O Ministério do Desenvolvimento Social procura aumentar esta percentagem. Além de parcerias com a iniciativa privada para contratação de beneficiários, tem promovido cursos de capacitação para grupos específicos dentro do programa, como mulheres negras.
Ao final de 2023, o Bolsa Família contava com 55,74 milhões de pessoas beneficiadas pelo programa, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), das quais 29,07 milhões tinham entre 18 e 64 anos. o que representa 52,15% do total. Destes, apenas 1,26 milhão estavam em empregos formais, o que representa 4,33% da população adulta.
Além desses, outros 106,88 mil – fora da faixa entre 18 e 64 anos – foram inscritos no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).
Hoje o programa tem cerca de 663,52 mil beneficiários a menos, totalizando 55,07 milhões de inscritos e 30,18 milhões entre 18 e 24 anos, o que representa 54,8% do total, segundo dados de junho. Os últimos números de beneficiários cadastrados no Caged disponibilizados pelo MDS, porém, são os do final de 2023.
Os beneficiários do Bolsa Família respondem pela grande maioria do Cadastro Único (CadÚnico), que inclui também quem recebe benefícios como Minha Casa, Minha Vida e Benefício de Prestação Continuada (BPC). Em todo o CadÚnico, havia 98,2 milhões de pessoas no final do ano passado, das quais 57,33 milhões tinham entre 18 e 64 anos, 58,38% do total.
Desse grupo, 1,52 milhão estavam no Caged, ou 2,65% das pessoas em idade adulta, além de outros 126,82 mil fora dessa faixa etária.
Em junho, o número de cadastrados chegou a 97,02 milhões de pessoas, das quais 55,73 milhões (ou 57,44%) tinham entre 18 e 64 anos.
Hoje 43,17% dos adultos inscritos no CadÚnico estão ocupados no mercado de trabalho, em empregos formais e informais. A taxa de ocupação é semelhante entre beneficiários e não beneficiários do Bolsa Família: 43,10% e 43,37%, respectivamente.
Todos os beneficiários do Bolsa que trabalham têm a perspectiva de deixar de receber o benefício em até dois anos. Isso porque, desde 2023, o programa passou a contar com a chamada regra de proteção.
Por meio dele, o beneficiário que consegue um emprego e tem renda per capita entre R$ 218 e meio salário mínimo continua recebendo metade do benefício pelo período de dois anos. Quem ganha mais de meio salário mínimo deixa de receber o benefício, mas permanece cadastrado no CadÚnico por 24 meses.
Segundo Alison Ramon Santos e Silva, diretora do Departamento de Apoio ao Empreendedorismo do MDS, a regra visa proteger os beneficiários da elevada instabilidade de sua participação no mercado de trabalho.
“A maior crítica que fazemos ao modelo anterior é que, assim que o beneficiário conseguiu emprego, ele saiu do programa. E isso acaba sendo muito ruim, porque a inserção dessas pessoas no mercado é muito volátil”, afirma Ramon.
“Com a regra, que existe desde 2023, se a pessoa passar por algum mau tempo e deixar o emprego depois de alguns meses, ainda estará recebendo o benefício. Caso continue trabalhando, permanecerá no CadÚnico por dois anos, período que consideramos necessário para sua emancipação.”
Alguns são tão pobres que nem sequer têm dinheiro para procurar emprego.”
— Pedro Fernando Nery
Dados do MDS mostram que em maio havia 2,59 milhões de famílias sob a regra de proteção. Em junho, eram 2,58 milhões.
Ramon afirma que muitos beneficiários hoje buscam ser microempreendedores, geralmente do setor alimentício. Segundo pesquisa realizada pelo MDS e pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), o percentual de microempreendedores individuais (MEIs) cadastrados no CadÚnico é de 4,65 milhões, o que corresponde a 7,42% dos maiores de 18 anos cadastrados.
Pensando em aumentar a taxa de empregabilidade no sector formal, o MDS tem procurado parcerias com o sector privado para encontrar uma saída para os beneficiários.
