Um estudo da Firjan comparou a empregabilidade nos últimos cinco anos e apontou profissões que serão menos afetadas pela expansão da IA Getty Images Engenheiros — de informática, produção e até mineração — bem como profissionais ligados à tecnologia da informação serão os menos impactados pela o avanço da inteligência artificial (IA) no Brasil. É o que constatou um estudo realizado pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), com base em dados da Lista Anual de Informações Sociais, a Rais, de 2022, último ano disponível. Segundo a Firjan, ocupações que já se destacam em aspectos como criatividade, alfabetização tecnológica e curiosidade tendem a ser mais resilientes e adaptáveis às mudanças tecnológicas. Os empregos com tarefas rotineiras e repetitivas são mais vulneráveis à substituição pela tecnologia, afirma o relatório. Confira o ranking das 10 profissões mais bem avaliadas Ranking das profissões mais ‘imunes’ ao avanço da AI Reprodução/O Globo Em cinco anos, as dez primeiras ocupações do ranking cresceram quase 77% no número de empregos: eram, em 2017, 180,2 mil vagas, saltando para 318,9 mil em 2022. A expansão equivale a cinco vezes o crescimento médio do mercado de trabalho formal no mesmo período, que foi de 14%. Segundo o relatório, a posição final das profissões foi definida por quatro critérios principais: crescimento no número de empregos: ajudar a identificar setores dinâmicos remuneração: que pode definir qualidade de vida, satisfação e motivação no trabalho estabilidade no emprego: analisar o número de CLTs dispensados no período importância das competências futuras no exercício da profissão: que mede o quão suscetível a profissão está à substituição pela tecnologia. É necessário um diploma? O estudo destaca que, apesar da lista ter predominância de profissões de nível superior, duas ocupações apresentam grande proporção de trabalhadores com apenas o ensino médio completo. Cerca de 57% dos técnicos de programação não possuem ensino superior. Mesmo assim, o número de vagas cresceu mais de 93% nos últimos cinco anos. 84,5% dos operadores de equipamentos remotamente pilotados também não possuíam formação superior, o que não impediu o aumento de 130% no número de vagas. — Mesmo num cenário em que vemos muitas pessoas que não buscaram o ensino superior, ainda é um fator determinante para ter uma carreira bem remunerada. Esse continua sendo um caminho relevante, mas não é o único — enfatiza Jonathas Goulart, gerente de Estudos Econômicos da Firjan. A aeronave pilotada remotamente, diz ele, começou a ser utilizada no setor audiovisual, mas hoje já é adotada para revisões em fachadas de edifícios e em estudos de plantio, análises e controle de pragas. — Nesse cenário de automação e mecanização, o drone tem sido usado para tudo — diz Goulart. Riscos Para Goulart, alguns empregos ainda estão em risco devido ao avanço da inteligência artificial. Segundo ele, há ameaça a empregos com processos repetitivos que podem ser automatizados. Alguns deles são trabalhadores e produtores agrícolas, lavadores e passadores, bem como aqueles que fazem modelos. Apesar do risco que essas profissões enfrentam, o trabalho poderá, segundo ele, sofrer uma transformação, com as pessoas passando do trabalho manual para o controle de máquinas que realizam essas tarefas: — Já vimos muita automação no mercado agrícola. Mas o processo de mecanização vai mudar a forma como as pessoas trabalham no campo: sempre haverá um ser humano usando a tecnologia para aumentar a produtividade no trabalho — afirma. Para o gerente de estudos econômicos da Firjan, o predomínio da engenharia no ranking reflete a necessidade de experiência técnica, cada vez mais necessária no setor de tecnologia. — O que percebemos é que as profissões são extremamente técnicas e a engenharia exige isso. É um cenário de mudança tecnológica com necessidade de automação, com a indústria avançando nessa direção — afirma. Para Bruno Imaizumi, economista da LCA Consultores, o movimento é acompanhado pelo boom online originado durante a pandemia, em 2020. Com mais pessoas em casa, houve necessidade de uma maior ampliação da capacidade de lidar com a tecnologia: — Estas são profissões que já estavam em ascensão antes. Pós-pandemia e com a explosão da IA, isso acabou contribuindo para um movimento que já estava acontecendo — destaca. Para Imaizumi, outras profissões também tendem a se beneficiar do frenesi da inteligência artificial, como aquelas que necessitam de análise de dados e intangíveis: — Veremos os economistas se beneficiarem, com modelagem de previsões. O setor da saúde e dos diagnósticos também deverá ser revolucionado com a IA, e até mesmo os bancos. As empresas vão exigir cada vez mais pessoas que saibam exigir e trabalhar com esse tipo de informação — afirma o economista, elencando o conhecimento em processamento de dados fornecidos por robôs como fatores para ser contratado ou mesmo manter-se estável em cargos futuros. A tendência é que esses cargos continuem crescendo, remunerando mais e gerando mais estabilidade, pois a corrida tecnológica ainda não terminou, exigindo níveis cada vez mais elevados de especialização, segundo especialistas: — Para ser engenheiro de computação e automação, haverá demanda por muitos anos. São profissões que exigem anos de estudo, não é fácil chegar ao nível de especialização. Então eles terão muito tempo para serem relevantes no mercado de trabalho brasileiro — afirma Goulart.
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