Gestores de ações estão animados com empresas e avaliam que Ibovespa é termômetro ruim | Fundos de Ações

Na análise de Florian Bartunek, sócio-fundador e chefe de investimentos da Constellation, embora o mercado esteja ruim, muitas empresas vão bem. “Há qualidade na bolsa, comprando boas empresas que continuarão sendo líderes”, disse Bartunek em evento do Icatu nesta quarta-feira (3). “Estou relativamente animado”, disse ele.

Ele afirmou ainda que os bons gestores de fundos de ações venceram o CDI e o Ibovespa no longo prazo e que o mercado acionário brasileiro é cíclico. “O Brasil é essa história. Melhora um pouco, gasta mais, acaba na beira do abismo e alguém puxa para trás. O país nunca será espetacular, mas também não será tão ruim”, afirmou.

O sócio-fundador da Constellation disse que os estrangeiros que investem na gestora geralmente vão contra a corrente em relação aos brasileiros e conseguem ganhar dinheiro na bolsa brasileira porque pensam mais no longo prazo. “Os estrangeiros fazem um reequilíbrio ativo. Quando os brasileiros estão mais pessimistas, como agora, eles aplicam. Aí quando os brasileiros estão mais otimistas, eles pedem para se retirar”, disse.

Na opinião de Cesar Paiva, sócio-fundador e gestor da Real Investor, o Ibovespa é um mau termômetro para o mercado de ações porque inclui apenas as maiores e mais líquidas empresas. Ele afirmou que embora o Brasil não esteja facilitando o seu trabalho, está conseguindo comprar ações de empresas muito boas com descontos altos.

“As empresas em geral estão bem e os lucros deverão crescer cerca de 15% este ano. As empresas têm poucas dívidas e a concorrência é baixa”, afirmou. “Temos a tendência de dar muita ênfase aos caras que mandam no país e, infelizmente, são eles que mais nos atrapalham, mas quem faz o país são as empresas. Não sou um entusiasta do mercado de ações brasileiro no longo prazo, mas acho que há oportunidades”, afirmou.

Paiva afirmou ainda que “não está nada animado” com o fato de os títulos públicos pagarem 6,5% a mais de inflação em relação às ações de algumas empresas. “Todos sonham em voltar ao tempo de comprar as ações baratas que Barsi comprou, mas têm medo e não aproveitam as crises”, acrescentou. “É nesses momentos que deveríamos estar mais entusiasmados.”

Gabriel Raoni, gestor do fundo de ações da IP, destacou que é muito vantajoso ter uma carteira que combine ações brasileiras e estrangeiras, porque o Ibovespa está exageradamente concentrado em commodities e empresas do setor financeiro e o Brasil tem poucas empresas “extraordinárias”.

“Ter um portfólio equilibrado nos traz sobrevivência, tranquilidade”, afirmou. “Existe uma falsa percepção de que é preciso estar próximo dos executivos das empresas para conhecê-los mais a fundo. Com amplo acesso à informação, qualquer pessoa pode estudá-la”, afirmou.