“Lançamos recentemente a parte operacional do Crédito, iniciativa que disponibiliza crédito aos cadastrados no CadÚnico. E estamos trabalhando com empresas para incentivar a contratação desses beneficiários”, afirma, citando Grupo Carrefour Brasil e Coca-Cola Brasil. “Além disso, buscamos capacitar essas pessoas em parcerias com Amazon, Huawei, Sistema S e institutos federais. Já temos 1,7 milhão nesses processos”
Na parceria com o MDS, o Grupo Carrefour contratou 21 mil pessoas que recebem Bolsa Família desde março de 2023.
Kiko Campos, diretor de recursos humanos do grupo, afirma que os beneficiários que ingressam na empresa são mais engajados do que os demais iniciantes.
“Sentimos uma diferença na motivação dessas pessoas. Percebemos mais alegria do que outros colegas que estão iniciando sua jornada aqui”, diz ela, lembrando que a maioria começa em cargos de nível inicial.
Como aconteceu com Josefa Matos, 46 anos, funcionária de uma unidade do Carrefour em Itu, no interior de São Paulo.
“Trabalhei como freelancer, mas como meu pai, Miguel, de 79 anos, veio morar comigo, há cinco anos, tive que me cadastrar no CadÚnico para receber o benefício”, diz Matos.
Até ingressar no Carrefour, em maio, Matos complementava a renda com limpeza, ganhando cerca de R$ 1 mil por mês. Hoje ele recebe R$ 1.890 como trabalhador CLT, vale-transporte e vale-alimentação, trabalhando para substituir gôndolas e balcões de supermercados.
“Corri atrás de um serviço cadastrado [em carteira] ter estabilidade, benefícios, convênio médico”, diz Matos, que estudou até o final do ensino médio.
Este é seu segundo trabalho registrado. A anterior foi há dez anos, numa fábrica de cintos de segurança.
Pedro Fernando Nery, autor do livro “Extremos – Um mapa para entender as desigualdades no Brasil” e professor do Instituto Brasileiro de Educação, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP), afirma que sem o Bolsa Família seria muito mais difícil para essas pessoas acessar o mercado de trabalho.
Crianças do Bolsa Família do início do programa agora têm carteira assinada”
-Marcelo Neri
“Algumas pessoas são tão pobres que nem sequer têm dinheiro para procurar emprego. Passagens de ônibus ou impressões de currículos custam dinheiro, principalmente quando a busca é demorada”, argumenta.
“A pobreza consome muito espaço mental das pessoas e a procura de emprego exige planejamento e paciência. Para quem mata um leão por dia, o Bolsa ajuda na sobrevivência imediata e permite que o emprego seja o próximo passo.”
No estudo “Programas sociais e emprego formal: Evidências do programa Bolsa Família brasileiro”, de 2020, os pesquisadores Anna Fruttero, Alexandre Ribeiro Leichsenring e Luis Henrique Paiva sugerem que o Bolsa Família aumenta a probabilidade de os beneficiários conseguirem emprego formal, especialmente os mais jovens .
Publicado como documento de trabalho do Fundo Monetário Internacional (FMI), o trabalho apresenta duas hipóteses para explicar isso: o fato de o Bolsa ajudar os beneficiários a pagar o custo da procura de emprego e um fluxo mensal previsível de recursos, o que permitiria aos beneficiários avaliar melhor suas escolhas a longo prazo.
Por ser cadastrada no Bolsa Família, Débora Ferreira, que atua no setor de limpeza urbana em Juiz de Fora, Minas Gerais, viu a possibilidade de ter um emprego melhor em um futuro próximo.
Ferreira é um dos beneficiários do curso de formação em computação em nuvem, disponibilizado por meio do acordo de cooperação técnica entre o MDS e a Amazon Web Services (AWS).
“Quando surgiu a oportunidade do curso eu estava desempregado e recebendo a bolsa. Fiquei interessado porque é sempre bom aprender coisas novas e não tenho conhecimentos de informática”, diz Ferreira, que tem 34 anos e está no CadÚnico desde criança e sua mãe recebia Bolsa Família.
