Com a indicação explícita do presidente da Reserva Federal (Fed), Jerônimo Powellque um processo de flexibilização monetária deveria começar em setembro, os mercados globais começaram a trabalhar com um ambiente de tarifas mais baixo em Estados Unidos adiante, o que deu um alívio significativo ao interesse futuro.
A valorização da taxa de câmbio interna, com a dólar novamente abaixo de R$ 5,50, deu suporte relevante para a retirada de prêmios da curva a termo e, assim, o taxas futuras encerrou a sessão com queda firme, principalmente nos picos intermediários.
Ao final dos negócios desta sexta-feira (23), a taxa do contrato de Depósito Interbancário (DI) para janeiro de 2025 caiu de 10,86% no reajuste anterior para 10,81%; o DI de janeiro de 2026 caiu de 11,62% para 11,465%; o do contrato de janeiro de 2027 passou de 11,63% para 11,45% e o do DI de janeiro de 2029 passou de 11,70% para 11,555%.
O discurso de Powell no simpósio de Jackson Hole atraiu a atenção dos participantes do mercado, que procuravam pistas sobre como começará o ciclo de cortes de juros. O dirigente foi explícito ao apontar que as taxas começarão a ser reduzidas em setembro e ao dar atenção ao mercado de trabalho em seu discurso. “Os mercados emergentes aproveitaram ao máximo a recuperação e, aqui, o real foi de longe o ativo local com melhor desempenho, enquanto a curva de juros teve um movimento de achatamento”, observa o trader de renda fixa de um grande banco.
O profissional, porém, observa que o desempenho mais contido do mercado de juros em relação ao câmbio pode estar ligado à volatilidade na comunicação dos diretores do Banco Central do Brasil ao longo da semana. Apesar do dólar cair abaixo de R$ 5,50, a inflação “implícita” teve reação bastante tímida durante a sessão: enquanto a inflação medida pela NTN-B para 2025 permaneceu em 4,62%, o IPCA embutido na NTN-B com vencimento em 2028 caiu de 4,65 % para 4,59%, segundo dados da corretora Necton.
“Os diretores têm conversado muito nos últimos dias e o tom não tem sido o mesmo em todas as conversas, o que tem deixado os participantes do mercado com muitas dúvidas sobre os próximos passos em relação à política monetária”, afirma o trader. Para ele, o comportamento das expectativas de inflação no Boletim Focus da próxima segunda pode dar uma ideia sobre o resultado líquido da comunicação do BC nos últimos dias. “A última pesquisa mostrou melhora relevante, mas foi quando a autoridade monetária teve um tom bastante ‘hawkish’. Eu me pergunto se as expectativas serão influenciadas após a recente mudança de tom.”
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