A necessidade de uma resposta rápida às mudanças climáticas foi destacada pelo diretor-geral da Editora Globo e do Sistema Globo de Rádio, Frederic Kachar, em seu discurso de abertura da 24ª edição do Valor 1000, cerimônia de premiação que acontece na noite desta segunda-feira (16). ), no hotel Unique, em São Paulo.
“O que temos vivido no Brasil nos últimos meses é um desastre sem precedentes”, disse Kachar, lembrando que a Amazônia se tornou o maior emissor de gases de efeito estufa. “Uma inversão de papéis inacreditável e inaceitável.”
Os esforços ESG são levados em consideração nas premiações. São 10 jurados para avaliar as medidas adotadas pelas três empresas finalistas de cada um dos 28 segmentos analisados, destacou o executivo, para dar notas mais “confiáveis” às práticas de cada negócio.
Os temas ambientais também tiveram destaque na fala de Maria Fernanda Delmas, diretora editorial do “Valor Econômico”. Na cerimônia, ela destacou que a regeneração ambiental exige um esforço conjunto do setor privado, dos governos e da sociedade.
“Esperamos que as empresas hoje premiadas continuem a impulsionar esta agenda e não a percam de vista. A regeneração do planeta exige muito o trabalho do setor privado, em parceria com o poder público e a sociedade civil”, afirmou Delmas.
O diretor editorial destacou que o tema escolhido para a 24ª edição do evento foi a transição energética. “Queremos ajudar a mostrar ao mundo o potencial do Brasil e de suas empresas, incluindo nossa capacidade de ser uma solução de baixo carbono para o planeta. Por isso foi um ano em que investimos tanto em eventos no exterior”, disse.
Na quinta-feira (19), o Valor promove em Nova York, junto com a Amcham Brasil, a “Cúpula Brasil-EUA sobre Impacto Climático”, na sede da ONU, para debater a transição energética e como o Brasil pode liderar esse movimento. “A oportunidade existe, mas precisamos fazer o nosso melhor para aproveitá-la”, disse Kachar, lembrando que o país sediará a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP), em Belém, no próximo ano.
Um setor económico que sofre especialmente com as alterações climáticas é o agronegócio. O executivo lembrou que o segmento já estava desacelerando em 2023 e que este ano não teve um bom desempenho. Já é esperada uma queda de 2,5% no PIB setorial.
A agricultura, porém, não é o único segmento que tem enfrentado dificuldades. A receita líquida consolidada das 1.013 empresas que compõem o Valor 1000 caiu 5,8% em 2023, ano base da premiação deste ano, para R$ 7,3 trilhões. Essa queda é o pior resultado já registrado pelo ranking. “Nem na crise de 2019, nem em 2015 e 2016, nem na Covid tivemos uma queda tão grande”, disse o diretor. A queda nas receitas está principalmente ligada aos sectores petrolífero, alimentar e de proteína animal.
Dos 82% de empresas com lucro líquido em 2022, apenas 52% tiveram resultado positivo no ano passado. Para Kachar, são números que acendem uma “luz amarela” na indústria, e ajudam a explicar a “falta de harmonia” entre os resultados macroeconômicos do país, com aumento do PIB, queda do desemprego e inflação próxima da meta, e o humor do mercado.
“As preocupações com a disciplina fiscal continuam no topo das prioridades”, afirmou.
Embora haja problemas, a indústria continua dinâmica. Dos 28 segmentos analisados pelo Valor 1000, seis empresas foram premiadas pela primeira vez, destacou Kachar.
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