A Justiça Federal do Amazonas deferiu pedido da Amazonas Energia contra a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Em caráter de urgência, determinou na tarde desta sexta-feira (23) que o órgão edite o regulamento da medida provisória (MP) 1.232/2024 no prazo de 72 horas.
A juíza Marília de Paiva Sales, da 9ª Vara Federal de Manaus, no Amazonas, destacou a “inércia” da Aneel em relação ao MP e pediu urgência para que sua decisão chegue ao órgão. Segundo a assessoria de imprensa da Aneel na noite desta sexta, o órgão não havia sido notificado e avaliará as medidas após receber comunicado oficial do Tribunal.
A liminar ocorre dias depois de o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, enviar ofício à Aneel reclamando da lentidão da diretoria da agência em avaliar assuntos considerados importantes pelo governo e ameaçando intervir no órgão.
Entre os itens destacados na denúncia de Silveira está a demora da Aneel na publicação das minutas dos Contratos de Energia de Reserva (CER), determinação prevista na mesma MP 1.232.
Publicada em 12 de junho, a MP altera significativamente a Conta de Consumo de Combustíveis (CCC), que financia usinas térmicas do sistema isolado, e também impacta despesas do setor com Encargo de Energia de Reserva (EER). São esperados impactos que ainda não foram totalmente avaliados na fatura de eletricidade em todo o país.
Para justificar a liminar, o juiz destacou que a Amazonas Energia diz que enfrenta problemas financeiros e depende de uma decisão ágil para manter a prestação do serviço. Aceita a reclamação da empresa de que após 120 dias a Aneel não se pronunciou sobre nenhum dos itens vitais para a continuidade das operações.
“Conforme informado, a requerente Amazonas Distribuidora de Energia S/A destaca situação de extrema urgência, decorrente da inércia da Aneel no cumprimento das obrigações impostas pela MP-1.232/2024”, destaca a juíza em sua decisão.
“A requerente busca, portanto, por meio do Poder Judiciário, a imposição de medidas que garantam a continuidade do serviço de distribuição de energia elétrica, amparada na legislação vigente e na premente necessidade de evitar um colapso que traria consequências devastadoras para a população amazonense”.
O pano de fundo desta MP é de forte polêmica. A publicação foi publicada quatro dias depois de a Âmbar, braço de energia do grupo J&F, dos irmãos Joesley e Wesley Batista, ter adquirido um conjunto de termelétricas no Amazonas em uma transação no valor de R$ 4,7 bilhões.
Segundo especialistas, a MP deveria resolver o problema da Amazonas Energia e evitar um colapso no abastecimento no Estado. Porém, conforme está escrito, abre caminho para que os contratos de energia térmica dos ativos adquiridos pela J&F sejam integralmente financiados por todos os consumidores do Sistema Interligado Nacional (SIN).
A implementação das medidas da MP são consideradas essenciais para que a Âmbar Energia assuma o controle do Amazonas.
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