobilidade, energia e gestão de resíduos, garantindo o desenvolvimento sustentável da área no longo prazo.

Não seria mais fácil repetir a receita?

O incorporador precisa pensar não só no tijolo, mas cada vez mais em como resolver a vida do cliente. Decidimos sair do micro e pensar em um contexto maior, baseado em um projeto com arquitetura e urbanismo de qualidade.

A mobilidade é um problema relevante nesta região. Como mitigar seu efeito na vida dos moradores?

É preciso criar centralidades urbanas que inibam os movimentos populacionais em longas distâncias entre casa e trabalho, por exemplo. O escritório Natureza Urbana é responsável pelo planejamento urbano do Distrito, com o conceito de “cidade de 15 minutos”. Construiremos três centros de bairro com escolas, uma rede de serviços e zonas comerciais, bem como ciclovias e um sistema próprio de transportes públicos ligando tudo, para desencorajar as pessoas de utilizarem os seus automóveis.

A segurança atrai muita gente aos condomínios Alphaville e Tamboré. É possível manter isso em um bairro planejado?

O aspecto da segurança continua relevante na região. A nossa ambição é manter esse sentimento, mas sem ser ostensivos como é hoje. Acreditamos que a circulação de pessoas pelo bairro poderá gerar essa sensação. A vida comunitária ajudará neste sentido. Alphaville virou cidade e perdeu o lado comunitário. Queremos resgatar isso.

A arquitetura de assinatura é hoje um selo de qualidade nos edifícios da capital. Isso se aplica a condomínios localizados mais distantes?

Projetos assinados por grandes arquitetos são hoje condição “sine qua non” no segmento imobiliário de alto padrão, onde quer que ele esteja. O trabalho desses profissionais leva o empreendimento a outro patamar de produto. Em edifícios residenciais horizontais de grande porte, por exemplo, podem ajudar a eliminar a sensação de que todas as casas são iguais. Nosso projeto contará com assinaturas importantes, como FGMF, Perkins&Will e arquitetos aflalo/gasperini. E o cliente já entendeu que não se trata apenas de “branding”, mas de um nível de qualidade acima do normal.

O contato com a natureza é mais valorizado. Como resolver isso para um bairro inteiro?