A Prever, fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasilele era acusado de “lavagem social” por Ana Bavonadvogado e fundador da B4People Cultura — consultoria de inteligência em Direitos humanos – através de um postar no LinkedIn do executivo.
Segundo especialistas consultados pela ValorÓ socialwashing (lavagem social, na tradução literal) ocorre quando empresas e instituições promovem campanhas, projeções e/ou comunicação sobre o engajamento da empresa com causas sociais, mas as práticas e políticas internas não refletem e não estão alinhadas com os fatos comunicados.
Segundo a reportagem, a Previ a convidou, por e-mail, para um mesa de debate com funcionários da empresa online, mas sem remuneração pró-labore — pagamento por trabalho realizado por sócio, gestor ou profissional.
A conversa focaria em sua “experiência e vivência como mulher negra em espaços majoritariamente ocupados por homens brancos”. Ainda segundo a reportagem, a empresa também queria criar uma conexão com o mês internacional das mulheres negras latino-americanas e caribenhas.
O executivo viu a proposta como um insulto e “um abuso injustificado para uma empresa com faturamento anual em torno de R$ 20 bilhões (sic)”, escreveu ele no e-mail de resposta ao convite da Previ, que também foi disponibilizado em sua postagem. Segundo Ana, seu maior desafio profissional é “lidar com empresas antiéticas como a Previ”.
“Quero que este exemplo prático de lavagem social tenha um caráter educativo, por isso não expus os nomes dos remetentes dos emails. Isso não é uma caça às bruxas, mas uma transformação que precisa acontecer”, disse Ana, em seu post.
Em resposta a Valor, Ana Bavon disse que a publicação não é um “exposto”.
“Por isso fiz questão de não incluir nomes de pessoas e que não se trata de valores, de pagamentos ou de mim especificamente. Porque, como profissional, já tenho um nome e uma reputação, mas é justamente a partir desse lugar que preciso influenciar um mercado de comportamentos realmente coerentes O objetivo da publicação é trazer à tona essas práticas pouco observadas pela maioria das pessoas que acreditam que existe um ESG sendo respeitado ou um impacto social sendo respeitado, quando na verdade as empresas não o são. . eles estão muito comprometidos com a cadeia de valor, que é um dos elementos mais importantes hoje quando falamos de direitos humanos e empresas, ou quando falamos de ESG”, disse Ana.
Em posição enviada para Valor, Previ pediu desculpas a Ana Bavon pelos sentimentos em relação ao convite feito. Segundo eles, o convite não contextualizava a participação “voluntária”.
“Por ser uma instituição com funcionários que administram recursos próprios, é prática dos colaboradores da Previ buscar eficiência operacional e parcerias para a realização de iniciativas, com convites para a participação voluntária de convidados especialistas em diversas áreas. o convite enviado não trazia esse contexto e, por isso, reforçamos o pedido de desculpas. O discurso de Ana Bavon é um importante alerta de que ainda temos um longo caminho a percorrer na construção da organização socialmente responsável que uma entidade com 120 anos possui. , assim como a Previ, deveria ser, mas também que estamos nesse caminho. Aprendemos com o nosso erro e isso servirá de incentivo para continuarmos melhorando, a cada dia”, afirmou a empresa.
O caso Previ pode ser considerado lavagem social?
Segundo Renata Moraes, sócia fundadora e CEO da ImpulsoBeta, empresa Diversidade, Equidade e Inclusão (DEI)O caso da Previ em relação a Ana Bavon pode ser considerado uma forma de lavagem social.
“O post de Ana Bavon é muito corajoso e expõe o que podemos chamar de social ou de diversidadewashing, empresas que buscam realizar ações que se alinhem ao pilar Social da agenda ESG, muitas vezes vinculadas a uma agenda de promoção da diversidade como neste caso, mas em prática eles também não questionam ou não estão dispostos a mudar estruturalmente suas práticas”, disse Renata.
Renata acrescenta ainda que socialwashing é uma derivação de um termo semelhante, lavagem verdecriado na década de 1980 para descrever empresas que não possuíam uma agenda ambiental condizente com suas práticas, mas lançavam produtos com apelos nesse sentido ou outras ações de marketing.
Carolina Ramires, consultora ESG da CR ESG Consulting, acrescenta que práticas como a lavagem social prejudicam o compromisso, a credibilidade e o engajamento da agenda ESG.
“Quando o que é externalizado, ou seja, publicado pela empresa, não reflete as suas reais práticas, há um desincentivo e uma quebra de confiança (na empresa e na agenda). Quando os casos de socialwhashing ou greenwashing se tornam públicos, todas as demais ações ESG da empresa acabam sendo questionadas, afinal não há como confiar na veracidade do que foi divulgado”, explicou Carolina.
Quais são os impactos da lavagem social?
Se essas práticas forem comprovadas, Além dos riscos económicos e jurídicos e da evidente falta de compromisso com as diretrizes e práticas ESG, o socialwashing, tal como o greenwashing, pode ter impacto na reputação da empresa e nas práticas internas relevantes, explicaram as fontes consultadas pelo Valor.
Carolina destaca que, internamente, para os colaboradores daquela empresa, quando há essa perda de confiança e credibilidade, há desânimo e desengajamento, mesmo que não explicitamente.
“Essas práticas podem gerar até queda de produtividade e desalinhamento de equipes, entre outras possíveis crises internas. Externamente, os riscos para a empresa são muitos: possíveis ações judiciais, perda de consumidores, perda de investimentos e financiamentos, queda no valor de suas ações e baixa credibilidade junto ao mercado, além de risco reputacional, que é exatamente o caso aqui” , disse Carolina.
Renata, por sua vez, explica que as empresas precisam se comprometer a focar nessas preocupações em suas práticas de forma generalizada.
“Ainda é muito comum que temas sejam de responsabilidade de áreas específicas, como ações afirmativas de recrutamento para ter mais representatividade, melhoria de desempenho de compliance, formação de lideranças sobre o tema, mas pode ser que, pela estratégia do negócio, a pressão continue abusivo com os fornecedores, o que terá um impacto ainda maior nas pequenas empresas, que geralmente são aquelas lideradas por grupos minoritários”, disse.
*Estagiário sob supervisão de Diogo Max
consignado para servidor público
empréstimo pessoal banco pan
simulador emprestimo aposentado caixa
renovação emprestimo consignado
empréstimo com desconto em folha para assalariado
banco itau emprestimo