Produtores de café, soja, madeira, carnes, couro, papel e celulose participaram do encontro em Brasília. Uma das exigências do governo é que imagens de satélite e bancos de dados locais sejam utilizados para rastrear a origem dos produtos. Por iniciativa do Itamaraty, o governo reuniu recentemente pela primeira vez em Brasília representantes de todos os estados do país, associações do setor privado e trabalhadores. de vários ministérios para debater e alinhar posições sobre como lidar com a entrada em vigor, em 1º de janeiro de 2025, da lei antidesmatamento da União Europeia (UE), a Lei do Desmatamento da União Europeia (EUDR). Há preocupação em todos os setores e diversos questionamentos ao bloco europeu, especialmente pela falta de clareza sobre como será implementada uma lei que o Brasil, desde o início, considerou punitiva e, portanto, uma forma equivocada de lidar com o problema da desmatamento. Um caminho melhor teria sido, dizem fontes que acompanham o tema, propor acordos de cooperação para combater o desmatamento e não, pelo contrário, punir países em desenvolvimento como o Brasil. Ainda mais complicada é a situação nos países mais pequenos que têm mais dificuldades em cumprir os novos requisitos da legislação europeia. No encontro em Brasília, comentaram vários participantes, foram expostos os receios dos produtores de café, soja, madeira, carne, couro, papel e celulose, entre outros. Atualmente, 31,8% das exportações brasileiras têm como destino o mercado europeu, percentual que chegou a 34,4% no ano anterior. A lei, aprovada com amplo apoio no Parlamento Europeu, visa impedir que exportações de áreas desmatadas, legal ou ilegalmente, entrem na UE a partir de 2020. — Queremos pavimentar essa estrada e evitar tombamento — afirma o embaixador Fernando Pimentel, diretor do Departamento de Política Comercial do Itamaraty, lembrando que a nova lei europeia representa uma ameaça a um terço das exportações brasileiras para o bloco. A avaliação entre diplomatas, governantes e exportadores é que os produtores brasileiros terão que provar sua inocência de forma definitiva, por meio de um sistema ainda muito mal explicado e com elementos que podem causar enormes dores de cabeça ao Brasil. E o custo de provar esta inocência, sublinharam todas as fontes consultadas, é elevado. — Queríamos conversar com os estados e ouvir os estados. Trabalhamos há muito tempo, muito antes da lei ser aprovada, e era importante compartilhar informações. Foi uma reunião muito importante e pretendemos realizar outras — acrescenta Pimentel. O Brasil, frisou o embaixador, está numa “corrida de obstáculos” até que a lei entre em vigor, sem descartar, comentaram outras fontes, a possibilidade de a própria UE adiar o prazo devido a questões que surgem até dos produtores europeus. Há vários temas em discussão, todos discutidos no encontro em Brasília. Uma delas é como a UE determinará que um produto provém de uma área desmatada. O Brasil solicitou a aceitação de suas imagens de satélite e bancos de dados. que o país dispõe de sistemas de monitorização de última geração e reconhecidos internacionalmente. A UE quer a rastreabilidade absoluta de cada produto, o que, na visão do governo brasileiro, é complexo, como explica o embaixador Pedro Miguel da Costa e Silva, chefe da missão brasileira. em Bruxelas: — Existem dificuldades relacionadas com a identificação do que constitui e do que não constitui desflorestação. Para certas mercadorias, o rastreamento absoluto é difícil de implementar —. o bloco não tem obrigação de fazê-lo. A preparação para a nova lei europeia é hoje a principal preocupação da missão brasileira em Bruxelas, principalmente, enfatizou o Embaixador Costa e Silva, “porque num primeiro momento poderia representar uma barreira ao comércio e, no futuro, poderia levar ao desvio do comércio ”. Na opinião de Marcela Carvalho, secretária executiva da Camex, que esteve no encontro organizado pelo Itamaraty, “é preciso unificar os discursos e ter ações coordenadas”. — Embora não apoiemos países que imponham medidas ambientais que tenham impacto no comércio, precisamos apoiar o setor produtivo nacional para enfrentar uma realidade que será imposta. Não haverá como voltar atrás. Pode haver um adiamento, mas a lei entrará em vigor e todos devem estar preparados — ressalta Carvalho. Uma das questões levantadas por todos os envolvidos nos debates no Brasil é que o custo da adaptação à nova legislação da UE não pode ser repassado aos países exportadores e em desenvolvimento. O Brasil e outros países têm solicitado um período de adaptação razoável, e a não aplicação de multas — fixada em 4% da receita do importador — durante esse período, em que se espera que haja maior flexibilidade por parte do importador países que compõem o bloco. Europeu. O setor cafeeiro foi um dos que participou do encontro em Brasília. Entre janeiro e junho deste ano, cerca de 53,4% das vendas externas dos produtores brasileiros de café foram para o mercado europeu, superando os 46,6% alcançados no mesmo período de 2023. — Estivemos em Bruxelas em junho e pedimos clareza no procedimentos aos representantes da UE. Houve o compromisso de publicar um guia para implementação da lei, o que ainda não foi cumprido. Trabalhamos nesse tema desde maio do ano passado — comenta Marcos Matos, CEO do Cecafé, que representa 95% dos produtores de café do Brasil, presente em 162 mercados ao redor do mundo. Segundo Matos, “tudo o que estamos fazendo é para reduzir os riscos do importador”. — A preocupação existe e precisamos esclarecer pontos. A demanda pelo café brasileiro está aumentando na UE e precisamos de garantias para evitar que os países sejam banidos — conclui o CEO do Cecafé. Mais Lidos
fazer empréstimo no bolsa família online
como quitar empréstimo consignado
refin o que é
refinanciar emprestimo
empréstimo consignado funcionário público
aposentado emprestimo caixa
empréstimo para militar
empréstimo consignado pan
0