A leve deflação de agosto também trouxe novidades positivas na abertura dos dados, principalmente os acompanhados pelo Banco Central, segundo economistas. Os riscos do cenário, porém, continuam elevados e alguns deles devem se concretizar na próxima leitura, em setembro, como os relacionados à seca prolongada que o país atravessa.
O IPCA apresentou deflação de 0,02% em agosto, após alta de 0,38% em julho. O dado ficou abaixo da mediana de 0,01% dos analistas consultados pelo Data valor.
Andréa Angelo, estrategista de inflação da Warren Investimentos, destaca a desaceleração mais forte que a esperada nos serviços subjacentes (0,28%) e na média dos núcleos monitorados pelo Banco Central (0,25%).
“Com o resultado de hoje, os serviços subjacentes ajustados sazonalmente e anualizados desaceleraram de 5,59% para 5,35% e a média central atingiu 4,37%, de 4,63% em julho, abaixo do teto da meta”, escreve em comentário distribuído.
Por outro lado, o economista nota que os produtos alimentares caíram menos que o esperado (-0,73%). Em particular, os produtos frescos caíram -4,7% – a deflação dos tubérculos foi de 16,3%, contra -18,07% esperados, já evidenciando os impactos da seca que afecta o país.
A desaceleração dos núcleos é um sinal de que, embora os riscos ligados à forte atividade e ao mercado de trabalho aquecido continuem presentes, esse contágio ainda não se concretizou, avalia o economista-chefe da Constância Investimentos, Alexandre Lohmann.
“Existe esse medo de reaceleração dos núcleos, mas isso não foi observado. Alguns sustos recentes revelaram-se específicos, como o dos serviços em julho, que esteve ligado ao aumento do seguro automóvel na sequência das cheias no Sul”, explica. “Algumas categorias de serviços intensivos em mão de obra estão desacelerando, ao contrário do que se imaginava. Mesmo o repasse da taxa de câmbio para os industriais ainda não se mostrou tão forte quanto se temia”.
A avaliação, porém, não é consensual. Para Daniel Xavier, economista-chefe do Banco ABC Brasil, a surpresa positiva em alguns núcleos na leitura de agosto foi ‘discreta’, cerca de 0,02 ponto percentual em relação ao projetado. Além disso, os dados de agosto reforçam a percepção de que a desinflação observada a partir de meados de 2022 estagnou.
“As médias móveis anualizadas de 3, 6 ou 12 meses apontam todas nessa direção. A média central de 3 meses é de 4,6%, acima do teto da faixa de inflação. Enquanto isso, o dos serviços subjacentes estagnou em 5,06% em doze meses, enquanto a difusão dos serviços subiu para 60,8%”, destaca.
Tatiana Pinheiro, economista-chefe da Galapagos Capital, também destaca a ‘cristalização’ de importantes medidas de inflação acima da faixa estabelecida pela autoridade monetária. Nos doze meses, os serviços intensivos em mão de obra subiram 5,57% e os serviços básicos subiram 5,06%.
“A principal mensagem é que o foco das ações do BC parou de melhorar e continua longe do centro da meta. A difusão também voltou a subir, para 56%, e está um pouco acima do que consideramos uma faixa confortável”, afirma.
O economista chama ainda a atenção para o comportamento dos ‘transacionáveis’, itens sensíveis às variações cambiais. Depois de meses de baixa, já acumulam alta de 2,0% em 12 meses. No caso dos alimentos vendidos externamente, o aumento já chega a 4,99%.
Para Xavier, o IPCA deverá voltar a acelerar significativamente em setembro. “Teremos o reajuste da bandeira tarifária, que passará do verde para o vermelho 1, o aumento das passagens aéreas e também a aceleração dos preços dos alimentos”, explica.
Em relação a este último, as coleções mais recentes do varejo apontam alta de 0,72% no grupo alimentação e bebidas neste mês, após deflação de 0,44% em agosto. No atacado, a IPA agro voltou ao território positivo, lembra Xavier. “Então, deve haver pressão desse grupo. Mas o risco mais importante relacionado com a seca é a energia. Trabalhamos com a bandeira vermelha 1 até o final do ano, mas um aumento para a bandeira vermelha 2 acrescenta 10 pontos-base a essa projeção.”
Andréa, de Warren, também vê pressão alimentar pela frente. No ano, o grupo dos frescos registou um aumento na ordem dos 3,3%, mas esse aumento deverá atingir os 9,1% até ao final de 2024, afirma. Como resultado, o aumento em 12 meses no grupo alimentação no domicílio deverá passar de 4,6% para perto de 6% até o final do ano.
Embora as pressões do aquecido mercado de trabalho não tenham se concretizado até agora, o economista também acredita que vai piorar no futuro. Na métrica anualizada e com ajuste sazonal, os serviços intensivos em mão de obra passaram de 5,02% em julho para 4,33%. Para já, esperamos que termine o ano em 5,29% e que os preços subjacentes se aproximem dos 6% face aos 4,80% de 2023. Neste sentido, fica claro que, até ao momento, o que esperamos pela frente é um agravamento desta dinâmica refletindo as condições favoráveis do mercado de trabalho em que todos os indicadores económicos ligados ao rendimento e ao emprego continuam muito fortes”, afirma.
Após os dados, a ASA revisou a projeção de inflação para 2024 de 4,4% para 4,60%, citando piora nas expectativas para o grupo alimentação no domicílio, inflação mais alta para produtos industrializados e bandeira tarifária amarela para o final do ano, chegando ao vermelho 2 em outubro. A projeção para setembro passou de 0,58% para 0,67%. O IPCA de 2025, atualmente projetado em 4,1%, tem viés de alta, afirma o gestor.
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