Forças Armadas esperam ter 20% do efetivo formado por mulheres com alistamento feminino, diz ministro | Brasil

“Isso é uma coisa muito importante, o Brasil está atrasado. Estamos, desde que chegamos no ministério, negociando isso. Ouvimos outros países, temos alguns países vizinhos que estão mais avançados que o Brasil [nesse quesito]. Não é uma coisa simples. Então, estamos procurando desenvolver [essa possibilidade] agora. Temos que adaptar as instalações porque agora não virão trabalhar em hospitais, em consultórios. Agora eles vão lutar, vão receber o mesmo tratamento que um soldado, vão pegar em armas. É uma vitória muito grande”, disse Múcio.

O ministro falou à imprensa sobre o assunto após participar de cerimônia de comemoração dos 25 anos do Ministério da Defesa. Atualmente, as Forças Armadas contam com 37 mil mulheres, o que corresponde a cerca de 10% de todo o efetivo.

Com a adoção do alistamento, o número de oportunidades deverá aumentar gradativamente. Hoje, as mulheres trabalham nas Forças principalmente nas áreas da saúde, ensino e logística ou têm acesso à área de combate através de concursos públicos específicos em estabelecimentos de ensino.

Na prática, as mulheres que completarem 18 anos em 2025 poderão, pela primeira vez, alistar-se nas Forças Armadas. Inicialmente serão oferecidas 1.500 vagas, com recrutamento a partir de 2025 e incorporação em uma das organizações militares da Marinha, Exército e Aeronáutica, a partir de 2026. Por lei, o alistamento tem duração de 12 meses, podendo ser prorrogado a cada período de um. ano até um período máximo de oito anos.

De acordo com o decreto governamental, o período de alistamento ocorrerá entre os meses de janeiro e junho, mesmo período do alistamento masculino – e os voluntários deverão atingir a maioridade no ano da inscrição e também residir em município onde haja organização militar.

Apesar da incorporação das mulheres nas Forças Armadas, Múcio deu a entender que a sua entrada é importante para fortalecer o Exército em guerras “internas” e não externas.

“Nossas guerras são internas, lutamos no Amazonas, no Rio Grande do Sul, no Pantanal e vencemos as guerras. Nosso projeto é chegar a 20% [do efetivo]. Eu acho que o primeiro [mulheres] nos ajudará a encorajar outras pessoas. Inicialmente, [o alistamento será] em algumas cidades. No segundo ano haverá mais cidades e no futuro estará em todas”, concluiu Múcio.

Lugar de mulher é onde ela quiser

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) usou um bordão comumente usado por apoiadores do movimento feminista para celebrar o decreto que permite o alistamento feminino: “lugar de mulher é onde ela quiser”.

“[O decreto vem] reforçando a máxima de que lugar de mulher é onde ela quiser”, afirmou a presidente. “Sabemos que quanto mais diversificada for uma instituição, mais representativa ela será”.

Lula afirmou ainda que “poucas vezes em seus 25 anos de história o Ministério da Defesa foi chamado a travar tantas guerras como neste um ano e sete meses que estamos no governo”. Ele lembrou o papel dos militares na crise humanitária Yanomami, nas ações de apoio logístico e humanitário diante da seca no Amazonas e das enchentes no Rio Grande do Sul e nos “incêndios criminosos” no interior de São Paulo.

“Neste momento, sob a coordenação do Ministério da Defesa, as Forças Armadas atuam com bravura no combate aos incêndios criminosos em SP”, disse. “É por ações heróicas como essas que estou aqui hoje para comemorar com muito orgulho o 25º aniversário da criação do Ministério da Defesa”.

O decreto hoje assinado permite que as mulheres se alistem voluntariamente, tal como já acontece compulsivamente para os homens. Até agora, as Forças Armadas só recebiam mulheres dos cursos de formação de suboficiais e oficiais.