Lula diz que, sem estabilidade política e jurídica, não há desenvolvimento social e econômico | Política

Lula vinculou a necessidade de ambos os países buscarem mais estabilidade ao argumentar que o “momento de ouro” do Brasil e da Bolívia “acabou”. “Que [momento de ouro] acabou no Brasil e na Bolívia. E por que existe uma magia na economia? Não, a economia não tem magia. A economia tem algumas palavras-chave que não podemos desperdiçar. A primeira palavra mágica para o sucesso de uma economia é estabilidade e credibilidade política. A segunda palavra-chave para um país ter sucesso, para a economia crescer e tudo ficar bem, é necessária estabilidade na economia. A terceira palavra mágica é que é importante para nós termos estabilidade fiscal. A quarta palavra mágica é que é importante para nós termos estabilidade jurídica. E a quinta palavra mágica: é importante para nós termos estabilidade social”, disse o presidente.

O discurso de Lula foi feito no evento de encerramento do Fórum Empresarial Bolívia-Brasil, realizado hoje em Santa Cruz de La Sierra. O presidente brasileiro também alertou os empresários presentes sobre os riscos de o setor produtivo aderir às tentativas de golpe de Estado na América do Sul. O recado foi dado porque, há poucos dias, o presidente da Bolívia, Luís Arce, foi alvo de um golpe ofensivo envolvendo militares do país.

“O setor produtivo tem plena consciência da importância do Estado Democrático de Direito. Sem estabilidade política e jurídica não há desenvolvimento social e econômico. Os empresários sabem que podem ser tão vítimas de um regime autoritário quanto os trabalhadores”, afirmou Lula. .

Em seguida, Lula destacou as “semelhanças” entre a agricultura do Brasil e da Bolívia. “Meu ministro da Agricultura é um homem da agricultura e a agricultura brasileira tem muito a ver com a da Bolívia. Muitas vezes as pessoas são iguais, são brasileiros que estão aqui [na Bolívia] produzindo. Então, temos que saber quais são as semelhanças entre nós para que, enquanto governo, possamos facilitar mais rendimento, mais produção, mais emprego”, defendeu.

O presidente brasileiro voltou a dizer que o país não quer ter crescimento económico “sozinho”, mas espera ser acompanhado pelos países vizinhos. “Alckmin nunca poderá vir comigo porque é o vice-presidente, mas temos muito interesse que a Bolívia participe do processo de crescimento do Brasil. O Brasil não pode crescer sozinho, nossos vizinhos precisam crescer juntos porque não podemos ser uma ilha de prosperidade”, acrescentou. .

Como exemplo negativo, Lula citou o caso dos Estados Unidos. “Se os americanos tivessem feito isso, não teriam uma América Central empobrecida. Agora eles decidiram dizer que nós, latinos, estamos prejudicando a economia americana. Temos que evitar que nosso povo seja nômade e perambule em busca de comida e empregos. [para a população]ninguém estará vagando pelo mundo em busca de condições [de vida]”, ele explicou.

Lula enfatizou mais uma vez a necessidade de integração entre os países sul-americanos. “Nunca tivemos tanta certeza de que integraremos a América do Sul com o [oceano] Pacífico e o [oceano] Atlântico. Podem ter certeza de que isso acontecerá durante meu governo. Investiremos na integração física através de rotas multimodais, duas dessas rotas passarão pela Bolívia. É preciso transformar discursos teóricos em coisas práticas. E vocês, empresários, têm que começar a produzir”, afirmou.

Por fim, o presidente tocou no tema combustíveis. “O Brasil optou pelos biocombustíveis há 40 anos, muito antes de a questão ecológica ganhar atenção. Como países amazônicos, devemos basear nossa visão de desenvolvimento sustentável na bioeconomia e na biotecnologia”, concluiu.