“A primeira parte do curso, alfabetização digital, foi boa para eu me aprimorar. A segunda, a programação, será muito importante no futuro.”
Ao terminar o curso, voltado para mulheres negras, beneficiárias do Bolsa Família e que tenham ensino médio completo, ela pretende procurar emprego na área de criação de sites e jogos.
“É bem difícil, tem que ter muita dedicação. Mas é uma vantagem, um diferencial que terei”, diz Ferreira, que recebe R$ 1.346 por mês e mora com o marido e a filha de 3 anos.
Andrea Leal, gerente de programas massivos da empresa na América Latina, diz que a cooperação técnica com a Amazon existe desde agosto de 2023. Hoje são 25 mulheres em Juiz de Fora, no Recife, e em Aripuanã, no Mato Grosso, no curso de introdução ao mundo digital , computação em nuvem e inteligência artificial generativa.
“Depois de capacitar as 500 mulheres beneficiadas pelo projeto até 2025, nosso objetivo é fazer ajustes, se necessário, e buscar potenciais parceiros públicos e privados para ganhar escala”, afirma.
Leal afirma que os principais resultados serão colhidos após seis meses de treinamento, mas o desenvolvimento de novas competências já é visível.
“Temos no programa mulheres que trabalham como diaristas, que entraram no piloto com pouco ou nenhum conhecimento de tecnologia e que completam a primeira trilha de aprendizado sabendo criar planilhas, apresentações com slides, conseguir identificar fake news e criar perfis profissionais no LinkedIn”, diz ele. . “Depois da formação profissional, o progresso será ainda mais significativo.”
Rafael Osório, técnico em planejamento e pesquisa da Diretoria de Estudos e Políticas Sociais do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), afirma que o valor pago pelo programa permite que as famílias, ou pelo menos seus filhos, tenham mais condições de enfrentar o disputa [por vagas] no mercado formal.
Mas alerta para a dificuldade de inserção desses beneficiários em empregos formais. “Imagine uma família composta por uma mãe solteira e seu filho. Surge uma vaga formal para trabalhar como caixa de supermercado. Mas fica do outro lado da cidade e ela não consegue encontrar uma creche para a filha. Que cálculo essa mulher fará? ‘Hoje recebo R$ 750, R$ 600 do Bolsa Família e R$ 150 para a criança. Se eu aceitar esse trabalho do outro lado da cidade, terei despesas de viagem e alimentação, além de ter que pagar alguém para cuidar do meu filho’. A decisão racional é ganhar um pouco menos e ficar com o filho”, afirma. “Esse trabalho vai piorar a vida dela, não é uma coisa boa. [opção].”
Ele argumenta, porém, que ninguém deixa de conseguir um emprego bom, sólido, com carteira assinada e com condições de trabalho favoráveis, porque não receberá mais o Bolsa Família.
Marcelo Neri, diretor do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getulio Vargas (FGV Social), afirma que, além de pesquisas mostrarem que o emprego formal cresce mais onde há Bolsa Família, o efeito multiplicador do programa na economia supera o de outros benefícios .
Um estudo realizado em 2013 por ele com outros pesquisadores mostra que cada R$ 1 gasto no Bolsa Família aumenta o PIB em R$ 1,78. O efeito multiplicador do Bolsa Família sobre o PIB é maior que o do BPC (R$ 1,19), do Seguro-Desemprego ou do Abono Salarial (R$ 1,06), do Regime Próprio de Previdência Social (R$ 0,53), do Regime Geral de Previdência Social (R$ 0,53), do Seguro Social Geral Regime Previdenciário (R$ 0,52) ou FGTS (R$ 0,39).
“Isso ocorre porque os pobres consomem uma parcela maior da renda do que os ricos”, diz Neri.
“Mas também tem outro tipo de efeito, que é geracional. Ou seja, filhos do Bolsa Família, que tinham entre 10 e 16 anos no início do programa, que hoje têm emprego formal. A evidência é que 47,6% destas crianças que hoje são adultas estão no mercado formal. E isso não é pouca coisa.”
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