O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse hoje que espera que o presidente Emmanuel Macron (centro-direita), o ex-presidente François Hollande (socialista) e o líder de esquerda Jean-Luc Mélenchon “concordem” em formar um governo em França, depois da união das forças democráticas para frear o avanço da extrema direita no país europeu.
Este movimento coordenado entre vários partidos, desde o centro-direita até à extrema-esquerda, conseguiu impedir que o Rally Nacional, de extrema-direita, conquistasse a maioria dos assentos no parlamento francês na segunda volta das eleições, realizadas ontem. No entanto, nenhum partido ou coligação conseguiu este feito, o que levará a negociações para nomear um novo primeiro-ministro, entre receios de que o país se torne ingovernável.
“Espero que meu amigo Macron, meu amigo Mélanchon, meu amigo François Hollande e tantos outros camaradas franceses se unam para formar um governo que possa servir aos interesses do povo francês”, disse Lula aos jornalistas em Assunção, onde participou de a cimeira do Mercosul.
“Acho que foi uma coisa muito importante que aconteceu no mundo neste fim de semana. E tudo o que acontece na França é muito importante, porque somos todos um pouco filhos da Revolução Francesa.”
A votação colocou a coligação de esquerda como o maior grupo no parlamento, com o grupo liderado por Macron em segundo lugar, e o Comício Nacional em terceiro.
O Rally Nacional, liderado por Marine Le Pen, saiu vitorioso no primeiro turno. Mas um amplo movimento social, com a participação de políticos, artistas e até atletas da seleção francesa de futebol, reverteu o resultado ao promover a retirada de candidaturas em vários distritos para derrotar a extrema direita. Agora, a expectativa é que centro-direita e esquerda cheguem a um entendimento para formar governo.
“O que aconteceu na França é aquela coisa maravilhosa que a democracia representa. Ou seja, quando parecia que tudo estava confuso, quando parecia que tudo estava dando errado, aí o povo falou”, comentou Lula. “E o povo sai às ruas e diz: ‘Queremos que os setores democráticos continuem a governar a França, não queremos a extrema direita, não queremos fascistas, não queremos nazis, queremos democracia’. Foi o que aconteceu na França e estou muito feliz”, concluiu.
Lula também classificou a vitória do Partido Trabalhista nas eleições parlamentares de sexta-feira no Reino Unido como “um importante passo em frente”, encerrando 14 anos de domínio do Partido Conservador. O resultado, nas palavras de Lula, foi “esmagador”, com o Partido Trabalhista conquistando mais de 410 dos 650 assentos no Parlamento.
“Estou muito feliz com a vitória do Partido Trabalhista na Inglaterra. Há 14 anos eles estavam afastados do governo. E voltaram ao governo com uma maioria esmagadora. É um avanço importante”, afirmou.
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