Ibovespa completa cartela do bingo e sobe em todos os pregões de julho (até agora) | Bolsas e índices

Este foi o toque final para consolidar a nona alta consecutiva do Ibovespa, alcançando saldo positivo em todos os pregões de julho. Nem todos os avanços foram tão fortes como hoje. Mesmo assim, esta recuperação modesta resultou num ganho de 3,54% da carteira teórica.

• O Ibovespa subiu então 0,85%, aos 128.294 pontos nesta quinta. No ano, porém, o índice cai 4,39%;
• O volume negociado foi de R$ 13,7 bilhões, abaixo da média de 12 meses de R$ 16,8 bilhões, mas não surpreende considerando o feriado.
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Uma inflação mais controlada e mais próxima da meta de 2% ao ano prepara o terreno para o sonhado corte dos juros nos Estados Unidos. As apostas de que a redução ocorrerá já em setembro atingiram o pico após os dados de preços ao consumidor. Afinal, o Banco Central dos Estados Unidos (Federal Reserve) tem a missão de intervir para evitar uma escalada nos preços.

Esta semana, o presidente do Fed, Jerome Powell, repetiu novamente que ainda precisaria de mais dados de inflação para prosseguir com o corte. Porém, a inflação não precisaria atingir a meta para que isso acontecesse.

“A variação dos preços ao consumidor norte-americano desacelerou em junho pelo terceiro mês consecutivo e atingiu 3% na comparação anual, abaixo dos 3,3% observados em maio. Este foi o menor nível de inflação desde o início de 2021 (quando o IPC avançou pós-pandemia). A divulgação dos números da inflação ao consumidor foi positiva e ajuda a redesenhar a trajetória de desaceleração do IPC em direção à meta de 2,0% definida pelo Federal Reserve”, afirma Marcela Kawauti – Economista-Chefe da Lifetime Asset Management.

Os dados dos EUA vieram somar à inflação do Brasil. Ontem, o IPCA também ficou abaixo do esperado, animando o mercado e elevando o preço de ações ligadas ao setor doméstico como bancos e construtoras que se beneficiam de juros mais baixos.

Acontece que há um estímulo, embora não explícito, ao consumo quando o custo do crédito é reduzido. Se o crédito for mais barato, tende a haver uma melhora no endividamento e as pessoas vão às compras. Outro ponto é que, com retornos menores da renda fixa, o mercado de ações fica um pouco mais atrativo para os investidores.

Apesar do apetite pelo risco no mercado de ações, o dólar voltou a subir. Normalmente, a moeda americana desvaloriza face a outras quando há sinais de que as taxas de juro poderão cair em breve nos EUA. Porém, esta quinta-feira apresentou um movimento contrário.

“Os dados do IPC da manhã foram positivos. Na verdade, o câmbio refletiu isso pela manhã. Porém, temos que olhar o quanto o dólar acabou alcançando a alta que teve nos últimos dias. Então, hoje os investidores que tinham posições vendidas acabaram saindo dessas posições e isso acabou gerando um leve aumento no câmbio”, afirma Christian Iarussi, especialista em mercado de capitais e sócio da The Hill Capital.

• O dólar comercial subiu 0,55%, sendo negociado a R$ 5,44. Em julho, o ativo acumulou queda de 2,62% após o rali verificado no final de junho. No acumulado do ano, porém, ainda mantém alta de 12,15% frente ao real.

Com a melhora na percepção das contas públicas e o avanço da Reforma Tributária no Congresso, as taxas de juros têm reagido com queda. A queda das taxas nos Estados Unidos também contribui para determinar o tamanho do prêmio de risco no Brasil. Enquanto os contratos futuros de juros com vencimentos mais longos caíram, os mais curtos tiveram um pequeno avanço.

• A Taxa de Depósito Interbancário (DI) referente a janeiro de 2025 foi reajustada de 10,53% para 10,55%. Os prêmios em contratos de prazo mais curto estão mais ligados às expectativas dos investidores em relação à Selic;
• Para janeiro de 2033, a alíquota passou de 11,71% para 11,67%. Os vencimentos com prazos mais longos refletem uma maior preocupação com a inadimplência do governo (o chamado “risco fiscal”).

Das 86 ações do Ibovespa, 71 tiveram ganhos e apenas 12 acumularam queda no dia. Outros três permaneceram estáveis.

Dos retalhistas às empresas petrolíferas, a “ascensão” foi generalizada. Com uma nova subida dos preços do petróleo e a valorização do dólar, os exportadores do sector petrolífero aumentaram. A exceção foi o Prio, que acumulou altas e pode ter passado por um processo de realização de lucros, que é quando os investidores vendem ações que valorizaram recentemente para obter ganhos antes que caiam novamente. Os frigoríficos que se beneficiam da alta do dólar também voltaram a brilhar.

Os retalhistas reagiram bem à perspectiva de taxas de juro mais baixas, crédito mais acessível e, claro, estímulo ao consumo. As construtoras também saíram na frente.

“Entre os ativos em queda, temos o Assai. Basicamente um ponto que o mercado está olhando é que o maior concorrente, o Carrefour, pode ter um desempenho superior. Por isso hoje tivemos o Carrefour trabalhando para cima e o Assai caindo, liderando a queda do Ibovespa”, afirma Iarussi, do The Hill Capital.