A inclusão digital dos negros pode ser a chave para um impulso econômico significativo no Brasil. É o que aponta um estudo encomendado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e realizado pela DIMA Consultoria.
Hoje, 29 milhões de afro-brasileiros não têm acesso pleno à internet ou às tecnologias digitais, seja porque é limitado ou esporádico. A pesquisa indica que se essa população fosse incluída digitalmente, sua renda anual poderia aumentar em R$ 360 milhões, dinheiro que não só melhoraria a qualidade de vida dessas famílias, mas também impulsionaria o comércio, inclusive o digital. O cálculo baseia-se na correlação entre o acesso à Internet e a melhoria das oportunidades económicas.
Desta população, 10,6 milhões referem-se especificamente àquelas pessoas que estão completamente desconectadas da internet, sem qualquer tipo de acesso, seja móvel ou fixo.
“Além do aumento direto da renda, a inclusão digital dos afrodescendentes pode trazer impactos significativos na economia brasileira, contribuindo para a redução da desigualdade social e racial, aumentando a produtividade e fomentando a inovação”, comenta Luana Ozemela, fundadora e consultor da DIMA Consultoria.
Hoje, no Brasil, os afro-brasileiros representam 56% da população e têm uma taxa de participação de 54% na força de trabalho, o que destaca o papel dessas pessoas na economia nacional. No entanto, 10,6 milhões de pessoas deste grupo ainda estão desconectadas da internet.
A conclusão do estudo é que essa lacuna limita as oportunidades de emprego e desenvolvimento profissional desses brasileiros e também restringe seu potencial de contribuição para a economia. Por outro lado, trabalhar na inclusão digital destes 10,6 milhões de afro-brasileiros sem acesso poderia transformar radicalmente o seu acesso a oportunidades educacionais e profissionais e contribuir para uma redução geral das desigualdades sociais e económicas no Brasil. Outro benefício destacado é permitir que essas pessoas participem de forma mais significativa no mercado de comércio eletrônico.
O porta-voz lembra que muitos cursos técnicos e superiores dependem da mobilidade EAD, exigindo literacia digital da população, estabilidade de ligação e qualidade dos equipamentos. Da mesma forma, há uma procura crescente por parte do setor produtivo por competências digitais, o que também pode ser uma oportunidade para estas pessoas.
“O acesso digital permite que estas pessoas participem na economia digital, seja através do aumento das suas competências e qualificações profissionais, seja através da oportunidade de empreender ou trabalhar remotamente”, afirma Ozemela.
A DIMA calcula que a inclusão digital dos 10,6 milhões de negros desconectados da internet poderá gerar R$ 9,76 bilhões em comércio eletrônico.
Esse valor reflete o gasto médio anual de R$ 2.197,21 por pessoa, com base em dados de consumo online de 2021. Segundo o relatório, a inclusão destes consumidores não só aumentaria a receita das empresas de comércio eletrónico, mas também impulsionaria o crescimento económico das empresas afro-brasileiras que ainda não estão no mercado digital.
“A internet facilita o acesso a mercados, plataformas de vendas, serviços financeiros e formação, possibilitando ganhos económicos tanto para trabalhadores independentes como para pequenos empreendedores”, acrescenta o executivo.
Desbloquear este potencial, diz Ozemela, requer investimentos em infra-estruturas, tais como a expansão das redes de fibra óptica e o fornecimento de dispositivos acessíveis. Ela lembra que programas como o Wi-Fi Brasil já estão instalando pontos de acesso em áreas rurais e periféricas. No entanto, o custo dos serviços de Internet e dos dispositivos móveis ainda é um desafio.
“Poderão ser necessários subsídios governamentais ou parcerias com o sector privado para financiar estes esforços, como ocorreu noutros países que investiram na inclusão digital de grupos marginalizados”, afirma.
As empresas também podem desempenhar um papel relevante, segundo Ozemela. Além de integrar o conselho da DIMA, ela também é vice-presidente de Impacto e Sustentabilidade do iFood, plataforma que entende deficiências e potencialidades e investe em digitalização e capacitação de entregadores.
“A ligação entre estes esforços e o estudo do BID mostra a grande oportunidade que o setor privado tem em liderar iniciativas de inclusão e alfabetização digital, criando um ambiente seguro e acessível para todos”, comenta o executivo.
Para promover a equidade digital e reduzir as desigualdades, sugere que as empresas invistam em tecnologia de ponta, educação digital e proteção contra fraudes.
Com o aumento das tentativas de fraude no Brasil, a pesquisa recomenda a implementação de soluções antifraude, essenciais para proteger os consumidores em um ambiente digital cada vez mais complexo. Bancos, fintechs e plataformas de comércio eletrônico devem adotar tecnologias antifraude, além de campanhas educativas que ensinem boas práticas de segurança, como o uso de senhas fortes e a identificação de golpes.
“Sem competências básicas de navegação online e de segurança, as pessoas correm o risco de ficarem ainda mais excluídas. A responsabilidade por esta alfabetização deve ser partilhada entre governos, ONG e empresas, com programas de formação e parcerias com escolas e comunidades”, afirma Ozemela.
Além disso, a pesquisa enfatiza a importância da alfabetização digital, propondo investimentos em formação técnica e certificações para afro-brasileiros.
Ozemela como exemplo de que a inclusão e a alfabetização digital estão na estratégia do iFood. A startup oferece capacitação tecnológica para jovens em situação de vulnerabilidade social por meio dos programas Potência Tech e Maratona Tech, e apoia a plataforma de educação básica e tecnologia da Fundação Bi, disponível para sua rede. O programa proprietário My High School Diploma incentiva os motoristas de entrega a estudar para concluir a formação básica, utilizando Inteligência Artificial em aulas virtuais. “As empresas podem ter um impacto significativo”, afirma.
Outro ponto levantado é a formação de empreendedores. Ela cita o iFood Believe e o Decola como exemplos de ferramentas para acelerar a digitalização das PMEs. “Precisamos impulsionar os negócios liderados por negros e toda a cadeia envolvida e, ao mesmo tempo, garantir a alfabetização digital para que esse crescimento seja inclusivo”, destaca o VP. “Os pagamentos digitais e o governo digital fazem parte desta nova realidade, tornando o uso da tecnologia diretamente ligado ao conceito de cidadania.”
A pesquisa traz ainda outras sugestões para reverter o cenário atual e promover uma inclusão digital efetiva, como, por exemplo, canalizar investimentos privados para setores com grande potencial de digitalização e impactantes na vida da população afro-brasileira. O setor de planos de saúde é um exemplo citado, pois pode se beneficiar da digitalização, incluindo a telemedicina, e impactar diretamente os afro-brasileiros sem acesso a esses serviços digitais.
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