O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), oficializou neste sábado (3) sua candidatura à reeleição em evento de caráter bolsonarista marcado por menções a Deus e à defesa da família, com críticas à “ameaça” de a esquerda. O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e a ex-primeira-dama Michelle (PL) tiveram destaque na convenção municipal do MDB, ao lado do governador do estado, Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Nunes comparou a aliança construída com 12 partidos à frente ampla que defendia as Diretas Já, contra a ditadura militar e pela redemocratização do país.
O clima da convenção foi semelhante ao de eventos organizados por bolsonaristas, com bandeiras brasileiras e israelenses, ataques à esquerda e discursos com tom religioso. Até o locutor estava ligado a Bolsonaro, se apresentando em eventos de sua campanha em 2022. No início da convenção, ele também comparou os 12 partidos “às 12 tribos de Judá”, outro aspecto religioso presente em eventos de extrema direita.
Responsável pela escolha de Ricardo Mello Araújo (PL), vice-presidente, o ex-presidente Bolsonaro defendeu a reeleição do prefeito. “Ricardo Nunes é o nosso nome aqui em São Paulo”, disse. Bolsonaro aproveitou grande parte do discurso para elogiar Mello Araújo, que comandou a Ceagesp durante sua presidência. No restante do tempo, reavivou o tom dos discursos que marcaram suas disputas pela Presidência da República em 2018 e 2022 sobre os supostos riscos de um governo de esquerda.
Nas críticas ao candidato do Psol, Guilherme Boulos, apoiado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Bolsonaro classificou o candidato como “invasor”. “Não podemos deixar assumir o comando de alguém que nunca trabalhou na vida, que invadiu propriedade alheia, para permitir a maconha, o aborto, para perverter crianças com ideologia de gênero”, disse o ex-presidente. “Nosso maior patrimônio é nossa família”, disse ele. Bolsonaro também citou a renegociação da dívida da cidade com a União, durante sua gestão, que liberou recursos para investimentos na capital.
Michelle Bolsonaro não falou nem fez a oração planejada pelos organizadores do evento. O ex-presidente Michel Temer (MDB), que chegou à convenção após o discurso de Bolsonaro, e o vice também não falaram.
Apoiador eleitoral de Nunes, o governador Tarcísio de Freitas destacou a atuação conjunta das duas gestões, municipal e estadual, na construção de moradias na cidade, em contraste com a atuação de Boulos, ex-coordenador nacional do Movimento dos Sem-Teto (MTST), na luta pela moradia.
“Ricardo tem o maior programa habitacional de São Paulo e esse programa deve ter continuidade”, disse. O governador destacou os 12 partidos da coligação de Nunes e afirmou que uma eventual vitória de Nunes seria “a mais importante da história de São Paulo”. “Que Deus abençoe São Paulo”.
Nunes associou sua imagem à de Bolsonaro e associou as principais conquistas de sua gestão ao ex-presidente, após agradecê-lo pela renegociação da dívida do município com a União. Além de citar a família, levada ao palco, elogiou os políticos (dois ex-presidentes, o governador do estado) ao seu lado. “Este é o momento mais importante da minha vida política”, disse ele.
Houve também um momento de homenagem ao ex-prefeito Bruno Covas (1980-2021), de quem Nunes foi vice. Tomás Covas, filho de Bruno, subiu ao palco no final do evento para agradecer a fidelidade de Nunes.
O prefeito também endureceu o discurso ao fazer referência ao seu principal adversário, Boulos, explorando algo que promete se tornar corriqueiro na campanha. “Não permitiremos que um invasor, um predador, apoiador da ditadura na Venezuela, invada e tome a maior prefeitura da América Latina”, disse.
Aproveitando o evento para criar imagens para a campanha de rádio e TV, que começa no final do mês, o autarca levou ao palco famílias beneficiárias de programas de alojamento e de apoio a sem-abrigo. Nunes foi ali descrito como um “anjo enviado por Deus”.
Nunes procurou retratar-se como uma pessoa que veio da periferia e que entende os problemas enfrentados pelos mais pobres. Em seu discurso, disse que a “quebrada venceu”.
No palco também estiveram os presidentes e partidos da coligação, como Gilberto Kassab (PSD), Paulinho da Força (Solidariedade) e Valdemar Costa Neto (PL), além do senador Marcos Pontes (PL).
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